Cruzando o caminho do sol - Corban Addison

>>  quinta-feira, 31 de maio de 2012

ADDISON, Corban. Cruzando o caminho do sol. São Paulo: Editora Novo Conceito, 2012. 448p. Título original: A walk across the Sun.



“Não, não sofra, embora viva a escuridão de seus problemas,

O tempo não vai parar, e nem andar atrasado;
O dia de hoje que parece tão longo, tão estranho e amargo,
Breve estará esquecido no passado.” p.53

Quando comecei a leitura não imaginava que este livro iria me tocar tanto, o estilo me lembra um pouco O caçador de pipas e A cidade do sol, romances lindos e tristes na mesma medida. A história narrada é de ficção, mas o triste é que esta mesma historia poderia ser real para milhares de meninas no mundo. Conheçam e se emocionem com Cruzando o Caminho do sol de Corban Addison.

Chennai - Tamil Nadu é uma pequena cidade marítima na Índia, onde a família Ghai vive uma vida simples, feliz e repleta de amor. Em uma manhã de sol, um pequeno tremor se transforma em um grande pesadelo, quando um tsunami destrói a cidade. Ahalya, 17 anos, e sua irmã Sita, 15 anos, acordam e beijam os pés do pai, sorriem para a mãe, conversam com a avó e vão caminhar pela praia; aquela seria a última vez em que viriam a família viva.

Só as duas sobrevivem à fúria das águas, sozinhas, sem dinheiro e sem nenhum lugar para onde ir as irmãs tentam chegar ao St. Mary, o convento onde estudam. No meio do caos as irmãs correm perigo e não devem confiar suas vidas a qualquer um.

"O mundo podia roubar sua liberdade; podia acabar com a sua inocência; podia destruir sua família e arrastá-las por caminhos para além de seu entendimento. Mas não podia privá-las de sua memória. Apenas o tempo tem esse poder, e Sita iria resistir a todo custo.
O passado era tudo o que restava para ela. "

Thomas Clarke é um advogado que vive em Washington e tem grandes sonhos. Trabalha em uma grande firma e sonha em um dia se tornar juiz como seu pai. Mas sua carreira juntamente com uma grande perda acabou por destruir seu casamento, sua esposa Prya o deixou e voltou para a terra dos pais. Para complicar ele acaba virando o bode expiatório de um grande caso e é afastado por um ano do serviço.

Sem saber como agir, Thomas acaba aceitando trabalhar como voluntário em uma ONG na Índia, uma ONG que trabalha com o tráfico de crianças que muito novas são vendidas e obrigadas a se prostituir. O destino fará com que a vida destes três protagonistas se cruze, em uma história linda de amor e de esperança.

“- Você nunca ouviu falar sobre a pulseira de rakhi?...
Ela tentou organizar os pensamentos.
- É uma tradição indiana que remonta há milhares de anos. Uma mulher entrega a um homem uma pulseira para ser amarrada em seu pulso. A pulseira significa que aquele homem é seu irmão. Ele assume o dever de agir em sua defesa.”

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Esta foi mais uma das resenhas perdidas no note, mas espero que eu tenha conseguido retratar um pouco da minha emoção ao ler este livro. Cruzando o caminho do sol é uma das historias mais lindas e tristes que li este ano. O autor romanceia belamente uma historia que poderia ser real, no submundo do tráfico humano, com lucro estimado hoje em mais de 30 bilhões de dólares por ano.

Sita e Ahalya são personagens apaixonantes, a força de vontade e a fé destas meninas é um exemplo a se seguir. Elas perderam a família, perderam todos os bens e toda uma vida, e nunca desistiram. Eu me emocionei com elas, torci e chorei muito por elas. 

Já Thomas é um egoísta de marca maior, tenta consertar tudo através de mentiras e arruma desculpas para justificar seus erros. O personagem me irritou mesmo enquanto eu torcia pelo sucesso de sua empreitada, mas ele amadurece. Foi muito bom ver a mudança do personagem no decorrer do livro.

Apesar de extenso a leitura não é cansativa nem pedante, a narrativa é rápida e eu não desgrudei do livro querendo saber o que aconteceria a seguir. O autor consegue emocionar o leitor, eu ri, chorei e quase roí as unhas até chegar ao final. E terminei o livro já com vontade de reler, já sinto saudade das duas meninas.

Indico este livro sem dúvida, principalmente para o público adulto, tem algumas passagens pesadas e muito fortes para os leitores mais novos. Mas não deixem de ler por ter medo de uma historia triste, o livro não pode ser definido por isto, e sim por ser uma historia de amor, fé e esperança incondicionais. Leiam!

Avaliação (1 a 5):

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