Caixa de pássaros - Josh Malerman

>>  segunda-feira, 12 de outubro de 2015

MALERMAN, Josh. Caixa de pássaros. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2015. 272p. Título original: Bird box.

“Criaturas, pensa Malorie. Que palavra boba.
Malorie nunca gostou dessa palavra. De alguma forma parece errada. Acha que as coisas que a assombram há mais de quatro anos não são criaturas. Uma lesma de jardim é uma criatura. Um porco-espinho também. Mas o que se esgueirava por trás das janelas cobertas e a manteve vendada não é do tipo que um exterminador de pestes poderia matar.
Bárbaro também não é bom. Um bárbaro é imprudente. Assim como um brutamontes.
Gigante não se pode provar. Elas podem ser tão pequenas quanto uma unha.
Demônio. Diabo. Vampira. Talvez tudo isso.
Capeta é bondoso demais. Selvagem, humano demais.
Será que sabem o que fazem? Será que querem fazer o que fazem?
Se não sabem o que fazem, não podem ser vilões.
São monstros, pensa Malorie. Mas ela sabe que são mais do que isso. São o Infinito.” p.56-57

Não abra os olhos. Um mundo inteiro cego, ou melhor, os que restaram no mundo. É com essa premissa que o autor estreante Josh Malerman - cantor e compositor da banda de rock High Strung (nunca ouvi falar :-P)-, se lança no mercado de terror/suspense. Com um thriller perturbador, onde o único companheiro pode ser o medo constante, conheça Caixa de pássaros.

Há alguma coisa lá fora... algo que ninguém nunca viu, pois basta uma olhada para a pessoa enlouquecer e ser levado a cometer uma violência mortal, contra quem está perto, contra si mesmo. Uma mãe matou os próprios filhos antes de se matar, um homem arrancou os próprios olhos, para todo lado, carnificina. Ninguém sabe o que provoca isso, ninguém sabe de onde vem, o que temer e como combater. Sem defesa só resta uma solução, não olhar para “aquilo”, a única solução é fechar os olhos, para sempre!

Tudo começou de forma rápida e inexplicável. Nos primeiros dias Malorie e sua irmã Shannon começaram a ver estranhas notícias na TV, de ataques isolados, suicídios violentos. Depois as pessoas começaram a cobrir as janelas, trancar as portas, ficar dentro de casa. Não se pode mais sair as ruas sem uma venda nos olhos. Um deslize, uma fresta de luz na janela, um olhar, pode ser fatal.

No meio de todo esse caos, Malorie descobre que está grávida. Ela precisa de ajuda, de proteção. Uma casa oferece isso, um anúncio no jornal ainda nos primeiros dias, quando ainda havia jornal e internet. Ela parte em busca de ajuda. Lá conhece Tom, Don, Cheryl, Jules, Felix. Eles formam um grupo unido, pronto para o que der e vier. Com muitas regras, tudo muito organizado para que não precisem abrir os olhos.

Quatro anos depois do que aconteceu na casa, Malorie precisa tomar uma decisão, continuar ali ou seguir viagem para um local onde pode ficar em segurança, afinal, tem dois filhos pequenos para proteger. O garoto e a menina foram treinados desde bebês, eles escutam tudo, eles não abrem os olhos, nunca. Eles não conheceram o mundo, só o medo. Uma viagem cega descendo o rio, um erro e estarão mortos.

O presente é aterrorizante, o futuro não trás esperança. De olhos vendados, partem rumo ao desconhecido.

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Difícil falar de um livro onde você não pode contar muita coisa, não vou poder explicar muitas das coisas que gostei e que não gostei. É um livro bem ame ou odeie, tem fãs entusiasmados e gente revoltado após o término, fiquei no meio do caminho, não amei, não desgostei. Achei mediano e explico o porquê disso.

O enredo é diferente, a trama surpreende e a narrativa prende. Você lê tentando entender o que estava acontecendo, apreensivo durante todo o tempo, principalmente pelos sobreviventes. Impossível não tecer teorias sobre o que tinha acontecido no mundo. Ao mesmo tempo, você imagina alguém andando as cegas para, por exemplo, buscar água diariamente no poço, sem saber o que está atacando todo mundo, a situação é bem aterrorizante.

Não sou lá fã de terror, sou medrosa, não assisto filmes assim nem morta, mas livros não têm esse efeito sobre mim. Provavelmente porque questiono tudo o tempo todo e não tem aquela coisa dos filmes, lugares escuras, música assustadora e tal. Inicialmente eu pensei que Malorie era uma louca varrida e torturadora de crianças.,e que aquilo tudo acontecia na sua imaginação (será?), depois pensei que era uma histeria coletiva, que as pessoas acreditavam tanto que iam enlouquecer se abrissem os olhos que realmente enlouqueciam (alguém?), mas depois tem uma cena que joga essa teoria por terra, afinal, e os cachorros? (só lendo para ver!).

O livro tem vários furos, não achei a narrativa tão boa assim e isso foi me fazendo desgostar. Um dos grandes, só como exemplo. Malorie passa todo o livro contando como eles nunca olhavam para fora, como eles só abriam os olhos dentro da casa, com todas as janelas cobertas. Aí ela resolve partir com os filhos em busca de ajuda porque tinha uma grande neblina do lado de fora e não dava para enxergar nada, ela se sentiu escondida das “criaturas”. Mas, gente, como ela viu que tinha neblina para começo de conversa? Humft. E por aí vai.

Muita gente falou que “os fãs do Stephen King vão adorar”, tem até uma frase dessas na contra-capa. Mas, me desculpe quem amou, não chega aos pés do King. O mistério em si realmente poderia ser coisa bem ao estilo dele, mas a narrativa, o pano de fundo, os personagens, tudo deixa muito a desejar. Não senti empatia por nenhum deles, não me apaguei aos personagens ou sofri por eles. Tem cenas terríveis e eu não me emocionei nem uma vez. Faltou aquele brilhantismo de construir personagens que faça com que o leitor importe se eles partirem dessa para melhor rs.

O final é o  X da questão, do amei de paixão ou joguei na parede de frustração.  [PULEM ESSE PARÁGRAFO SE NÃO QUISERAM SABER SPOILER SOBRE ISSO] De certa forma eu entendi o que o autor quis fazer, ele quis que o leitor tirasse suas conclusões, e quis na verdade mostrar que o que tinha lá fora não importava, importava como o mundo reagiu a isso. Mas você ler um livro todo para no final não saber que p**** tinha lá fora? No mínimo frustrante. Mas cá para nós, não tinha nada que ele inventasse que fosse uma explicação boa para isso. É tudo muito louco, tem muita droga envolvida para escrever algo louco assim hahaha.

Enfim, quem leu, por favor, me conte o que achou. Eu indico para quem curte o estilo, mas pessoalmente, esperava bem mais do livro.

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