Dias de despedida - Jeff Zentner

>>  segunda-feira, 26 de fevereiro de 2018

ZENTNER, Jeff. Dias de despedida. São Paulo: Editora Seguinte, 2017. 392p. Título original: Goodbye days. 

"Há vida por toda parte. Pulsando, zunindo. Uma grande roda que gira. Uma luz se apaga aqui, outra a substitui ali. Sempre morrendo. Sempre vivendo. Sobrevivemos até não sobrevivermos mais. Todos esses fins e começos são a única coisa realmente infinita." p.91 

Eu já sabia que seria triste, que eu iria chorar horrores... a sinopse já diz tudo. Mas não achei que eu iria sofrer tanto, desde a primeira página eu queria mudar a história toda, queria que aquilo não tivesse acontecido... Hoje vou falar de Dias de despedida do Jeff Zentner.  

Carver briggs, 17 anos, teve sua vida destruída por enviar uma única mensagem: "Cadê vocês? Me respondam." Um de seus amigos que estava dirigindo tentou responder, e foi assim que seus três melhores amigos morreram.  Claro, que ele não consegue parar de se culpar pelo que aconteceu, e tudo piora, quando o pai de um de seus amigos, um juiz, quer que ele seja acusado de assassinato.  

Blake Lloyd era seu melhor amigo, e sua avó Betsy, provavelmente diria que não foi sua culpa. Os pais de Eli Bauer, diriam talvez. Eles não o acusaram no velório de Eli, mas também não foram muito amistosos. Já a irmã gêmea de Eli, Adair, o odeia profundamente. O pai de Mars Edwards é o juiz que quer acusá-lo pelo crime.  

No meio de toda tristeza, solidão e desespero, Carver tem alguns aliados. Sua irmã e melhor amiga, Georgia, que faz de tudo para ajudar, mas em breve vai estar longe, na faculdade. Além disso ele começa a se aproximar de Jesmyn, a namorada de Eli, e sua única amiga na escola. E até o Dr. Mendez, o terapeuta que sua irmã o obrigou a procurar, depois que começou a ter horríveis crises de pânico.  

Quando a avó de Blake, pede para que ele faça um "dia de despedida" com ela, para fazer todas as coisas que o amigo mais gostava, ele reluta. Mas isso começa a mudar tudo. Ele só não sabe se isso pode melhorar as coisas, ou deixá-lo mais perto de um colapso, ou pior ainda, da prisão.  

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Não tem como essa história ter um lado alegre e feliz, não é uma história de redenção, não vai tudo ficar legal para o Carver e etc e tal. O autor abordou a perda de forma muito real, e isso é o melhor do livro. É um drama que fala de perda, da dor, da forma como tudo em algum momento vai melhorar aos poucos, mas nunca vai deixar de doer. É um livro sobre o luto. Foi triste, foi sofrido, foi de partir o coração. Eu chorei litros pelo Carver, chorei mais ainda por cada um dos três adolescentes que tinham uma vida inteira pela frente. E para mim, o autor transmitiu muito bem todas essas mensagens. 

Entre flashs do dia a dia normal dos garotos no passado, e lembranças deles contadas por Carver e seus pais no futuro, vamos conhecendo aos poucos cada um dos três: Blake, Eli e Mars. O livro é narrado de uma forma, em que na maioria das vezes, Carver passa a coadjuvante, deixando para os amigos que perdeu, o centro da história. Partiu meu coração ver tudo o que eles eram e que poderiam ter sido, o tempo todo eu queria voltar no tempo, e como Carver, queria que aquela mensagem não tivesse sido enviada, ou que o acidente não tivesse vítimas fatais, ou mesmo, que não tivesse acontecido. Mas aconteceu, e está lá, três garotos de 17 anos mortos, garotos incríveis, como uma vida inteira pela frente.  

Eu amei cada linha, só não dei nota máxima e favoritei, porque alguns diálogos foram meio bobos, e não curti muito a relação de Carver e Jesmyn no presente. Achei a menina sem sal toda vida, e como todos na história, achava que ela era a namorada de Eli, e não a paixonite de Carver.  

Voltando ao centro do livro, esse crime realmente existe nos EUA. Se ficasse provado que Carver mandou a mensagem de celular, sabendo quem estava dirigindo e que o amigo estaria provavelmente dirigindo naquela hora, ele poderia ser acusado de homicídio criminalmente negligente. Ele mandou a mensagem apenas para Mars, porque Mars era quem sempre respondia mais rápido, até mesmo, quando estava dirigindo... Isso o torna culpado? Não aos meus olhos, mas aos olhos de muita gente sim, principalmente de quem estava sofrendo a perda de entes amados.  

Esse é um livro muito interessante para se trabalhar com o público jovem, fala de dor, de perda, do sofrimento e do luto de forma muito honesta. Não tem meias palavras, não tem solução mágica. Tudo tem seu tempo e sua hora. O autor também aborda os problemas psicológicos de forma muito tranquila, pela primeira vez eu realmente gostei da participação de um terapeuta em uma história. Muita gente tem preconceito quando se fala em procurar ajuda de psicólogo/psiquiatra (eu inclusive) rs. E o livro mostra isso de forma muito positiva. 

Eu amei a leitura e indico para todos que gostam de literatura jovem adulto, e de histórias mais fortes. O livro passa uma mensagem muito positiva, mesmo tratando de um tema tão triste. Leiam!! Quem leu não deixe de compartilhar aqui o que achou. ^^  

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Avaliação (1 a 5):  4.5


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