O segredo do meu marido - Liane Moriarty

>>  segunda-feira, 23 de junho de 2014

MORIARTY, Liane. O segredo do meu marido. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2014. 368p. Título original: The husband’s secret.

"Era isso o que precisava ser feito. Era assim que se convivia com um segredo terrível. Apenas seguia-se em frente. Fingia-se que estava tudo bem. Ignorava-se a dor profunda, o embrulho no estômago. De algum modo era preciso anestesiar a si mesmo de forma que nada parecesse tão ruim assim, mas tampouco parecesse bom." p.237

O problema da verdade é que ela pode mudar tudo...”. A frase marcante já deixa o leitor inevitavelmente interessado, junte com a flor despedaçada da capa e temos uma combinação irresistível. O livro me chamou a atenção na Turnê Intrínseca, fiquei doida para descobrir o que me esperava em O segredo do meu marido da australiana Liane Moriarty.

Cecília Fitzpatrick é o pilar de sua comunidade em Sydney, a esposa perfeita, mãe de três lindas meninas, com um marido respeitável e trabalhador. Ela ajuda na escola, está envolvida nas atividades da igreja, é daquelas supermães, perfeita e organizada. Seu sucesso como vendedora de Tupperware é algo que ela considera natural. Cecília até acha que sua vida é tediosa demais, as vezes secretamente deseja um grande acontecimento, um drama para abalar o seu mundinho perfeito. Ah se ela soubesse...

Para minha esposa, Cecília Fitzpatrick
Para ser aberto apenas na ocasião da minha morte.”

Seu marido, John-Paul estava ainda bem vivo, em uma de suas longas viagens a trabalho. Mas a carta encontrada em uma caixa antiga no sótão parecia pulsar, atraí-la. Ela pensou em não abrir, isso era um exagero e era melhor deixar para lá. A ideia de abrir ou não a carta permeia na mente de Cecília desde sua descoberta.

Tess Curtis tem problemas maiores do que uma carta misteriosa. Depois de receber um telefonema da mãe, Lucy O’Leary, contando que havia quebrado o tornozelo, seu marido e sua prima - seus sócios- dizem que precisam conversar. Acreditando ser algo a respeito da empresa, Tess mal acredita quando Will diz que está apaixonado por Felicity; com olhos rasos d'água os dois afiram que tentaram com muito afinco não deixar isso acontecer. Arrasada, sentindo-se principalmente traída pela prima, que foi sua melhor amiga e companhia diária desde a infância; Tess pega o filhinho Liam e viaja para “cuidar da mãe”. A ideia é matriculá-lo no St. Angela, a escola de freiras que ela mesma frequentou quando criança.

Rachel Crowley é a secretária da escola com quem Tess precisa falar, mas ela mal consegue olhar nos olhos da mulher. Todos olham para aquela senhora simpática e veem uma mulher atormentada, e não podia ser diferente. Sua filha, Janie, foi assassinada na adolescência, e o crime nunca foi resolvido. Ela agora concentra todo o seu amor no neto de 3 anos, mas quando seu filho anuncia que irá se mudar com a família para os EUA, o coração de Rachel fica partido.

A vida dessas três mulheres irá se cruzar, e o que acontece a seguir, ninguém poderia prever. 

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Leitura excelente! Ótimos personagens, trama interessante e uma narrativa que prende o leitor até o final. No quesito romance/drama eu amei, achei muito interessante a forma como a autora construiu os personagens e lentamente foi estabelecendo relações entre eles. São vários dramas e problemas que se sobrepõem, a vida da família de Cecília é como um castelo de cartas prestes a desmoronar. Tess está amargurada e sofrendo pela dupla traição, enquanto Rachel nunca se recuperou da tragédia que destruiu sua família.  Eu senti pena das três, torci por elas, me angustiei com o que viria a seguir.

Sobre o suspense da trama, a carta misteriosa, eu esperava bem mais. Sem nem ler  a sinopse ou a orelha, normalmente não leio, eu saquei rapidamente qual era o segredo e o que aconteceria por causa disso. Tudo que veio a seguir foi previsível, até o final que muita gente comentou ter ficado de queixo caído tava bem óbvio, eu sempre saco essas coisas antes que aconteçam. A parte de suspense para mim não é tudo aquilo que comentaram, talvez por ser um gênero que leio bastante.

No geral é um ótimo livro, ideal que se leia sem saber muito sobre ele, para não estragar a surpresa. Até por isso não falei muito sobre o enredo nos comentários. Além das três mulheres, os personagens masculinos não são tão desenvolvidos, não me apeguei a nenhum deles. John-Paul por motivos óbvios, o seu tal segredinho sujo. Will porque é impossível gostar dele depois do que ele faz com a esposa, até o nome da prima é irritante, tomei birra da tal Felicity. Tem também o Connor, apesar do mistério em torno dele, foi um personagem que gostei muito.

É um livro interessante e eu indico para todos que curtem um romance/drama com uma pitada de mistério. Só não coloquem as expectativas lá em cima, não acho que seja daqueles imperdíveis ou a última bolacha do pacote rs. Vou ficar de olho na autora, com certeza quero ler seus próximos trabalhos. Leiam!!

Avaliação (1 a 5):

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