A grande jogada - Molly Bloom

>>  quarta-feira, 13 de junho de 2018

BLOOM, Molly. A grande jogada.  Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2018. 272 p. Título original: Molly´s game: From Hollywood Elite to Wall Street´s Billionaire Boys Club, My High-Stakes Adventure in the World of Underground Poker.  

Livro autobiográfico nunca me chama muito a atenção. Porém, desde que comecei a me aventurar na escrita de resenhas, já li vários livros tanto biográficos quanto autobiográficos, e agora me limito a escolher sobre qual vida eu vou querer saber. Uma delas foi a de Molly Bloom. Já tinha ouvido falar da história quando o filme homônimo foi lançado, e a curiosidade em relação ao livro só aumentou. Agora que venci a curiosidade usando fichas de pôquer, conto para vocês minhas impressões.

Molly Bloom é a única menina entre três filhos de um pai rigoroso e uma mãe superamável. O pai acha que os filhos serão algo na vida se praticarem esportes, o que leva os três filhos a se tornarem amantes do esqui. Os três se tornam tão bons que passam a competir na equipe nacional, até o dia em que Molly descobre que sofre de escoliose e precisa operar. Após a cirurgia, sentindo que ainda é pressionada pelo pai e pela paixão dele pelo esporte, Molly compete por mais um tempo, até que o pai lhe diz claramente que ela não deve continuar, e sugere, sem pressão, que ela deveria fazer Direito. Logo no início do curso, ela sente que esse não é seu caminho e decide tirar um ano sabático em Hollywood.

Um amigo aceita hospedá-la apenas por alguns dias e, como os pais não aceitam bancar a sua “fuga”, ela já chega em Hollywood procurando emprego, mas ou não há vagas, ou as vagas que existem são bem suspeitas, como trabalhar como garçonete e atender como “vip” alguns clientes caso eles gostem de você.

Um dia, ao sair correndo e chorando humilhada de seu primeiro emprego em uma lanchonete, por não aceitar se submeter a atender um “cliente vip”, Molly conheceu Reardon, aquele que iria dar uma mãozinha para que ela se tornasse a responsável pela mais famosa mesa de pôquer de todos os tempos.

Quando ela começou a trabalhar para Reardon (que tem dois sócios, Sam e Cam), ele a tratava como uma Zé Ninguém, de forma bem humilhante, mas Molly, ao invés de se sentir desestimulada, chutar o balde e largar tudo para lá, entendia que, na verdade, seu chefe lhe tinha em alta conta e confiava que ela se tornaria alguém maior.

E não estava errada, pois em pouco tempo ele a chamou para acompanhá-lo nos jogos de pôquer que comandava secretamente nas noites de terça, em um de seus bares. A lista de convidados era formada basicamente de famosos e pessoas da alta sociedade hollywoodiana. À primeira vista, Molly se encanta com tudo o que vê e com a adrenalina do jogo, e, aos poucos, assume tudo e se torna a maior organizadora das sessões de pôquer naquele (e em outros) estabelecimento, das quais todos querem participar. Molly ganha cada vez mais dinheiro e vai se embrenhando ainda mais por um caminho que pode até ter volta, mas pode se mostrar muito perigoso, ainda que aparentemente não seja ilegal.

E o que seria apenas um ano de descanso se torna uma nova vida para Molly, sem prazo para terminar.
                                  
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O livro é narrado em primeira pessoa pela própria Molly. Apesar de saber que se trata de uma história real, na maior parte do tempo tive a sensação de que estava lendo uma ficção, pela forma como Molly conta sua história.

Embora, obviamente, só tenhamos acesso ao ponto de vista de Molly, simpatizei muito com ela, mesmo que para mim ela tenha forçado a barra ao se submeter e aceitar as situações que enfrenta para chegar aonde chegou. E, para ser sincera, acho que no final das contas nem compensou tanto assim. Enfim!

Reardon, o patrão, mesmo que tenha ajudado Molly a se tornar quem se tornou no mundo do pôquer, é o babaca dos babacas, e eu possivelmente jamais o consideraria uma pessoa querida se fosse meu chefe, rs. Ainda que Molly tenha aprendido muito com ele, ela teve muito sangue de barata frio pra comer o pão que o diabo amassou, trabalhando para um cara como ele.

Achei muito interessante o fato de que Molly “dá nome aos bois” quando se trata dos famosos com os quais ela esbarrou nas partidas de pôquer que comandou. Alguns deles são os atores mundialmente conhecidos Ben Affleck, Tobey Maguire e Leonardo DiCaprio. E, assim, conheci um lado que jamais imaginei dessas pessoas tão “familiares”.

Fiquei decepcionada, e muito, com Tobey Maguire. Quem diria! Ele, com aquela carinha de nerd, de cachorro que caiu da mudança... Nunca mais vou assistir a um filme com ele sem pensar nas páginas que li desse livro. Fico me perguntando se esses caras não reivindicaram sua privacidade à autora em algum momento. Tudo em que eles se envolvem toma proporções imensuráveis, afinal são pessoas públicas. É algo a ser pesquisado por quem tenha a curiosidade de extrapolar o livro.

Uma coisa que não encontramos nesse livro é romance, afinal Molly não tem tempo para isso. Algumas pessoas aparecem na vida dela com outra missão que não seja jogar, mas romance não é o foco de sua vida, tampouco da história.

Como o contexto gira em torno de jogos de pôquer, você pode imaginar que o livro não seja tão interessante para quem não entende nada do jogo. Ledo engano. Eu não entendo nada de pôquer e mesmo assim não me senti deslocada. Para ajudar aqueles que não conhecem o jogo, Molly explica a terminologia durante o texto, quando ela mesma aprendeu, o que ajuda a acompanhar bem os jogos, os jogadores e suas jogadas. Mesmo assim, meu sentimento em relação ao pôquer não mudou: não deu muita vontade de aprender a jogar, rs, fico com meu joguinho de paciência.

Como a razão de ser do livro é contar a trajetória de Molly Bloom no mundo dos jogos, apostas altas, envolvimento de pessoas famosas, o final da “carreira” dela é contado em pouquíssimas páginas, se resumindo basicamente ao epílogo. O desfecho, o fechamento com chave de ouro, não passa de algumas linhas na nota da editora. A razão disso eu não posso dizer sem dar spoiler, então se você já leu, sabe do que estou falando.

Mesmo que você, assim como eu, não seja um grande fã de biografias ou autobiografias (em contraposição a histórias de ficção), garanto que esse livro você pode ler sem medo. E se curte esse tipo de história, vai curtir e muito saber como foram os anos de pôquer na vida dessa mulher que enfrentou um inferno para se tornar alguém reconhecida entre os grandes. Leiam!


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