A lista negra - Jennifer Brown

>>  quarta-feira, 20 de novembro de 2013

BROWN, Jennifer. A lista negra. Belo Horizonte: Editora Gutenberg, 2012. 272p. Título original: Hate list.

“Chorei até meu estômago começar a doer. Tive certeza de que iria vomitar. Meus olhos pareciam estar cheios de areia e meu nariz estava completamente entupido. Mesmo assim, chorei mais um pouco. Não sei dizer o que se passava na minha cabeça enquanto chorava, apenas que tudo parecia, ao mesmo tempo, melancólico, escuro, detestável, infeliz e miserável. Só sabia que queria Nick e nunca mais queria vê-lo. Só sabia que queria que queria a minha mãe e que também nunca mais queria vê-la. Só sabia que, apesar de meu cérebro tentar se manter a salvo de si mesmo, eu também era responsável pelo que tinha acontecido naquele dia.” p.81

Um dos YA mais fortes que eu já li, se não o mais chocante. Uma historia de ficção que já foi verdade em tantas escolas, uma tragédia que poderia ter acontecido na vida real. O tema central do livro é o bullying; já estamos acostumados com vários juvenis abordando o tema, normalmente falando de um protagonista que sofreu na mão dos amigos e de como ele deu a volta por cima no final. Mas e quando isso não acontece? E quando algo triste e trágico é a consequência de tudo isso? Hoje vou falar sobre A lista negra da Jennifer Brown.

Valerie Leftman e Nick Levil eram dois jovens normais de uma escola pública americana. Eles não estavam na turma dos populares e por isso sofriam na mão dos colegas, mas os dois se amavam e a paixão por Nick era o que fazia Valerie aguentar as idiotices do colégio. Valerie estava cansada de sofrer bullying diariamente, dos insultos, das agressões. Ela odiava aqueles meninos metidos a besta, que se achavam melhor do que as pessoas comuns. E começou assim, como uma brincadeira, as pessoas horríveis iam parar no caderno, dia a dia eles acrescentavam novos nomes, naquilo que ela chamou de A lista negra.

“Christy Bruter, 16 anos – capitã do time de softball do Colégio Garvin, foi a primeira vítima e parece que foi um alvo escolhido. ‘Ele bateu no ombro dela’, diz Amy Bruter, mãe da vítima. ‘E algumas das meninas que estavam lá nos disseram que quando Christy se virou, ele disse ‘você está na lista há muito tempo.’ Ela perguntou, ‘o quê?’ e, então, ele atirou nela. Os médicos disseram que Christy, que foi atingida no estômago, ‘tem muita sorte de estar viva’. As investigações confirmam que, de fato, o nome de Christy era o primeiro de centenas da infame ‘Lista Negra’...” p. 28

Valerie desejou vingança contra aquelas pessoas, desejou do fundo do seu coração que algo de muito ruim acontecesse com elas. E foi o que aconteceu. Em uma manhã qualquer, seu namorado, Nick Levil, abriu fogo contra vários alunos na cantina da escola. Valerie acaba sendo baleada quando salva uma colega da morte, mas é responsabilizada pela tragédia, já que ajudou a elaborar a lista com o nome dos estudantes.  A lista dos que viraram alvos. A lista dos que morreram, dos muitos feridos.

E agora, cinco meses depois, Val está prestes a voltar a escola para terminar o Ensino Médio, assombrada por tudo o que aconteceu na escola. Ela irá enfrentar os colegas, precisa encarar seu relacionamento com a família, seus ex-amigos e a bagunça que sua cabeça se tornou. Ela está sozinha, perdida, machucada. Ela não sabe o que fazer, se sente tão perdida, tão culpada, sempre tão sozinha.

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Inesquecível. É até difícil explicar o que senti lendo este livro, ele é chocante, tão triste e tão verdadeiro. É uma historia que mostra os dois lados do bullying e as piores consequências possíveis para este ato. O livro tem personagens muito humanos e reflete sobre responsabilidade e perdão. Eu chorei por Valerie, chorei pelas vítimas, torci por Val  e fiquei chocada com muitas partes do livro.

Val se sentia tão perdida, tão sozinha que eu odiei quem fez aquilo com ela. Seu pai, o personagem mais idiota do livro, as vezes até sua mãe, que tinha boas intenções, mas tinha cada atitude sem noção. E Nick, seu amor, aquele que ela amou tanto e que foi o causador de toda aquela tragédia. Valeria sofria por amar Nick, quando devia odiá-lo como todos os outros. Sofria por odiar Nick, quando ele era a única pessoa que estivera a seu lado.

O livro faz a gente pensar, nas atitudes que todos tomamos sem pensar nas consequências e na bola de neve que elas podem gerar. No início você odeia firmemente aqueles alunos pelo que fizeram com Val e com Nick, eu pelo menos odiei todos os idiotas do fundo do meu coração. Claro que eles não mereciam morrer por isso. E ai, a autora mostra que não é tudo tão preto no branco, que as pessoas tem várias facetas e que, até quem sofre bullying, as vezes tem sua parcela de culpa pelo que está acontecendo.

A narrativa começa do futuro, já com o anuncio do tiroteio na escola em várias reportagens de uma jornalista sobre o assunto. E depois segue as memórias de Val, alternando entre seu futuro na escola e o passado, onde ela se lembra de como tudo começou. 

Este é um livro que todos deveriam ler, eu não consigo descrever todas as sensações que tive, mas é uma historia linda e triste, muito bem escrita e que passa uma imensidão de sentimentos ao leitor. Não sei como ainda não tinha lido, mas graças ao Clube das Chocólatras, ele finalmente saiu da pilha.

Um dos melhores livros que li este ano, vocês precisam ler!! Espero ansiosamente por outros livros da autora no Brasil. Quem leu não deixe de me contar sua opinião ^^ .

Avaliação (1 a 5):

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