A manhã seguinte sempre chega - Gabito Nunes

>>  quarta-feira, 7 de setembro de 2011

NUNES, Gabito. A manhã seguinte sempre chega. Belo Horizonte: Editora Leitura, 2010. 240p.

“Te quero me perguntando o que é desfragmentador de disco, testando uma receita com cenouras, me chamando de "peste bubônica", falando em estudar no Japão só pra testar minha insegurança. Te desejo aqui desafinando meu violão com música de bailão, furando o dedo no cactus do corredor, dizendo eu ser o motivo das tuas olheiras e folheando um catálogo da Avon.”

Tom e Vinícius sempre souberam que “tristeza não tem fim, felicidade sim”. Ou ainda o mais popularesco romântico, que dizia “tudo passa, tudo passará”. Quando há amor envolvido, a conclusão acima é inútil. É disso que fala Gabito Nunes em seu primeiro livro A manhã seguinte sempre chega.

Há algo mais, algo fronteiriço entre a ação do cupido e o momento em que a paixão se esvai. Gabito fala de todo ciclo de uma vida amorosa, do encontro ao desencontro. Do momento em que os olhinhos brilham até aquele ponto em que sucumbimos ao fim ou o negamos resolutamente.

N’A manhã seguinte sempre chega você vai ler várias crônicas, nas quais os mesmos sentimentos, ou melhor, o mesmo sentimento ― a vontade de amar ― se revela ao ritmo ditado pela maior das realidades: o cotidiano. A vida a dois, o sexo, a infidelidade, o recomeço, o desencontro, a rotina, o tédio, são alguns dos temas apresentados no livro.

Um livro para mulheres. Mas, uma reflexão que parece ser feita sob medida para os homens. Eu devorei o livro. É narrativa que prende, com humor (muito humor!), sarcasmo e ironia. Muitas histórias arrancaram gargalhadas, outras lágrimas, sempre porque me enxerguei ali. Algumas vezes eu tinha certeza: é minha história sendo escrita, perigosa e respeitosamente revelada. Aposto que você também vai se enxergar lá. É impossível não refletir sobre nossas escolhas depois de lê-lo. E já vou avisando: às vezes dói!

“Escrevo pelo meu amigo que tem intimidade para dividir o chuveiro com a namorada, mas não diz que a ama há mais de ano. Pelo amigo que adora Lenny Kravitz e emprestou um CD pra uma garota, quando na verdade ela queria convite para ouvir o disco em sua casa. Porque um amigo sai à noite com fins de "pegar" mulher, sem saber que mulher não se pega, se respira. Pela menina que levou três anos para perceber que amava o namorado e mais três para esquecê-lo, perdendo seis anos ao todo sem amar.”

Gabito escreve nas entrelinhas e me impressionou o quão forte é seu poder de análise ― sem que isso atrapalhe o ritmo da história contada. Escreve intensamente, sobre pessoas de verdade, sobre relacionamentos de verdade, sem jamais cair no romantismo barato, nem em regras e rótulos vazios. O amor está ali, naquelas páginas, além de qualquer controle filosófico, psicanalítico ou neurológico.

Além do livro, quem quiser saber mais sobre o autor pode acessar o site http://www.gabitonunes.com.br/, que movimenta 50 mil visitas por mês ou o blog do livro amanhaseguintesemprechega.blogspot.com. Tem também o twitter @GabitoNunes.

Avaliação (1 a 5): 
 

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