A grande ilusão - Harlan Coben

>>  segunda-feira, 30 de julho de 2018


COBEN, Harlan. A grande ilusão. São Paulo: Editora Arqueiro, 2017. 304p. Título original: Fool me once.

“Depois veio a fila de cumprimentos.
Só existiam duas ocasiões em que esse tipo de fila se formava: casamentos e enterros. [...]
Muitos se limitavam ao protocolar ‘Meus sentimentos’, o que era ótimo, mas outros paravam para fazer um longo discurso sobre o caráter trágico da situação, sobre o absurdo de uma morte tão prematura, sobre a violência que vinha transformando a cidade num verdadeiro inferno, sobre a vez eu haviam sido assaltados em plena luz do dia (regra numero um: jamais fazer comparações na fila de cumprimentos de um enterro), sobre suas esperança de que a polícia pegasse logo os monstros responsáveis por tamanha maldade, sobre como Deus havia sido generoso ao deixa-la sair viva daquele parque (ao que parecia, Joe andava sem muito prestígio com o Todo-Poderoso), sobre o fato de Ele escrever certo por linhas tortas, sobre como sempre existia um motivo para tudo (às vezes ela precisava contar até dez para não agredir esses).” p.10

Para quem ainda não sabe, sou fã incondicional do Harlan Coben. Basicamente divido seus livros entre os que “eu amo” e os que “eu adoro”. Muitos leitores falam que o autor tem uma fórmula pronta, que se “leu um, leu todos”. Eu até arrepio quando leio isso, Harlan não tem fórmula, ele tem estilo! É diferente. Fórmula tem Dan Brown, Rick Riordan, que não mudam nada nos seus livros, só os personagens, se muito. Harlan sempre surpreende, e aqui não foi diferente. Confiram o que achei de A grande ilusão.

Maya Stern é casada com Joe Burkett há dois anos, e eles têm uma filhinha com essa idade, Lily. Ela é uma ex-piloto de operações especiais que voltou faz pouco tempo da guerra. Manteve seu nome de solteira e sua independência. Tinha muito pouco em comum com a família milionária e tradicional do marido.

Nos últimos tempos Maya vem passando por grandes dificuldades. Primeiro perdeu a irmã, assassinada. Depois foi forçada a se aposentar por causa de um erro grave em uma de suas operações. E por fim, Joe foi assassinado em um assalto.

Ela tenta seguir em frente, enquanto começa a fazer investigações paralelas a da polícia. Até que um dia, em uma câmera escondida em sua casa, vê sua filha brincadno com Joe, seu marido falecido. Ela começa a investigar, a procurar o responsável, mas tudo só fica mais confuso, e mais perigoso.

Maya não confia em ninguém. Esconde suas investigações de todos. Do cunhado, Eddie, do melhor amigo, Shane. Ela precisa descobrir tudo, precisa juntar todos os pedaços de um grande quebra cabeças.

Precisa lidar com o passado, com segredos e mentiras. E, por fim, buscar a verdade.

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Esse foi o livro mais intricado que já li do autor, as pistas não faziam sentido, nada combinava com nada. Eu passei grande parte do livro com medo do final, ou ele ia ser fenomenal, ou ia estragar tudo deixando um monte de furos. E no final... Harlan me conquistou mais uma vez, mas com algumas ressalvas.

Primeiramente já adianto que não vou poder contar muita coisa para evitar spoilers. Só lendo para entender mesmo essa trama toda, mas vamos do começo.

Maya a nossa protagonista têm muitos mistérios. Nós não sabemos o que aconteceu no exército para ela ter sido forçada a se aposentar. Ela tem traumas da guerra, mas não se trata nem fala com ninguém sobre seus pesadelos e tal. Ela aparenta já saber algo sobre o que aconteceu com a irmã, o que é estranho, já que ela estava na guerra quando Claire morreu. O livro todo é narrado em terceira pessoa por ela. E várias vezes eu achava a personagem seca, fria. Via que ela não aparentava estar sofrendo pelo marido como deveria, mas também não relatava problemas entre eles. E até a relação com a filha é um pouco distante.

Durante a leitura eu fiquei pensando... "Mas isso está errado", "O autor não vai conseguir explicar isso" e blablabla, e no final, ele realmente conseguiu. Porém, vejo alguns problemas nesse desfecho. O primeiro deles foi pelo livro todo ter sido narrado por Maya. Ela já sabia parte das respostas que dizia procurar, como era narrado apenas por ela, e o leitor procurava essas mesmas respostas, ficou meio estranho. Em nenhum momento ela demonstrava já saber algumas coisas importantes.

Ai no final o autor joga duas bombas que quase me fizeram cair para trás. Fiquei assim: uau! Mas isso Uau! Mas é Harlan né, então ok rsrs. Achei o epílogo desnecessário (deve ser a primeira vez que digo isso nesse blog rsrs), mas não foi exatamente ruim. Porém se tivessem sido notícias de jornais e outros meios de comunicação, relatando o que aconteceu e as consequências, teria sido muito mais interessante.

Agora um breve comentário para quem leu ou quem não liga para SPOILERS. Se não gosta, pule esse parágrafo! Desde o início eu estranhei o comportamento da protagonista, de se importar em desvendar o mistério por trás da morte da irmã e do marido aparecendo no vídeo, o que só no final descobrimos, mas sem realmente estar de luto. Mas a questão é que o tempo todo ela tinha certeza que ele estava morto, então isso para mim, não condizia com o comportamento dela em alguns momentos (principalmente em tudo o que envolve o vídeo e lá no final quando tentam que ela entre em um carro). Esse e alguns outros detalhes que não me deixaram amar o livro e dar 5 estrelas. Sobre o final em si eu gostei demais! Eu acho que Maya sabia o que ia acontecer se entrasse na casa e confrontasse a família, mas fez consciente disso. De certa forma acho que ela queria pagar pelos seus pecados. Achei o final bem interessante por isso.

Então, eu sempre indico Harlan Coben! Eu tenho alguns poucos livros dele sem ler e preciso corrigir isso. E dos que eu li, alguns foram há tanto tempo que já esqueci os detalhes (minha falta de memória me deixa arrasada) e tenho muita vontade de reler. Esse é dos livros dele individuais que valem demais a pena, leiam!

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