Capitães da areia - Jorge Amado

>>  quarta-feira, 7 de outubro de 2020


 AMADO, Jorge. Capitães da areia. Rio de Janeiro: Editora Record, 1983. 239 p.

 

Sou uma grande apaixonada e entusiasta da literatura clássica brasileira. Jorge Amado e os capitães da areia sempre tiveram um lugarzinho especial no meu coração. Li a obra pela primeira vez aos 18 anos, quando estava no terceiro ano do ensino médio, mas não foi por indicação da professora. Ganhei o livro da minha mãe, que o comprou em um bazar, e comecei a ler sem qualquer pretensão. E devorei com tanta vontade que quando dei por mim tinha terminado a leitura e estava me debulhando em lágrimas. Agora, graças a uma leitura coletiva, tive a oportunidade de me reencontrar com Pedro Bala e seus amigos, e não posso deixar passar a oportunidade de dividir com vocês minhas impressões sobre essa história que vem me acompanhando ao longo da minha vida como leitora.

 

Os capitães da areia são um grupo de mais de cem crianças de idades variadas (entre 5 e 18 anos, aproximadamente) que vivem em um galpão abandonado (conhecido como trapiche) em um cais de Salvador.

Eles são famosos pelos diversos crimes que cometem na cidade, sobretudo os furtos e roubos. São crianças sem familiares e que não tiveram o carinho dos pais, não estudam e tiveram que, desde muito cedo, aprender a cuidar de si mesmos.

Apesar de ser um grupo bem grande, a maioria das crianças e adolescentes usam o trapiche apenas para dormir. Um grupo menor de meninos, contudo, se destaca por estarem sempre juntos e serem mais próximos.

Esse grupo é formado por Professor, Volta Seca, Sem Pernas, Pirulito, João Grande, Gato e Pedro Bala, que é o líder de todos os capitães da areia. Como a maioria sequer sabe o próprio nome, eles chamam uns aos outros por apelidos baseados em características específicas de cada um.

Vivendo à margem da sociedade, esses meninos são, acima de tudo, uma família lutando pela sobrevivência e pela liberdade.

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"Porque a revolução é uma pátria e uma família". p. 231

E eis que, depois dessa releitura, o medo que eu tinha de não curtir o livro como na primeira vez foi convertida em um amor diferente, mas ainda maior.

Essa é uma história sobre empatia. Por mais que incomode o fato de eles agirem como adultos, praticarem crimes, cometerem abuso sexual, não há como não sentir empatia por crianças que não tiveram oportunidade de ter uma família, acesso à escola, alimentação, um lar, uma cama quentinha.

Minha personagem favorita é Dora, a única garota da história. Ela vai parar no trapiche graças, assim como os demais, às adversidades da vida e é obrigada a cuidar de si própria e do irmãozinho de seis anos. É uma garota forte, guerreira, inspiradora apesar de ter apenas 13 anos de idade.

E foi um grande aprendizado acompanhar os garotos do trapiche, ao mesmo tempo que foi emocionante e triste. Apesar de muitos se mostrarem conformados e até curtirem, de certa forma, a vida "livre" que vivem, nem todos são felizes ou nem mesmo têm um final feliz.

O livro traz uma clara crítica à exclusão social e ao abandono de crianças. Além disso, é um livro com engajamento político. Tão político que, na época do Estado Novo, foi determinada a queima de diversos exemplares em praça pública em 1937.

Tantos anos depois, apesar de alguns traços ultrapassados, não deixa de ser atual. É importante lembrar que precisamos ler os livros clássicos considerando o contexto da época em que foram escritos. Do contrário, fica impossível curtir a leitura.

O livro foi adaptado pela última vez para o cinema em 2011 e, de forma geral, eu curti a adaptação. Contudo, nem de longe conseguiu mostrar a dramaticidade de um dos personagens mais importantes da história. Mas eu curti mesmo assim quanto ao resto!

Deixo o trailer aqui embaixo para quem quiser assistir!
 

 

Indico para todo mundo que gosta de literatura brasileira e para quem quer ler Jorge Amado, mas não sabe por onde começar!

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