Justiça a qualquer preço - John Grisham

>>  segunda-feira, 24 de dezembro de 2018

GRISHAM, JOHN. Justiça a qualquer preço. São Paulo: Editora Arqueiro, 2018. 336p. Título original: The Rooster bar.

“- A gente abandonou nossos apartamentos, largou a faculdade, mudou de nome e arrumou um jeito e ganhar uns trocados. Vamos passar por advogados, encontrar clientes no fórum para ganhar honorários em dinheiro vivo, claro, e torcer para muito para não sermos pegos.” p.107

Eu geralmente curto os livros do John Grisham, embora seus thrillers jurídicos alternem trabalhos incríveis, como Tempo de matar, e livros medianos. Esse foi seu primeiro livro lançado por aqui pelo Editora Arqueiro, e eu fui conferir a trama de Justiça a qualquer preço.

Tood Lucero, Mark Frazier e Zola Maal cursavam o último ano de direito na Foggy Bottom, uma pequena faculdade em Washington. Todos os três vieram de uma infância pobre e queriam uma chance de vencer na vida. Tood vinha de uma família simples; Mark tinha uma mãe que trabalhava em dois empregos para sustentar ele e o irmão mais novo que vivia metido em encrenca; e Zola era filha de emigrantes ilegais que vieram de Senegal, a única da família que nasceu nos EUA e tinha cidadania. Os três caíram na cilada das financiadoras. Um empréstimo para estudar, que iria ser pago facilmente depois que eles se formassem, e arrumassem emprego em um uma grande empresa de advocacia.

Na prática, o índice da aprovação da Foggy na prova da ordem era de menos de 60%. Se eles conseguissem passar na prova, ainda teriam uma dívida de 200.000 dólares mais juros e zero empregos. Na pratica, os empregos eram difíceis de conseguir e pagavam mal. As melhores vagas, preferiam alunos mais bem preparados, de faculdades melhores. Eles estavam falidos e sem saber o que fazer a seguir. Uma tragédia acontece com um amigo próximo, e eles decidem abandonar o curso faltando um semestre para a formatura.

Eles decidem exercer a advocacia sem registro, pegar causas simples e receber em dinheiro. Fugir, trocar de nome, abandonar a faculdade e os apartamentos, deixar a dívida para trás. Eles abrem um “escritório” no andar de cima do Rooster Bar, onde trabalham, e começam sua carreira de fraudes.

Além disso eles têm uma ideia maluca. Que envolve se vingar do dono da maioria das faculdades fajutas de direito. Se o plano der certo eles se livram da dívida, desmascaram o esquema fraudulento e ganham um bom dinheiro. E somem para sempre.

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Esse livro foi uma sucessão de erros! Infelizmente, nada funciona ou convence muito bem.  Começando pelo título escolhido pela Editora Arqueiro, de onde tiraram isso? Tenho certeza que quem escolheu não leu o livro, não tem condição! O livro todo é de três amigos infringindo a lei de todas as maneiras possíveis, o plano deles é roubar se aproveitando de uma causa coletiva contra um banco e viver como fugitivos. Claro que a ideia era de divulgar o “golpe” contra o alunos das faculdade de direito e aproveitar o que o amigo deles tinha descoberto, mas o termo “justiça”, mesmo que torta, não é aplicável nesse contexto.  O título original, o nome do bar, faz bem mais sentido.

Agora vamos a história... mesmo se ignorarmos o fato da história toda ser de três pessoas colocando a culpa na faculdade,  no banco, no desemprego... menos em si mesmos pelas suas más escolhas (em qualquer lugar se você tem um ensino médio sofrível, vai ter poucas chances de ir para uma faculdade de ponta, e por consequência menos chances de passar na prova da ordem, de conseguir emprego etc.), ainda é difícil ter alguma empatia pelos três protagonistas. Eles desistiram faltando um semestre, nem fizeram a prova, e resolveram atuar como advogados. Eu só conseguia achar tudo muito burro! Tive muita pena de Zola, mas pela situação de sua família como ilegais e tudo o que aconteceu depois. Mas não me apeguei a nenhum deles. Personagens sem sal, bem medíocres.

O enredo é lento, custa a andar. E quando no final você acha que terá uma grande reviravolta, não tem nada. O final mostra que o fim justifica os meios, e eu não consegui torcer para que aquela sucessão de falcatruas desse certo. Fora que não mostra se posteriormente teve alguma consequência, não tem um epilogo nem algo que dê uma dica do que poderia vir a seguir.

Tem algum ponto positivo? É Grisham, então não é mal escrito. Tem um humor sarcástico interessante, e tem uma critica aberta a pratica do direito e das agências financeiras nos EUA, assim como a ética questionável utilizada pelas instituições.  Esse eu não indico, mas quem leu me conte o que achou.

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