Lágrimas de amor e café - Babi A. Sette

>>  quarta-feira, 20 de novembro de 2019

 SETTE, Babi A. Lágrimas de amor e café. Campinas, São Paulo: Verus Editora, 2019. 378p.

Não tenho muito hábito de ler romances de época. Acho fofo, sei que a maioria tem o final feliz, mas não é um estilo que leio com frequência. Também não leio muitos livros da Babi A. Sette. Li Senhorita Aurora, um dos livros nacionais de romance (não de época, rs) que mais gostei na minha vida literária, e depois só li A promessa da Rosa, que, infelizmente, não gostei. Então, além de querer tirar a prova se eu ia mais amar do que não amar os livros da autora, precisava conferir se seria só mais um rostinho (no caso, capa) bonito, ou se o conteúdo também me agradaria. Vamos conferir?

Angelina é italiana. Sua família já não possui mais nada além de dívidas. Ela perdeu a mãe há pouco tempo e, com a família endividada, sendo a filha mais velha e já em idade de casar, decidiu aceitar o pedido de casamento de um grande barão brasileiro. Ele a leva para o Brasil para viver em sua grande fazenda no interior de São Paulo.

Pedro, o barão, é muito rico e tem várias fazendas espalhadas pelo Brasil. Utiliza, como mão de obra, os italianos que vêm em busca de uma oportunidade no Brasil, acreditando que vão encontrar uma oportunidade para ter uma vida melhor. Ao chegarem aqui, sem ter como voltar, o jeito é trabalhar em condições precárias nas grandes fazendas, inclusive na fazenda de Pedro.

Após passarem dias em um navio vindo da Itália, viajando na terceira classe e vendo várias pessoas morrerem de doença e de fome, é nessa fazenda que Vicenzo e seu irmão mais novo, Mateo, são obrigados a trabalhar para tentar conseguir algum dinheiro e, enfim, realizar o grande sonho de Vicenzo: ter um restaurante. Enquanto o sonho não se realiza, ele precisa trabalhar, e faz isso colhendo e carregando as sacas de café na fazenda.

O que Vicenzo não esperava é que, ao chegar na fazenda, encontraria a última pessoa que ele esperava rever: a mulher misteriosa  que ele viu durante a noite no convés do navio, e com a qual passou dias sonhando. E ela é ninguém menos do que a senhora da fazenda, a esposa do barão.

E agora? O que fazer com esse sentimento que o consome e o faz ficar cada dia mais apaixonado por uma mulher que jamais poderia ter?

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A primeira coisa que me encantou foi a capa. Uma fofura!

A narrativa é em terceira pessoa, e cada início de capítulo traz o nome de uma família italiana encontrado nos registros da imigração no Brasil. São aproximadamente 74 capítulos com esses sobrenomes, e ainda senti falta do sobrenome da minha família e dos meus antepassados, que vieram para o Brasil no mesmo período. Mas não sei em que condições exatamente eles vieram, embora saiba que foi de navio também, mas enfim...

Passando para a parte da história, fiquei a maior parte do livro tensa, com medo de Pedro. Ele é cruel, mau, doente, um louco. Não sei que outras palavras mais eu poderia expressar sobre pelo menos um pouco do que senti e pensei sobre o personagem. E não é aquela coisa da época patriarcal, em que as mulheres são consideradas praticamente parte da mobília ao invés de uma pessoa. Ele é ruim mesmo, e pronto. Então não há como não temê-lo ao longo da história e, ao mesmo tempo (me perdoem), torcer para que ele se dê mal.

Torci por Angelina e por Vicenzo, mas claro que, vivendo em uma época diferente da personagem, fiquei pensando em várias coisas que ela poderia ter feito para se livrar das situações ruins em que se envolveu ao longo da história (a primeira delas,  casar com o Pedro). Mas acho que só tive essa sensação porque sei que, se fosse hoje em dia, algumas situações poderiam não acontecer (mas claro que existem Pedros e Angelinas por ai até hoje, em pleno século XXI).

Confesso que muito do que eu esperei não aconteceu, e fiquei surpresa, positiva e ao mesmo tempo negativamente. Infelizmente não posso entrar em detalhes para não dar spoiler. Talvez eu tenha esperado tanta tragédia que acabei viajando demais na maionese.

O que não quer dizer que eu não tenha curtido a história. Pelo contrário! Neste momento posso dizer que mais amo do que não amo os livros da autora. E o jeito que ela escreve faz com que a leitura flua muito rápido.

E não posso deixar de mencionar a linguagem verossímil do livro, com várias palavras em italiano que eu ouço em casa desde que me entendo por gente. Foi muito legal poder ver palavras como caspita, porca miseria, bene, Dio mio vindas dos personagens. Até o sotaque eu consegui imaginar! Nunca fui à Itália, e o livro me fez ficar com ainda mais vontade de conhecer!

Indico para todo mundo que adora romances de época! Leiam!


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Avaliação (1  a 5): 4.5






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