O morro dos ventos uivantes - Emily Brontë

>>  quarta-feira, 12 de maio de 2021


BRONTE, Emily. O morro dos ventos uivantes. São Paulo: Editora Círculo do livro, 1994. 311 p. Título original: Wuthering heights.

Mais ou menos em 2008, 2009, eu ganhei de presente uma edição linda de O morro dos ventos uivantes. Tentei ler, mas naquela época não tinha maturidade literária nem de vida para encarar a história. Agora, em 2021, estou participando de um projeto de leitura para ler todos os livros publicados das irmãs Brontë, e o terceiro em ordem cronológica de lançamento é justamente O morro dos ventos uivantes. Empolgada para ver se finalmente conseguiria ler a história, eu iniciei a leitura. E a experiência que tive com este livro... Bom, vocês já vão conhecer.


Catherine Earnshaw vive com sua família em uma propriedade isolada no alto de um morro,  que, por causa de sua localização, foi denominada O morro dos ventos uivantes. Ela e o irmão Hindley ainda eram crianças quando o pai retornou de uma viagem trazendo um rapazinho, da idade deles, esfarrapado, esfomeado. Em um ato de caridade, o sr. Earnshaw decidiu adotá-lo e a ele deu o nome de Heathcliff.

Se a intenção do sr. Earnshaw era tornar Heathcliff um membro da família, não funcionou. Hindley, que era o filho mais velho, sempre tratou Heathcliff com desprezo e nutria por ele uma rivalidade, destratando-o sempre que tinha oportunidade. A relação entre os dois e esses sentimentos pouco amáveis vão se tornar cada vez piores e terão consequências graves para ambos, sobretudo na vida adulta.

Catharine e Heathcliff sempre tiveram uma relação de proximidade, eram muito ligados. Ele nutria um amor muito forte por ela e era correspondido, apesar dos anos e do tratamento recebido pelos demais membros da família e também das pessoas das redondezas, que o transformaram em um rapaz ranzinza, cínico. Era um sentimento tão profundo, e ao mesmo tempo destrutivo, corrosivo, que poderia até mesmo destruí-los.

Como viver em um lugar tão sombrio e permeado de sentimentos tão cruéis e duros, destrutivos? Descubra lendo O morro dos ventos uivantes!


                                    "-Não procuro vingar-me em ti - replicou Heathcliff, com menos veemência - Não é esse o meu plano. O tirano oprime seus escravos, mas não é contra ele que eles se voltam. Eles esmagam os que se encontram sob os seus pés. Tudo podes, para te divertires, torturar-me até a morte, mas permite que eu também me divirta um pouco no mesmo estilo e abstém-te de insultar-me o mais que puderes. Depois de teres destruído o meu palácio, não ergas uma choupana e complacentemente admires tua própria caridade em dar-ma como morada". p. 108/109.



Se eu fosse escrever todas as frases impactantes e significativas que encontrei ao longo do texto, esta resenha ficaria imensa.

Preciso começar expressando minha admiração pela escrita de Emily Brontë. Já estava preparada para encontrar outro romance de formação ou de costume, cheio de religiosidade, como é do feitio das obras das irmãs Bronte. Mas não esperava encontrar o que encontrei, nem na forma como encontrei.

Digo isso porque a primeira coisa que me surpreendeu foi o recurso narrativo utilizado para contar a história. O livro é narrado por um homem chamado de Sr. Lockwood, que é o novo inquilino de Heathcliff. Quando li isso, fiquei me perguntando como, então, seria contada a história de amor tão aclamada e conhecida de Heathcliff e Catherine. Mas, pouco depois, isso é esclarecido quando a antiga governanta da casa, Helena Dean, que conhecia os filhos do senhor Earnshaw desde a tenra infância, começa a contar a história para o 
Sr. Lockwood, passando assim a ser a narradora. Essa forma diferente de narrar me deixou ainda mais interessada pela leitura.


Outra coisa que me surpreendeu é a forma distinta com que Emily escreve, quando comparada às outras irmãs Brontë escritoras. Ela escreve de uma forma tão diferente, hipnotizante, instigante, que eu me vi devorando mais e mais páginas sem sequer perceber. Além disso, a forma como os sentimentos são descritos, ou como os personagens nos apresentam tais sentimentos, acabou me fazendo senti-los igualmente. E me vi odiando, amando, rindo de outro personagem, como se fizesse parte da história.

Apesar de não ter me causado empatia, carinho, proximidade por quaisquer dos personagens, exceto por Helena, esse livro se tornou um dos favoritos da vida! Se você duvida que é possível odiar um personagem e amar uma história, sugiro que experimente ler esse livro.

O livro foi lançado em 1847, em plena era vitoriana na Inglaterra, com uma sociedade puritana, pelo menos de aparências, o que acabou gerando uma crítica muito negativa e injusta ao livro na época de lançamento, sendo considerado imoral e um verdadeiro mau exemplo. Mas a verdade é que o livro nos traz personagens isentos de máscaras hipócritas, deixando o sentimento e a sinceridade vir á tona. Personagens desprovidos de perfeição, o que acaba por incomodar, principalmente em uma sociedade hipócrita.

Além disso, é importante deixar claro que essa história faz parte da era do Romantismo de segunda fase, que tinha como características o pessimismo, a fixação pela morte, amores doentios, e isso acaba por explicar muito do estilo que encontramos no livro.

Assim, indico para quem já ouviu falar muito desse livro e da autora, mas não teve coragem ou oportunidade de ler. Também para quem curte livros clássicos e literatura gótica. Enfim, mais um da lista "Esse eu indico para todo mundo!"


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