A cama na varanda - Regina Navarro

>>  quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

NAVARRO, Regina. A cama na varanda: arejando nossas ideias a respeito de amor e sexo. Rio de Janeiro: Best Seller, 2011. 479 p

 "No passado, havia a ideia de possessão e sacrifício pelo outro. A paixão significava uma escravidão. Embora haja pessoas ainda vivendo no passado, está surgindo uma nova dimensão do amor, em que há mais troca e a tentativa de um equilibrio, sem sacrificios."

A sexóloga e psicanalista carioca Regina Navarro Lins pesquisa as relações entre homens e mulheres há mais de 30 anos. A partir de experiências pessoais e profissionais, chegou à conclusão de que, na raiz da maioria dos problemas das pessoas, estavam as questões afetivas e sexuais. Dedicou-se ao assunto e, em 1995, lançou o livro A cama na varanda – Arejando nossas idéias a respeito de amor e sexo, no qual faz uma retrospectiva da história da sexualidade humana, do homem das cavernas até o século 20. O livro já está na sua 6ª edição, agora com o acréscimo de Novas Tendências - edição revista e ampliada.

No livro, ela mostra como o patriarcado conseguiu manter-se no poder durante tanto tempo, apesar de colocar homens e mulheres em campos opostos. Desde que foi lançado, provoca muita polêmica, principalmente, porque questiona a exclusividade sexual que nossa cultura associa ao casamento. Para ela, a ideia de associar fidelidade à sexualidade é um equívoco.

Regina já publicou dez livros, tem coluna em jornal e escreve em sites na internet, uma prova de que seu assunto é popular e nunca se esgota. No Best Seller A cama na varanda, ela aponta quais os caminhos do amor e do sexo no século 21. Fala de sexo e casamento, de machos e fêmeas, de fidelidade e traição. Os temas são questões cotidianas: todo mundo quer ser sexualmente feliz, mas a grande maioria ainda se prende a conceitos e preconceitos, que nenhuma revolução de costumes conseguiu resolver.

Depois de fazer um passeio pela história dos relacionamentos, chega-se a conclusão de que o amor romântico, calcado na idealização do conto de fadas, esta saindo de cena. A ideia de que é possível encontrar alguém que vai completar o outro, atender a todas as necessidades, vivendo num estado de fusão, onde nada mais no mundo interessa, aos poucos vai deixando de existir.

Falando de casos reais que Regina acompanhou no consultório, o livro mostra que vivemos um momento em que os padrões de comportamento tradicionais não dão mais respostas. Assim, abre-se espaço para cada um escolher a sua forma de viver. Ela defende que, a médio prazo, as crianças vão ser educadas com outros valores, e naturalmente vão ter uma nova visão do amor e do sexo.

Como a exclusividade nas relações tende a acabar, as pessoas vão aceitar com mais naturalidade que alguém tenha desejo sexual por várias pessoas. Será comum ter vários parceiros. Regina afirma que, no futuro é bem possível que se tenha um parceiro predileto para o sexo, outro para viajar, outro para a vida cultural. Vai diminuir o número de pessoas que queiram formar um casal fechado.

A retrospectiva histórica, que ocupa a primeira e segunda partes do livro, pode parecer um pouco delongada, mas é essencial para compreender todo raciocínio da autora. Os casos reais que ela apresenta nos capítulos seguintes são enriquecedores e ilustram muito bem tudo que é dito. O livro certamente causa polêmica, mata algumas de nossas curiosidades, provoca discussões acaloradas, mobiliza inúmeras reflexões, mas principalmente, mostra que dá pra tocar em todos estes assuntos com uma linguagem simples, direta e respeitosa.

O objetivo, segundo ela, é contribuir para uma mudança de mentalidade, para que as pessoas vivam com mais prazer. E aposta: no futuro, cada um vai poder escolher a sua maneira de viver a afetividade e a sexualidade. Amém, Regina.

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