Will & Will - um nome, um destino - John Green e David Levithan

>>  terça-feira, 30 de julho de 2013

GREEN, John; LEVITHAN, David. Will & Will – Um nome, um destino. Rio de Janeiro: Editora Galera Record, 2013. 348p. Título original: Will grayson, Will grayson.

“Tiny, grito, mas ele não se vira; continua saltitando. Eu não começo a saltitar atrás do rabo ensandecido dele ou coisa do tipo, mas meio que sorrio. Ele pode ser um feiticeiro malévolo, mas Tiny Cooper não está nem aí pros outros, e se ele quer se um gigante saltitante, então é seu direito como americano enorme.” p.63

Este foi um livro capaz de transformar uma terça-feira comum, em um dia muito, muito divertido. Eu passei vergonha em público - conta uma novidade -, porque ri alto no ônibus, Will Grayson, um deles, é cômico com todo seu humor negro. E para quem não sabe sobre o que eu estou falando, saiba tudo sobre Will & Will – Um nome, um destino do John Green e David Levithan.

Will Grayson é um adolescente como outro qualquer, bom seria, se seu melhor amigo não fosse Tiny Cooper, a pessoa mais gay do mundo. Will já está acostumado aos dramas do amigo, um cara enorme e gordo que joga no time de futebol da escola, mas ao mesmo tempo é sensível e está sempre apaixonado. Tiny é uma peça, e a prova disso será o musical que ele quer produzir na escola, baseado em sua historia. Já Will é um cara mais quieto e tímido, que tem duas regras na vida e acha que se ele as seguir, chorar é uma coisa totalmente evitável: 1 Não se importar muito com nada. 2 Calar a boca. E, inevitavelmente, quando ele deixar de segui-las, algo dará muito errado.

Além de Tiny, Will não tem muita companhia. Seu pais são médicos e estão sempre fora salvando a vida de alguém. Tem Gary, que anda com Tiny, e Jane. Jane que pode ser que seja hetero, e que talvez esteja afim de Will. Mas Will não está afim de ninguém, porque, como você já deve ter sacado, relacionamentos são complicados e ele prefere evitar.  Não que ele não goste de mulheres, e de sexo, ele gosta, só não está afim de ter que aguentar tudo que vem junto, sexo é supervalorizado.

“Sabe como as pessoas costumam dizer com frequência que seus pais estão sempre certos? ‘Siga o conselho dos seus pais, eles sabem o que é bom para você.’ E você sabe como ninguém jamais ouve esse conselho, porque, mesmo que seja verdade, é tão irritante e condescendente que só te fazer querer sair por ai e, tipo, desenvolver uma dependência de metanfetamina e fazer sexo sem proteção com 87 mil parceiros anônimos! Bem, eu ouço os meus pais. Eles sabem o que é bom pra mim. Honestamente, eu dou ouvidos a qualquer um. Quase todo mundo sabe mais que eu.” p.92

Will Grayson, o outro Will, é um menino meio depressivo que não tem muitos amigos e odeia o mundo a sua volta.  Seus pais se divorciaram, na maioria dos dias ele evita os diálogos chatos com a mãe e segue com sua vida miserável. Ele e seus remédios para gente doida, os antidepressivos. Ele fez até um comentário 'divertido' com a mãe sobre subir e se afogar na banheira sem os remédios, piada que ela não achou nada engraçada. Bom, Will, segundo ele mesmo, vive constantemente dividido entre se matar e matar todos a sua volta. O que acho que já diz muito sobre ele.

Will não tem muitos amigos, ele senta com os dois nerds da escola – Simon e Derek - no almoço, não que eles conversem muito. E tem Maura, que ele atura nos dias bons, a menina de sua sala que insiste em ser sua amiga. Mesmo que ele não a suporte. E, principalmente, tem Isaac, seu amigo virtual, por quem ele acha que está apaixonado.

“toda manhã rezo para que o ônibus escolar bata, e que todos morramos nos destroços pegando fogo, então minha mãe vai poder processar a empresa que fabrica ônibus escolares por não fazer ônibus escolares com cintos de segurança e conseguir mais dinheiro com minha trágica morte do que eu jamais conseguiria ganhar em minha trágica vida. A menos que os advogados da fábrica de ônibus possam provar para o júri que eu seria um fracasso garantido, então eles se livrariam do processo dando à minha mãe um Ford Fiesta usado e considerando a questão resolvida.” p. 33-34

“verifico meu email e é quase tudo spam, o que eu quero saber é o seguinte: existe mesmo alguém no mundo todo que recebe um e-mail de hlyywkrrs@hothotmail.com, lê e diz pra si mesmo: ‘sabe, o que eu preciso mesmo é aumentar meu pênis em 33%, e a maneira de fazer isso é enviar $69,99 àquela simpática senhora ilena da VIRILIDADE MÁXIMA CORP através deste conveniente link da Internet!’ se as pessoas caem mesmo nessa, não é com o pau que deviam estar preocupadas.” p.40

Até que em uma estranha noite em Chicago, os dois Will se encontram, e suas vidas se entrelaçam e se modificam.

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Tive que me controlar para não digitar metade do livro para vocês, eu morri de rir com algumas partes, todas com um bom humor negro, o segundo Will me matava de tanto rir, é daqueles livros de passar vergonha lendo em público, mas já contei isso lá em cima. O que eu não contei, é que até hoje não tinha lido nada do queridinho John Green, embora tenha o famoso A culpa é das estrelas em casa. Obviamente, agora quero ler os outros livros do autor. Já David Levithan, que eu também não conhecia, é um dos autores de Nick e Norah.

Eu adorei a leitura de Will & Will. Sim, é muito divertido e é uma leitura leve e rápida. Mas não foi só por isso; este é o primeiro romance homossexual que eu leio e gostei da forma como os dois autores abordaram o assunto. A narrativa é ótima, você sabe que é um garoto contando a historia, é muito diferente da forma como uma menina pensaria um relacionamento, por exemplo. Os diálogos são engraçados, Tiny é uma peça rara e rouba a cena. Quando você pega o livro para ler tem a impressão que o foco será nos dois Will, mas logo vê que Tiny é o âmago da historia. Apesar dos dois Will evoluírem, cada um encontrando algo que falta desesperadamente em sua vida, é Tiny que comanda o espetáculo.

Ah, outra coisa interessante, a sinopse deixa claro que dois Will irão aparecer na historia, que em algum momento eles irão se encontrar. Mas até lá, você fica um pouco perdido, ou como eu, lerda completamente na historia hehe. Acontece que os capítulos se alternam desde o início entre Will 1 e Will 2. E as mudanças de edição são mínimas, a única diferença é que nos capítulos do Will 2 não aparecem letras maiúsculas nunca. E eu demorei alguns capítulos para ver que eram os dois narrando, a narrativa não é linear, eles vão contando pequenos fatos de suas vidas e seus amigos e eu simplesmente misturei tudo. Até que aparece uma informação completamente divergente e eu voltei tudo para entender, e vi a minha burrice distração. Reli até algumas partes de novo, agora já sabendo onde era qual Will. :P

Nossa minha resenha está gigante, mas é impossível falar pouco sobre o que tem por trás desta historia. Apesar de ser um livro curtinho e onde tudo acontece muito rápido, eu adorei a mensagem. Os dois Will falam de amor, de amizade, de aceitar seus semelhantes sem preconceitos mesquinhos, sem julgar. Cada um a sua maneira eles aprendem e evoluem, eles são adolescentes e estão em uma fase de descobertas, eles demoram a ver que a vida pode ser diferente. Achei fofo demais! A única coisa que não amei é que achei o final meio exagerado, foi só para dar um climão e arrancar algumas lágrimas dos leitores... eu, obviamente, sendo uma delas. :) Não gostei muito também do subtítulo nacional "um nome, um destino", não acho que caiba na historia.

Este não é um YA tão diferente assim dos outros do mesmo estilo, mas a narrativa realmente me conquistou. Gostei dos personagens, você realmente vê a diferença entre os dois Will só pela narrativa e acredito que seja um mérito de ter dois autores narrando a historia. Os outros personagens também são ótimos, fui muito com a cara da Jane, não tanto com a da Maura. Tiny é muito "drama queen' para o meu gosto. Mas não acho que deva explicar aqui tudo sobre os personagens, o melhor deste livro são as descobertas do leitor.

Indico para quem gosta de YA e não tem preconceitos, nem de opção sexual nem de narrativa, aqui eles falam abertamente sobre várias coisas e muitos palavrões aparecem durante o livro,  mas nada forçado ou que tenha me incomodado. Ah leiam, é tãoooo fofo!!

Avaliação (1 a 5):

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