O chá do amor - Jennifer Donnelly

>>  segunda-feira, 14 de novembro de 2016

DONNELLY, Jennifer. O chá do amor. São Paulo: Editora Planeta do Brasil, 2009. 584p. (The tea rose, v.1). Título original: The tea rose.

“Joe pegou a mão dela e apertou-a tanto que doeu. Ele tentava falar, mas as palavras não saíam. Abaixou a cabeça e chorou. Fiona ficou tão amedrontada que perdeu a fala. Só o tinha visto chorar uma vez, por ocasião da morte da avó dele. O que teria acontecido? Será que alguém tinha morrido?
- Amor, o que é isso? – ela perguntou com a voz trêmula. Pôs os braços em torno dele. – O que há de errado? É sua mãe? Está tudo bem com seu pai?
Ele a olhou com os olhos cheios de lágrimas.
- Fiona... eu fiz uma coisa horrível.” p. 149

Esse livro é incrível! Uma história diferente, forte, extremamente bem escrita... mas não é para os fracos rs. Acho engraçado que a sinopse do livro começa dizendo que ele foi chamado de “excepcional” pelo Booklist e de “muito divertido” pelo Washington Post. Não sei se “muito divertido” quer dizer que prende o leitor que quase arranca os cabelos e fica sem unha durante a leitura... porque gente, é muito drama. De divertido aqui não tem nada :-P, mas... confiram o que achei de O chá do amor da Jennifer Donnelly.

Na Londres de 1888 o grande número de operários e imigrantes, principalmente Irlandeses, sofriam na mão dos donos das fábricas. As famílias mal ganhavam o suficiente para sobreviver. Os assaltos e a prostituição eram comuns nas ruas da cidade. Nesse cenário desolador, surge um assassino sanguinário. Ele ficou conhecido como Jack, o estripador e apavorava toda a cidade. Próximo as águas do Tâmisa, os operários das fábricas e das docas trabalham em parar para ganhar o pão de cada dia.

Fiona Finnegan tem 17 anos e tem grandes sonhos. Como muitos jovens, ela e o namorado, seu amado Joe Bristow, sonham com um futuro melhor. Ela trabalha por longas horas na fábrica de chá, ele trabalha para o pai, na barraca de verduras do mercado. Os dois almejam abrir uma loja de chá no futuro, e poupam tudo o que podem com esse objetivo. Eles querem se casar, abrir a primeira loja e várias outras em seguida, e um dia enriquecer. Kate, a mãe de Fiona, acha que a filha sonha demais e pode se decepcionar, já o pai, Paddy, acredita em mudanças, é um dos primeiros a se afiliar no sindicato dos trabalhadores das docas. Além dos pais, Fiona vive com seus três irmãos: Charlie, o mais velho, o pequeno Seamie de 5 anos e a bebê Eileen.

Quando Joe consegue um novo emprego, junto com um rico empresário, Fiona sabe que ele está pensando nos dois, mas no fundo fica enciumada. Ele estará longe dela trabalhando na cidade e ainda por cima, estará perto de Millie, a filha riquinha do patrão que sempre tentou se aproximar dele. Mas falta pouco para juntarem a quantia necessária, Fiona precisa ser forte. Porém, as ações de um homem ganancioso e de uma mulher mimada, mudam o futuro de Fiona. Desesperada, temendo por sua própria vida, ela é forçada a tomar uma atitude extrema, com consequências duradouras.

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Maravilhoso! Esse é daqueles romances que prendem o leitor logo no início. É incrível como em um capítulo o leitor já foi conquistado por Fiona, Joe e toda a família dela. Os dois têm uma vida difícil, mesmo assim são trabalhadores ambiciosos e sonham com um futuro melhor. Fiona então, é a legítima gata borralheira, nunca vi alguém sofrer tanto! Coitada, quando eu achava que agora não dava mais para piorar, dá-lhe mais tragédia. Apesar do drama, não temam, não é um livro triste. É um romance lindo, uma história de vida impressionante.

No início tem o romance lindo dos dois e a vaca da Millie se metendo. Achei Joe inocente demais para o meu gosto, ele não merecia o que veio a seguir, mas também agiu como um tolo desavisado. Na página 149 (essa da citação inicial) meu coração quase se partiu, fique tão revoltada que queria tacar o livro longe. E logo depois descobri que “nada é tão ruim que não possa piorar”, coitada dessa moça!! Eu sofri com Fiona, torci muito por ela, queria pegá-la e coloca-la em um potinho para proteger.

O livro é dividido em três partes, a narrativa em terceira pessoa se alterna entre vários personagens. Na primeira parte temos Fiona com a família em Londres e todas as dificuldades enfrentadas. Na segunda parte o núcleo muda radicalmente, vários personagens novos entram e tudo fica muito bom. Evitei contar o que acontece na resenha, então não vou falar muito. Mas amei Nick – melhor personagem masculino ever, melhor amigo de todos e maior amor platônico que eu já li, lindo e emocionante tudo o que aconteceu -, e fiquei na dúvida entre gostar ou não de Will.... Na terceira parte, tudo muda de novo, tem um salto temporal de 10 anos aí e eu quase tive um treco de nervoso.

A autora escreve muito bem. É um romance histórico que se inicia na Londres de 1888. As primeiras disputas trabalhistas, a formação dos sindicatos, a pobreza e o grande número de imigrantes na cidade. Como pano de fundo, temos também o serial killer conhecido como Jack, o estripador. Tudo é muito bem ambientado, as mudanças sociais, as características de cada época e classe social. O livro é bem grande, mas não senti as páginas passarem, devorei a leitura. Não é uma leitura lenta ou tediosa, pelo contrário, são tantas reviravoltas que perdi até o fôlego. E o drama é de cortar o coração, eu quase roí as unhas de angustia em várias cenas.

Falando sobre os aspectos negativos, não gostei muito de um dramalhão que fizeram, achei o grande número de desencontros e todas as cenas de ação no final meio exageradas. Alguns personagens coadjuvantes também foram deixados de lado, como Will e Millie, não gostei muito da forma como isso aconteceu. O final mesmo foi um pouco corrido, fiquei querendo mais. Porém, o livro é o primeiro de uma trilogia, o segundo conta a história de um dos coadjuvantes, e tenho certeza que alguns personagens desse volume irão aparecer lá também.

O livro é perfeito, a única má notícia é que ele é quase impossível de achar para comprar. Caro e sempre esgotado. E o pior, só lançaram o primeiro aqui. Embora sejam romances independentes, estou louca para ler os outros volumes também. Oremos para que saia no Brasil, tomara que por oura editora, que trabalhe melhor a autora, ela merece. Essa capa não reflete o que o livro promete, está longe de ser um romance água com açúcar.

Uma das melhores leituras do ano, sem dúvidas eu indico! Leiam!!

Adicione ao seu Skoob!

Trilogia The tea rose da Jennifer Donnelly:
  1. O chá do amor (The tea rose)
  2. The winter rose (os demais não lançados no Brasil)
  3. The wild rose.

Avaliação (1 a 5):


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