Você tem meia hora - Camila Nascimento Silva

>>  segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

SILVA, Camila Nascimento. Você tem meia hora. Rio de Janeiro: Editora Subtítulo, 2011. 440p.

“Entre por essa porta agora
E diga que me adora
Você tem meia hora
Prá mudar a minha vida.”
Adriana Calcanhotto

Comecei a ler este livro sem saber nada do que iria encontrar na historia, não havia lido resenhas sobre ele, sabia apenas que era um chick-lit e pela sinopse não fugia muito do que normalmente encontramos neste gênero. E logo após os primeiros capítulos eu já estava encantada com a historia, que é mais que um chick-lit, tem momentos de suspense, de dor e claro, romance. Hoje no Viagem Literária conheçam Você tem meia hora da Camila Nascimento Silva. A Camila é a autora nacional do mês de fevereiro no blog.

Bia desde criança sonhava com a profissão que teria quando crescesse, ela queria ser comissária de bordo. Mas, o problema foi justamente a parte do crescer, pois a moça era muito baixinha para a profissão. Ela fez tudo o que podia, exercícios, alimentação, saltos número 15 e até palmilha no tênis para disfarçar. Claro que teve também muito estudo, mas no fim conseguiu. Hoje trabalha em uma companhia aérea nacional junto com sua melhor amiga Mariana.

Aos 29 anos Bia está feliz com a sua carreira e principalmente com sua vida pessoal. A três anos ela namora Arthur e moram juntos a mais de 2 anos, para Bia ela já é casada. Porém, na noite do réveillon e do início de sua tão programada férias sua vida conjugal desce pelo ralo. Sem muitas explicações, ela encontra os armários do apartamento vazios, Arthur com uma mochila nas costas e apenas algumas frases para ela. “Eu te amo, mas não mais deste jeito”. “Não da mais”. “Estamos terminando, estou indo embora”.

Ela claro, não entende nada. Para ela a relação era perfeita, mesmo com todas as ausências exigidas pelo seu trabalho cheio de viagens. Mariana não pensa assim, nunca gostou do moço e bem que avisou a Bia que “assistir as oitavas de final do campeonato brasileiro” não é considerado desculpa aceitável para perder o aniversário da namorada.

E agora com muito choro e muita vela Bia passa seus 20 dias de férias na maior depressão. São noites regadas a muito vinho seco e Toblerones. Fossa. Bebeu tanto na virada que acordou no hospital, salva por Mariana. Teimosa ela insiste que Arthur voltará em breve. Que só precisa esperar e claro, irá perdoá-lo. Afinal isso acontece com qualquer um...

“Eu tenho minhas dúvidas de que vinho seco seja bebida preferida de alguém, mas seria mentira demais levar uma bebida agradável e adocicada no estado depressivo em que eu me encontrava. Pessoas deprimidas não possuem o direito de apreciar bebidas saborosas, eu só estava levando vinho seco porque ainda não engarrafavam féu.”

“Especialmente os funcionários do mercado que deviam estar carecas de ver mulheres abandonadas como eu, andando a esmo pela seção de bebidas, com a cara inchada de tanto chorar. Deviam até passar a mensagem pelo rádio para toda equipe de segurança: mulher carente portando seis garrafas de vinho se aproxima do caixa 3, copia?”p. 31

Para Bia os quase 30 anos só significam uma coisa: “O que era para dar certo já tinha que ter dado, o que deu errado não dava mais tempo de consertar". Mariana tem certeza que a amiga só está fazendo drama e o que precisa é de uma mudança radical, afinal “até um pé na bunda te empurra pra frente”.

E é aí que surge uma grande oportunidade, a empresa em que elas trabalham acabou de se expandir para a Europa e Bia tem todas as chances de conseguir esta promoção. Ela acha que não, melhor esperar Arthur voltar... Mariana tem outros planos. Para ela Bia já está voando rumo à Londres e para uma nova vida.

"Me diverti mais que pinto no lixo" lendo este livro! No início da história vemos vários chichês, depois o enredo muda muito e foi impossível desgrudar do livro. Quando já estava acostumada com as risadas, a historia me fez chorar e quase não acreditei em alguns desdobramentos. Os personagens são ótimos, Bia é a protagonista mais divertida - mesmo no alto da sua depressão. Eu gargalhava com as metáforas que ela usa durante todo o livro:

“Era mais fácil passar no vestibular de medicina da USP do que desencalhar.”
“Eu, para variar, fiquei sem graça feito uma caipira sem dente.”
“Então Dyllan me olhou de uma maneira irresistivelmente sexy e eu me dissolvi feito um tablete de Redoxon na água.”

E depois temos Mariana, a melhor amiga que todo mundo gostaria de ter. A moça é inteligente, bola para cima e está sempre pronta a ajudar Bia com suas enrascadas. No decorrer do livro conhecemos Olli, o amigo homossexual, maquiador e maluco de Bia. Ao contrário de todos os gays dos livros que quase sempre vivem para ajudar as mocinhas, ele coloca Bia nas piores situações possíveis, mas é muito divertido. Olli saiu do Brasil há muitos anos, e eu morria de rir das suas gírias brasileiras da época da minha avó. Depois vem Dyllan, personagem merecedor do top piriguetagem literária deste ano. Lindo, alto, olhos verdes claros e sotaque australiano. Jornalista. Solteiro. Fofo e fazendo de tudo para se aproximar de Bia, que está com o coração partido e quer distância dos homens. O.O

O livro é bem extenso, mas a leitura flui rapidamente. Gostei muito da edição da Subtítulo, a capa poderia ser mais chamativa, mas a revisão está com uma qualidade muito superior ao que temos visto por aí. Eu devo ser meio tapada (ou estava tão empolgada com a historia) que só vi dois erros de digitação. Mas depois vi gente falando de erros nas resenhas do skoob, então não sei se tem mais.  

Resenha gigante, mas o livro merece. É um daqueles chick-lits que todos deveriam ler, é um romance que eu arriscaria indicar até para quem não é fã das comédias românticas estilo Meg Cabot, Marian Keyes e Cia. Eu espero poder ler outros trabalhos da autora, fiquei fã.

Camila Nascimento Silva é a autora nacional do mês de fevereiro no Viagem Literária. Em breve promoção e entrevista com a autora. \o/

Avaliação (1 a 5):

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