Todo dia - David Levithan

>>  quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

LEVITHAN. David. Todo dia. Rio de Janeiro: Galera Record, 2013. 280p. Título original: Every day.


Antes desse livro, eu só tinha lido Will e Will e um conto do autor em Deixe a neve cair. Amei ambos. Então estava louca para ler Todo dia e ver se iria continuar apaixonada pelos livros de David Levithan. Vamos conferir?

A” acorda todos os dias em um corpo diferente. Sem escolha, sem aviso sobre qual será, onde será. Não importa se é menino ou menina, branco ou negro, gordo ou magro, hétero ou gay, doente ou saudável. Não importa! Inevitavelmente, ao final do dia ele deixará o corpo e passará a habitar outro no dia seguinte. Apenas uma coisa é recorrente. Todos os corpos são de adolescentes da idade de A, 16 anos. Nada de acordar no corpo de um bebê num dia e no de um idoso no outro. O personagem tem basicamente 3 regras, depois de passar por isso durante 16 anos: 1) Não danificar física e emocionalmente o corpo que está habitando naquele dia; 2) Nunca, jamais, se envolver com o corpo ou a vida da pessoa, tampouco tentar modificá-la; 3) Não deixar rastros.

Até que no dia 5.994 da existência de A, ele está no corpo de Justin, que tem uma namorada, Rhiannon. Ao chegar ao colégio, a primeira coisa que A percebe de dentro da cabeça de Justin é a forma como ele trata a namorada, e essa forma não o agrada. Ele acaba gostando da namorada de Justin e decide que, apenas naquele dia, irá quebrar as regras e dar a Rhiannon um dia perfeito. Eles se divertem, curtem o dia e, ao final, como sempre, A se vai do corpo de Justin, mas isso, é claro, Rhiannon não sabe.

Acontece que, depois desse dia, A não consegue mais tirar Rhiannon da cabeça, não consegue apagá-la de sua memória como faz com as demais pessoas que o cercam durante o dia em que habita determinado corpo. Ele passa a arrumar meios de estar com ela, independentemente do corpo em que esteja e da distância que tenha acordado (algumas vezes, ele acorda a 4 horas de distância da cidade em que ela mora).

Não aguentando mais estar com ela sem ela saber, A decide contar para Rhiannon quem ele realmente é. Ele a ama e quer arrumar meios de fazer com que deem certo juntos. Mas como fazer isso? Como fazê-la acreditar? Como livrá-la do relacionamento já falido que tem com Justin?


E, afinal de contas, o que/quem é A?

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O livro traz frases de efeito sem ser clichê. A forma como A vê a vida e apreende com os erros, com as experiências dos corpos que habita, é inspiradora. Ele é um personagem apaixonante, apesar de ser possível vê-lo apenas pelos corpos em que ele se apresenta diariamente. Mesmo assim, como o corpo em que ele está age sempre ao comando dele, não tem como não gostar de sua personalidade e se divertir e sofrer junto com A.

Já quanto a Rhiannon, eu gostei dela, mas, às vezes, a forma preconceituosa com que ela reagia aos corpos de A me incomodava. Uma coisa é você não conseguir se apaixonar por um corpo porque ele não faz seu tipo e tals, isso eu entendo. Outra coisa diferente é o ar que ela tinha de preconceito ao lidar com determinados biotipos, como o garoto que pesava 150 kg e a menina que era transgênero. Essa foi a forma como a enxerguei em determinados momentos, mas quem leu é livre para discordar de mim. 

Os coadjuvantes passam pelo livro tão rápido que não dá tempo de se apegar a eles. Até mesmo o Justin "verdadeiro" e a melhor amiga de Rhiannon, Rebecca não têm participação memorável.  

O enredo em si eu curti bastante. A premissa também foi muito boa sobre as várias formas de se amar alguém não importando o gênero, cor, tipo físico. O que importa sempre é o amor e o que você é capaz de fazer para ficar com a pessoa.

Agora vem a parte negativa de tudo. Você deve estar querendo saber (eu também estaria) quem ou o que afinal de contas é A? Bom. A primeira coisa que você precisa saber é que A é um nome que ele próprio se deu. Ele queria algo puro, sem igual, então se autonomeou “A”. A segunda coisa é que nem A sabe o que é e já desistiu há tempos de entender sua condição. Dito isso, cabe dizer que, assim como você, caro leitor, eu continuo querendo saber quem ou o que é A. Isso mesmo, você não leu errado.

Em determinada parte do livro, mais para o final da história, A encontra alguém que talvez tenha a resposta para o que/quem ele é e até mesmo para dizer se há um jeito de ficar livre disso para sempre. Então eu pensei: “Eba! Agora ele vai poder correr atrás disso e ficar com Rhiannon!”. Mas aí o livro termina e pronto, simples assim! Terminamos sem uma explicação e, ainda por cima, o autor deixa o final em aberto para que seja interpretado a critério do leitor. Do tipo: "Entenda como quiser". Aí o leitor usa a imaginação como melhor lhe convier.

Não gosto de finais assim, acho que já até disse isso em outras resenhas e, justamente por não curtir esse tipo de final, ele vem me perseguindo. Não quero imaginar o que aconteceu. Quero uma resposta!

Isso leva você a se perguntar o que será que aconteceu entre A e Rhiannon. Eles ficaram juntos? O que vocês precisam saber sobre isso é que até agora estou me perguntando qual a necessidade do que aconteceu.

Então, foi um livro sem maiores erros ao longo da história, mas com um final que não colou. 

Em 2015 foi lançado o livro Outro dia, com a versão da Rhiannon para os acontecimentos, mas ainda não li. Não sei se lendo vou gostar mais ou menos da personagem. Acho que só lendo para saber, certo? ;)

Todo dia foi adaptado para o cinema e estreia em fevereiro nos Estados Unidos. Ainda não há previsão de estreia aqui no Brasil, mas vamos torcer para que não demore! 

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Avaliação (1 a 5): 3,5


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