A garota de papel - Guillaume Musso

>>  quarta-feira, 21 de março de 2012

MUSSO, Guillaume. A garota de papel. São Paulo: Editora Verus, 2012. 348p. Título original: La fille de papier.

“Eu estava cada vez mais surpreso. Por que aquele tipo de coisa caía (era o caso de dizer) sempre em cima de mim? O que eu tinha feito para merecer aquilo? Sem dúvida eu estava um pouco chapado, mas não a ponto de pirar daquela maneira. Eu havia tomado apenas alguns soníferos, não LSD! De qualquer forma, talvez aquela garota só existisse na minha cabeça. Provavelmente não passava da manifestação sinistra de uma overdose de medicamentos que me fazia delirar.” p.59

O francês Guillaume Musso fez em sua historia o que todo leitor sempre sonhou, uniu à realidade com a fantasia e nos permite viajar junto com seus personagens. Sua forma de escrever é ágil e marcante, impossível não se envolver com a trama e não tentar desvendar o que está para acontecer. Este é o primeiro livro que eu leio do autor, mas dele temos publicados pela Bertrand os livros Estarás aí (2007), Porque te amo (2008) e Volto para te levar (2009); da Nova Fronteira E depois... (2005) e Socorro! (2006); da Prumo O que será de mim sem você?(2010). Hoje vou falar do mais recente lançamento do autor, conheçam A garota de papel de Guillaume Musso.

Tom Boyd, 33 anos, tornou-se um dos escritores de maior influência com sua famosa Trilogia dos anjos. O primeiro volume Na companhia dos anjos vendeu mais de três milhões de exemplares e os direitos dos livros já foram vendidos para o cinema. Assim como Harry Potter e Crepúsculo seus livros se tornaram um fenômeno entre os fãs.  O segundo volume também foi um sucesso estrondoso e agora os fãs aguardam ansiosamente a conclusão da série.

Tom prefere se manter isolado, acha que os leitores se apaixonam pelos livros e nada precisam saber sobre o autor. Porém a mídia pensa diferente, o autor está famoso e logo vira alvo das colunas sociais. Seu romance com a famosa pianista Aurore Valancourt, 31 anos, é coberto diariamente pelos paparazzi. Eles noticiam quando o autor compra um lindo anel de brilhantes para pedir a moça em casamento, falam da personalidade forte de Aurore que desfilou com os mais diversos pretendentes durante sua carreira. E é a mídia que também noticia a traição de Aurora, afirma que a moça encontra-se novamente solteira e a depressão em que mergulha o autor.

Tom Body é preso embrigado, Tom Body tem seu próximo livro adiado, Tom Body detido em Paris, Tom Body... sua vida virou um vendaval de decepções, o autor não consegue escrever, não consegue sair da profunda depressão em que se enfiou após a perda de seu grande amor e afunda-se na bebida e nos medicamentos.

Seu melhor amigo e agente Milo Lombardi não sabe o que fazer para tirar o amigo daquela enrascada, já cansou de tentar visitá-lo e de avisar dos prazos para o lançamento do terceiro livro. Tom não liga, ele só quer dormir novamente. Milo inclusive confessa a Tom seu grande erro com os investimentos do autor, fala que se ele não escrever o livro e rápido, ambos estarão acabados. Eles que conquistaram o sucesso depois de tanta luta estarão pobres novamente, derrotados.

Nem isto tira Tom da inércia em que vive, Milo e Carole - policial e amiga inseparável da dupla-  estão desesperados e sem saber o que fazer. Em uma noite Tom acorda de porre devido a quantidade de comprimidos que havia tomado e tem uma estranha surpresa. Encontra uma loura nua em sua casa, uma mulher que afirma ser Billie Donelly. O problema é que Billy é uma das personagens secundárias da Trilogia dos anjos. A moça afirma ter “caído” de um livro e acha que Tom precisa escrever o próximo livro para devolvê-la ao seu mundo.

“- Eu caí.
- Caiu de onde?
- De um livro. Da sua história, caramba!
Olhei para ela incrédulo, sem compreender uma única maldita palavra de seus devaneios.
- Caí de uma linha, no meio de uma frase inacabada - acrescentou, apontando, para me convencer, o livro sobre a mesa que Milo me entregara no almoço.” p.59

Juntos eles viverão uma grande aventura para recuperar o amor de Tom, para que enfim ele consiga escrever o último livro. Nesta busca ele descobre que as coisas não são como ele imagina, Tom precisa lutar para não perder tudo que tem e para enfim conseguir recuperar sua vida.

O romance com uma pitada de fantástico me lembrou um livro de outro autor francês Tudo aquilo que nunca foi dito do Marc Levy. Não conheço autores franceses o suficiente para afirmar que a trama ágil é uma particularidade do país, mas os livros têm grandes semelhanças. Ambos tem personagens ótimos e uma trama com um pé na fantasia que brinca com a imaginação do leitor até o final.

Em A garota de papel a narrativa ganha o leitor, o livro se desenvolve rapidamente e nos vemos envolvidos por toda aquela trama. Tom é um personagem patético em boa parte do livro, alguém que lutou muito para chegar onde chegou, mas que foi derrubado por uma mulher que o largou. O personagem está afundado em seu drama, sem nem tentar se reerguer. É ai que chega Billy, uma personagem alto-astral e decidida. A moça é bonita, veio de uma historia sofrida, adora reclamar com o autor sobre seus infortúnios e cai de cabeça na trama.

Impossível separar a ficção da realidade no contexto da obra, o leitor sonha junto e tece suas próprias teorias. Seria verdade? Billy era mesmo a personagem de um livro? Paralelamente a trama principal, vamos acompanhando a jornada de um exemplar do livro de Tom e os vários leitores pelo qual o livro passa. São historias de amor, de desilusão que vão sendo contadas junto com a jornada do livro.

Eu adorei a trama e os personagens, o livro é fantástico. Mas, algumas coisas poderiam ser melhor desenvolvidas. Tramas ágeis são legais, mantém o leitor preso ao livro, por outro lado muita coisa deixa de ser contada, ou são feitas em passagens muito corridas. Eu senti falta de saber o final da historia da Billy – dentro da trilogia dos anjos-, de contarem direito o final de Milo e Carole, entre outras coisas. Acho também que a trama muito ágil tira a emoção em alguns momentos, uma historia linda... mas que não chegou a me emocionar.

Eu adivinhei o final, mas isto não tirou meu encanto. Apesar de querer mais páginas dentro do livro eu adorei a narrativa e o enredo.  O autor fala também de bloqueio literário, de como um livro só toma forma quando está nas mãos do leitor e do papel do autor neste processo. Leitura imperdível para quem quer arriscar na carreira literária. O livro encanta leitores de qualquer idade, sem dúvidas eu indico. Leiam!!

Avaliação (1 a 5):

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