Além das explosões - Adriana Maluendas

>>  quarta-feira, 22 de agosto de 2018

MALUENDAS, Adriana. Além das explosões. Curitiba: [s.n] , 2016. 328p.


Recebi a oferta desse livro e o que me chamou a atenção, em primeiro lugar, foi o fato de envolver o atentado de 11 de setembro. Sabia que seria uma história pesada, sofrida, claro. E eu estava certa. Divido com vocês agora minhas impressões sobre Além das explosões.
  
O livro conta a história da própria autora, Adriana Maluendas. Ela, uma empresária do setor de finanças, buscava uma licença para atuar no mercado no setor de Commodities. Para isso, precisava prestar alguns exames e fazer alguns testes nos Estados Unidos. Depois de adiar a viagem algumas vezes, ela parte rumo ao crescimento de sua carreira.

Ela é uma mulher visivelmente focada em seu trabalho (enfatiza isso várias vezes no começo do livro, inclusive). Estava mais do que feliz de estar na terra do Tio Sam, apesar de ter deixado sua família no Paraná, com a mãe passando por um tratamento de câncer e o pai, um herói para Adriana, tomando conta de tudo.

Ela ficou hospedada no hotel na torre anexa às torres gêmeas. Um prédio bem menor que as torres. Inicialmente, ela ficaria hospedada no 11º ou 12º andar, mas pediu que fosse transferida para um andar mais baixo, ficando no 6º piso.

Parecia que Adriana estava adivinhando o que estava por vir. E três dias depois de sua chegada aos Estados Unidos, no dia 11 de setembro de 2001, as torres gêmeas foram atacadas, e a vida de milhares de pessoas e a de Adriana mudaram para sempre.  

Adriana passou por momentos terríveis a partir do momento em que sentiu o tremor do primeiro ataque. Fiquei muito agoniada nessa parte.

Houve pânico, ela foi pisoteada, danificou alguns dentes, andou desnorteada por Manhattan com uma das hóspedes, Jeanine, que a ajudou a sair do hotel, e algo dentro dela se perdeu para sempre.

Depois daquele terrível e inesquecível dia, restou a Adriana voltar ao trabalho e tentar seguir a vida, por mais difícil que seja, mas ela só consegue pensar que ficou ligada às pessoas que estavam no hotel naquele dia e que algo estava faltando dentro de si.

Ela dedicou seu tempo a procurar por outros sobreviventes do hotel, o que foi muito difícil, já que nem os nomes deles ela sabia. E sentiu necessidade de voltar aos Estados Unidos e acompanhar de perto os acontecimentos.

Apesar de ter sobrevivido sem graves lesões físicas ao ataque do dia 11 de setembro de 2001, fato é que o acontecimento afetou Adriana para sempre. Por tudo o que passou, por ter visto tanta gente morrer, não conseguia mais se hospedar em quartos em andares altos nos hotéis, e andar de táxi e de avião se tornou uma tortura, capaz de fazer Adriana utilizá-los só por causa da necessidade.

O ataque se tornou mais que um fantasma em sua vida, teve uma presença constante, passando a contar os dias como bons, com lembranças boas, bem recebidas, que a faziam voltar a acreditar na vida; e ruins, que a faziam (como suas próprias palavras) se arrastar e debater com aquelas lembranças.
  
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Não consigo imaginar o quão difícil foi estar naquele hotel durante o atentado e, sendo uma sobrevivente, ter que lidar com isso para sempre. Fiquei muito tensa ao longo do livro. Até o momento do Memorial, bem no finalzinho, não tive como não repassar na memória tudo o que acompanhei pela TV, ao longo dos anos, sobre o atentado e sobre a construção do Memorial. As fotos também tocaram lá no fundo. Não tem como não se comover com as imagens apresentadas, dispostas ao longo do livro.

E foi bom ver que, apesar dos pesares, com um passo de cada vez, Adriana seguiu sua vida da melhor forma, na medida do possível.

Contudo, infelizmente, não posso ignorar o fato de que a qualidade do texto precisa ser mais bem trabalhada, há vários problemas de edição, surgidos talvez durante a revisão de texto. Muitas palavras foram inseridas fora de contexto, repetidas parágrafo após parágrafo, afirmações repetidas de tempos em tempos, dando a impressão de estarem ali para encorpar o texto, dentre outros defeitos de revisão que me incomodaram muito ao longo da história toda e que a deixaram repetitiva e cansativa. Nesse aspecto, foi muito difícil de sustentar a leitura até o final.

Penso que a história em si tem grande potencial e foi construída para ser tocante, forte, dolorosa. O que a prejudica é apenas a forma como foi escrita, o que pode afetar o julgamento do leitor sobre o livro, como afetou o meu. Minha única crítica, portanto, é à estética do texto, e não ao conteúdo.  

Assim, se você for daqueles leitores que relevam os problemas de redação dos livros, leia. Indicado para quem curte histórias verídicas sobre acontecimentos históricos.

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