O instituto - Stephen King

>>  sexta-feira, 22 de novembro de 2019


KING, Stephen. O instituto. Rio de Janeiro: Editora Suma das Letras, 2019. 544p. Título original: The institute.

“Ficou esperando que as luzes voltassem, que girassem e corressem por seu campo de visão, descrevendo círculos e redemoinhos vertiginosos. Como isso não aconteceu, ele começou a se acalmar. Um pensamento superou todos os outros, até o medo de os pontos voltarem... e dessa vez ficarem.
Sair. Eu tenho que sair. E, se não conseguir, tenho que morrer antes que me levem pra Parte de trás e me usem até acabar. ” p.235

Eu sou fã do trabalho do Stephen King sem muitas restrições rs. Amo seus livros antigos e mais complexos, adoro seus livros novos e mais modernos, com mais ação e agilidade. Esse tem uma pegada bem diferente... Não é terror, como muita gente classificou por aí, tem uma vibe meio juvenil e muito drama e suspense. Confiram o que achei do seu novo livro no Brasil, O instituto.

Luke Ellis, 12 anos, é uma criança muito, mas muito inteligente. Seus pais, Eileen e Herb mal conseguem acompanhar o raciocínio do filho. Ele já estuda em uma escola para crianças prodígios, quando Luke decide que aquilo já não serve, faz o SAT e quer cursar duas das melhores faculdades do país.  Algumas vezes, de forma aleatória, Luke faz objetos se mexerem ou porta se fecharem. Os pais já estão tão acostumados que não dão grande importância a isso. Apesar dessa inteligência inimaginável, ele é uma criança normal. Feliz, ama os pais e adora brincar com os amigos.

A vida feliz do menino muda radicalmente.... Em uma noite no subúrbio de Minneapolis, um grupo desconhecido invade a casa, assassina os pais do garoto e sequestra Luke. Tudo é feito de forma profissional. Deixam pistas para que a polícia suspeite que a criança matou os pais e fugiu.

Luke acorda em um quarto igual ao seu, mas que não tem janela. Assustado, ele encontra com uma menina no corredor, Kalisha Benson, uma das mais antigas “moradoras” do local. Ela explica que eles estão no Instituto, tudo o que sabe é que fica no Maine, em volta deles, parece que só existe uma floresta. Um lugar cheio de crianças como ele, que apresentam alguns poderes excepcionais, de telecinesia ou telepatia. Eles todos foram sequestrados, ninguém sabe o que aconteceu com os pais, ou o que acontece depois. Eles estão na parte “da frente”, onde são testados, picados, examinados e até torturados. Sim. Alguns testes envolvem afogar crianças, dentre outras coisas. Se você se comporta bem recebe fichas, que pode usar para comprar guloseimas, cigarros ou até bebidas nas máquinas do local; se a criança se rebela, é agredida severamente.

Todos temem a parte “de trás”. Quem vai para lá nunca volta, eles não sabem muito, mas as poucas histórias são assustadoras. Ele conhece outras crianças como Nick Wilholm, o rebelde do lugar, George Iles, Iris Stanhope e Avery Dixon, uma criança de apenas 10 anos com enormes poderes de telepatia.  

O Instituto se dedica impiedosamente a extrair dessas crianças toda a força de seus poderes paranormais. Eles acreditam que podem aumentar esses poderes e até desenvolver novos. Não existem escrúpulos. A razão para os experimentos não é revelada. As crianças são usadas para alguma coisa, mas ninguém sabe o que. Conforme cada nova vítima vai desaparecendo para a Parte de Trás, Luke fica mais e mais desesperado para escapar e procurar ajuda. Mas até hoje ninguém nunca conseguiu fugir do Instituto.

Só que o Instituto, muito interessado nos poderes das crianças, considerou como algo irrelevante a inteligência de uma criança. Eles não deram importância, e não sabiam o perigo que Luke representava.

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Eu adorei a leitura!! Enxerguei alguns defeitos, mas li empolgada e sem me importar muito com eles, devorei o livro até o final. A narrativa é ágil, divertida, cheia de mistérios e muita adrenalina. Adorei o enredo, amei os personagens, torci muito por eles e para que tudo desse certo. Me emocionei em alguns momentos, e ainda não me conformo com algumas das tragédias (nunca aprendo que o King não tem dó de ninguém).

É bem comercial... eu já li enxergando um novo Strange Things de sucesso e não deu outra, terminei e fui pesquisar, e vi que os direitos da série já foram vendidos para os mesmos produtores de Mrs. Mercedes. E se fizerem direito, vai ficar incrível nas telas. Tem suas falhas, algumas coisas não são bem desenvolvidas e a parte final do livro ficou bem corrida. O final em si deixou demais a desejar, mas é King né, seus finais não prestam rs.

Segue a linha mais moderna do autor, os fãs dos clássicos de terror vão meter o pau e falar que ele perdeu a mão. Perdeu nada gente, só mudou o estilo. A narrativa flui tão bem que é quase um jovem adulto, é pesado, mas a escrita não é nada complexa. Só achei que no capítulo final o autor vomitou todas as explicações em forma de diálogo, ficou bem preguiçoso. Isso tudo seria muito melhor se tivesse sido introduzido normalmente no enredo. E achei meio forçada a explicação do objetivo do Instituto, mas dava até para passar. O negócio virar uma conspiração mundial que realmente não deu para engolir, podia ter deixado passar sem essa.

O final do “clube do bolinha do mal” também foi frustrante. Eu queria tão mais para eles, ficou muito fácil aquilo. Fiquei até torcendo para ter uma continuação por isso, gancho não falta, quem sabe? Por enquanto nada foi dito sobre isso e King não costuma escrever séries, mas O iluminado está aí para mostrar que ele pode mudar de ideia rs.

Mas eu amei tantooo os personagens. Pegam um garotinho de 12 anos FOFO para narrar. Se não bastassem vem Avery, uma gracinha, com apenas 10 anos. Eu queria colocar os dois em um potinho! E sofri por eles viu, King é incessível demais hehe. Adorei Tim e o núcleo dos policiais que só ganha importância na trama nos trechos finais. Adorei as outras crianças todas e morri de pena delas.

Achei a vibe bem parecida com Sob a redoma, não existe um ser sobrenatural aterrorizando ou um mal assombrando o local. São as próprias pessoas o cerne do mal. Pessoas normais, médicos e ex militares, capazes de sequestrar e matar criancinhas, matar inúmeras pessoas em nome de algo em que acreditam. Eles torturam aquelas crianças como se fosse a coisa mais normal do mundo, passam a enxerga-las apenas como cobaias. A capacidade do ser humano de ser cruel é realmente algo inimaginável. E isso, infelizmente, não é ficção.

Eu achei a leitura fantástica e indico para todos! Até quem tem medo dos livros do King pode se jogar sem receio, não tem nada de terror aqui. É uma aventura, com suspense, drama e uma pitada de ficção científica.  Só não favoritei porque alguns erros não me desceram rs, mas eu amei a leitura. Leiam!!

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Avaliação (1 a 5): 4.5

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