Praia de Manhattan - Jennifer Egan

>>  quarta-feira, 18 de julho de 2018


EGAN, Jennifer. Praia de Manhattan. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2018. 448p. Título original: Manhattan beach.


Antes de Praia de Manhattan, o único livro da autora que eu havia lido era A visita cruel do tempo, uma leitura que iniciei com grande expectativa, mas que acabou me frustrando um pouco. Assim, quando comecei Praia de Manhattan, fiquei oscilando entre a baixa expectativa e uma frustração antecipada, talvez pelo medo de me decepcionar com essa leitura também. Será que me frustrei de novo? Veremos!

Estados Unidos, 1940. O país está mergulhado na Segunda Guerra Mundial, enviando todos os homens saudáveis para a frente de batalha. Aqueles que não podem combater em nome da pátria estão trabalhando, assim como as mulheres, em locais destinados a produzir ou reparar material, armamento, navios, automóveis de guerra. E é em um desses lugares, mais especificamente no Arsenal de Marinha, que trabalha Anna Kerrigan.

Anna é filha de Eddie e Agnes e tem uma irmã mais nova, Lydia, que sofre de uma grave deficiência que a impede de falar, andar e, sabe-se lá, entender o que lhe é dito. Antes de se tornar uma jovem trabalhadora do Arsenal de Marinha, Anna dedicava seu tempo a ajudar a mãe no cuidado com Lydia e a acompanhar o pai nos encontros com seus “clientes”.

Eddie, o pai de Anna, é um cara que vive de negócios escusos dos quais apenas Anna tem um vago conhecimento.  Em um dos encontros de negócios, eles conhecem Dexter Styles, um suposto homem de negócios, mas que na verdade é um gangster conhecido no que o próprio Dexter chama de “submundo”, ou seja, o mundo da máfia.

Cinco anos se passaram desde esse encontro. Eddie, o pai de Anna, está desaparecido, e a família acredita, de início, que ele teve que viajar às pressas a trabalho, porém, com o passar do tempo, eles passam a ter certeza de que Eddie simplesmente abandonou a família.

No Arsenal de Marinha, Anna trabalha medindo as pequenas peças que compõem os navios de guerra. Contudo, o que ela quer de verdade é se tornar uma mergulhadora da Marinha, algo que seria praticamente inalcançável àquela época, única e exclusivamente pelo fato de Anna ser uma garota.

Os Estados Unidos têm certeza de que vão ganhar a guerra. A confiança está grande de que o país sairá vencedor e se tornará uma potência mundial ainda maior.

Dexter Styles tem uma ideia que acredita que levará o crime organizado a ter uma participação legítima na vitória dos Estados Unidos na guerra, ao oferecer ao governo os serviços e préstimos da sua organização.

Enquanto isso, Anna acredita que Dexter tem envolvimento no desaparecimento de seu pai, mas a aproximação entre os dois pode causar uma confusão de sentimentos na cabeça de ambos.


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E eis que temos aqui, senhoras e senhores, leitoras e leitores, uma grande história!

Primeiramente, muito me agradou a forma como foi narrada: em terceira pessoa, com as falas dos personagens em discurso direto; de início, alternando o foco entre Eddie, Anna e Dexter.

E que protagonista a autora trouxe! Senti uma enorme empatia por Anna desde o primeiro capítulo, quando ela ainda tinha 11 anos de idade. Em sua trajetória, ela é uma garota/mulher lutando para ser reconhecida e para demonstrar que poderia exercer qualquer atividade feita por um homem, e com ainda mais habilidade! Não foi por livre e espontânea vontade que aceitaram Anna em atividades “originalmente” feitas por homens, num setor industrial da Marinha, mas porque, em tempos de guerra, a população masculina estava se alistando em peso ou sendo convocada compulsoriamente para a guerra. Essa novidade na mão de obra trouxe desconforto para os generais e comandantes, que não estavam felizes em ter de lidar com mulheres em atividades ditas masculinas. Isso me deixava com muita raiva, mas Anna soube lidar com as situações de uma forma que a tornou uma heroína aos meus olhos.

Dexter se mostra o vilão de bom coração em assuntos que não tivessem relação com seu trabalho. Em relação aos seus negócios, ele faz o que precisa ser feito para sobreviver. É um mundo perigoso e por vezes sem volta.

O pai de Anna, que de início me parecia um cara legal, acabou se revelando uma grande decepção para mim. 

A maneira como a autora alterna a história entre a vida de Anna, a vida de Dexter e a Segunda Guerra Mundial, e como os três se entrelaçam, é envolvente; em alguns momentos, é tensa, emocionante e até mesmo romântica. Não tive como não amar! Quem me conhece sabe o quanto amo livros sobre a Segunda Guerra; em apenas alguns meses aqui no VL, já repeti essa frase incontáveis vezes.

Além disso, o livro trata de assuntos importantes, como a guerra que mudou a história do mundo, o empoderamento feminino, o crime organizado, o amor (de certa forma), a perda, a solidão, as escolhas de vida.

Por fim, preciso comentar sobre a capa e a arte da contracapa. As orelhas são enormes e, quando você as abre, tem uma ilustração que guarda total ligação com a história. A Editora Intrínseca está de parabéns!

E sobre o mistério do desaparecimento do pai de Anna, que mencionei na sinopse, deixo para vocês descobrirem o que aconteceu e se Dexter tem alguma relação com isso.

O desfecho me arrancou lágrimas e tornou esse livro uma das melhores leituras que fiz em 2018. Vai para o Top 10, com certeza!

No mais, só posso dizer que é uma leitura importante e maravilhosa, todo mundo deveria ler! Indico de olho fechado!


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Avaliação (1 a 5): 5








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