A batalha do Apocalipse - Eduardo Spohr

>>  segunda-feira, 4 de outubro de 2010


SPOHR, Eduardo. A batalha do Apocalipse: Da queda dos anjos ao crepúsculo do mundo. 5 ed. São Paulo: Editora Verus, 2010. 588p.

“Caíamos, despencávamos e não conseguíamos mais voar.
Abandonados. Expulsos. Renegados.”

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Esta é a história do mundo, desde sua criação até o toque da última trombeta. A história da batalha final entre os anjos e do fim da humanidade. É também a história da raça humana, de como ela nasceu e de como se corrompeu. É uma história de guerra, de ambição, ciúme e corrupção. Mas não deixa de ser uma história de amor. Impossível descrever a totalidade do que abrange esta obra, mas vou tentar contar um pouco do que te espera em A batalha do Apocalipse do brasileiro Eduardo Spohr.

Deus - o Senhor de Todas as Coisas - continuava imerso em profundo sono após ter concluído a criação do mundo, era o descanso do sétimo dia. Em sua ausência o céu e a terra eram governados pelos seus arcanjos. Miguel - o príncipe dos anjos - era o mais poderoso dos arcanjos e odiava a raça humana. Revoltado com o amor do Criador pelo ser humano, que fora dotado de alma e livre arbítrio, decidiu ir contra as ordens do Altíssimo e destruir todo homem que caminhasse sobre a Terra. Miguel enviou a Haled uma série de calamidades, com o objetivo de destruir aqueles seres feitos de barros. Os mortais sobreviveram a todas elas.

Diante dos desmandos e das atitudes irracionais do Príncipe dos anjos, um grupo formado por dezoito querubins e liderados pelo General Ablon planejaram por fim aos assassinatos de Miguel. Mas eles fizeram uma aliança perigosa e foram traídos por Lúcifer - a Estrela da Manhã -, o único que sabia do plano dos revoltos para libertar o paraíso da opressão a que era submetido. Os querubins foram então derrotados, expulsos do paraíso e condenados a vagar pelo mundo dos homens até o fim de todos os tempos. Ablon era agora o anjo renegado.

Lúcifer então arquitetou um terrível plano para derrubar o domínio de Miguel e uma segunda batalha aconteceu. Ao perder a batalha Lúcifer e seus seguidores foram lançados ao Sheol, conhecido como inferno, e lá permaneceram. Lá ele espera o dia de sua vingança final.

Muitos milênios se passaram, Ablon vagou durante séculos pela terra e conheceu todos os tempos. Ele acompanhou a queda de Constantinopla, o fim de Sodoma, a construção da Torre de Babel e a chegada do Salvador. Ele conheceu Shamira - a feiticeira de En-dor - uma poderosa necromante e juntos viveram grandes aventuras. Durante este tempo, o próprio homem reinventou as grandes tragédias e através de suas armas, buscaram a destruição. Eles provocaram o Armagedon.

Agora o fim esta próximo, quando o ciclo for completado Deus despertará de seu sono e todos serão julgados. O crepúsculo do sétimo dia se aproxima, as sete trombetas anunciarão o apocalipse e a última batalha será travada. Nela se decidirá o destino da humanidade e o domínio dos anjos. O general renegado poderá finalmente enfrentar antigos inimigos. Morte e destruição. O fim dos tempos se aproxima.

“A espada não vive sem o querubim, e o querubim não vive sem sua espada.
Ablon tomou a Vingadora nas mãos e apertou firme o cabo da arma.
Subitamente, um espetáculo maravilhoso ocorreu. A casa de pedra se esfarelou e sumiu como fumaça no ar. As rachaduras no metal fixaram-se sozinhas e a empunhadura voltou a reluzir. O aço retomou seu polimento, e as inscrições místicas na superfície da lâmina tornaram-se novamente visíveis. O anjo captou a poderosa aura de poder da espada, que era, em essência, a canalização de sua própria energia. 
Não precisava se esconder. Não tinha mais por que fazer isso.
Ele e a Vingadora Sagrada estavam juntos de novo.
O Primeiro General renascera.”

Alternando passagens do passado e aventuras no presente acompanharemos Ablon durante toda sua trajetória pela Terra. Em Babel ele conhece Shamira e durante séculos eles irão viver muitas aventuras e uma longa história de amor. Os constantes flashes para o passado deixam o leitor ansioso pela continuação da trama e ao mesmo tempo embasbacado com a rica aula de história. E para construir este enredo fenomenal o autor mistura passagens bíblicas, a história da humanidade e uma dose de mitologia. O resultado é extraordinário e difícil de descrever. Há muito tempo eu não lia um livro tão abrangente e rico culturalmente, mas ao mesmo tempo sem perder o encanto da ficção. 

Outro fator interessante é a crítica construída sobre o destino que os homens deram a Terra, com suas guerras, ambição e descuido com a natureza. No fim seriam os homens e suas armas nucleares que desencadeariam o fim do mundo. 

Os personagens principais são sedutores, envolventes e dos personagens mortais nenhum encanta tanto quando Shamira, a feiticeira. Forte, poderosa, ela acompanha Ablon em boa parte de suas aventuras. Passei o livro torcendo pelo seu romance com Ablon e fascinada com seus poderosos feitiços. De alguma forma pude sentir a ligação entre eles, juntos até o final mesmo o romance não sendo o foco principal do livro.

A forte personalidade de Ablon, a sua luta eterna pela sobrevivência e suas constantes batalhas épicas e fenomenais. Além dos arcanjos Miguel e Lúcifer, ficamos conhecendo Apollyon – o Anjo Destruidor – o maior inimigo do General. Os diálogos são de arrepiar, a descrição dos arcanjos e a personalidade deles indescritíveis. Lúcifer com todo seu poder de sedução, língua afiada e nem um pouco confiável. A força de Miguel. O poder de Gabriel – o Anjo da Revelação – também detentor de grande sabedoria.  

Para mim não foi um livro de fácil leitura, com o enredo abrangente e o vocabulário rico que demanda dedicação. Como não sou conhecedora da Bíblia, algumas partes me deixaram muito impressionada e várias vezes parei para pesquisar sobre alguns assuntos. E tenho que dizer que amei a leitura e a pesquisa, foi uma aula fascinante da história do mundo. Para ajudar no final do livro o autor disponibiliza um glossário com os personagens e uma linha do tempo. 

Imaginem acompanhar um personagem desde a criação do mundo até os dias atuais? Indescritível a sensação que o autor nos passa durante a leitura. Recomendo sem sombra de dúvida, não deixem de ler e conhecer a história do mundo por Eduardo Spohr. 

Eduardo Spohr é o autor nacional do mês de outubro no Viagem Literária. Aguardem que durante o mês teremos promoção e entrevista com o autor no blog.


Sobre o autor:  
Eduardo Spohr nasceu em junho de 1976, no Rio de Janeiro. Filho de um piloto de aviões e de uma comissária de bordo, teve a oportunidade de viajar pelo mundo, conhecendo culturas e povos diferentes. A paixão pela literatura e o fascínio pela História o levou a estudar Comunicação Social. Começou a trabalhar em agências de publicidade, mas acabou, gradualmente, migrando para o jornalismo. Formou-se pela PUC-Rio em 2001 e se especializou em mídias digitais. Trabalhou como repórter no Cadê Notícias, StarMedia e iG, como analista de conteúdo no Ibest e depois como editor do portal Click21. Hoje, além de seus projetos gráficos, é consultor de roteiros e ministra o curso “Estrutura Literária – A Jornada do Herói no Cinema e na Literatura”, nas Faculdades Hélio Afonso (Facha) do Rio de Janeiro.

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