Terra faminta - Andrew Michael Hurley

>>  sexta-feira, 11 de junho de 2021

HURLEY, Andrew Michael. Terra faminta. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2021. 240p. Título original: Starve Acre.

" O que Ewan tinha sido não precisava determinar o que ele viria a se tornar. 
Este pensamento, mais que tudo, assombrou Richard por semanas após o funeral. Ewan poderia ter sido diferente. Ele poderia ter ficado bem. Mas não deu tempo. Agora, aos olhos de outras pessoas, ele nunca se redimiria. Ele seria, para sempre, aquele garotinho violento." p. 211

O inglês Andrew Michael Hurley ficou conhecido mundialmente com  Loney, classificado como suspense e terror gótico, seu estilo conquistou a crítica. Eu li faz alguns anos e não gostei rs, mas resolvi dar uma chance ao novo livro do autor, confiram o que achei de Terra faminta.

Richard e Juliette se mudaram para Starve Acre após a morte dos pais de Richard, eles herdaram a terra inóspita e a casa antiga enorme, para Juliette era o lugar ideal para os filhos que viriam a ter. Já ele, tinha seus receios, uma terra povoada por histórias antigas sinistras, onde nada parecia sobreviver.  Um terreno árido vermelho, nenhuma planta ou animal parecia vingar ali. 

Quando o filho de 5 anos do casal morre de repente, a vida dos dois desmorona. Seis meses se passam e os dois, sofrem de maneiras diferentes. Juliette se recusa a sair de casa, vive trancada no quarto que era do filho. Ela grava tudo o que acontece ali e tem certeza que a presença do filho está naquele quarto. Já Richard desconta sua frustração em uma pesquisa, ele começa a escavar o terreno, procurando por um carvalho que permeia as lendas locais. 

Segundo conta a história da cidade, aquele carvalho serviu para enforcar pessoas e a terra, carrega essa tragédia. Antes de morrer Ewan dizia ouvir vozes, vozes que mandavam que ele fizesse coisas. Os atos violentos do filho na escola, afastaram Ewan da possibilidade de fazer amigos, e dos pais, de fazerem parte da comunidade.  Richard acreditava que era apenas uma fase, mas o filho não chegou a crescer para provar que ele estava certo. 

Os dois buscam algo para sair daquela dor, do luto que os consome. Mas onde eles buscam esperança, encontram apenas mais dor, e algo sombrio e aterrorizante. 

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Realmente o estilo do autor não é para mim. Eu não gostei de Loney e aqui foi o mesmo, apesar do autor escrever bem, nada acontece, a trama não prende, não anda. Acredito que seja realmente um gosto pessoal, seu estilo é bem pouco aceito no Brasil. É um terror sutil, uma escrita meio poética que deixa muito para o leitor concluir.  

Eu gostei do início, mas foi só. A trama não anda, parece que nada de importante acontece e quando acontece, no final nada é explicado! Eu digo que é pouco aceito aqui, porque o livro conta, no momento em que escrevo esse texto, com uma média de nota de 2.8 no Skoob, contra 3.81 no Goodreads. Então vai mesmo do gosto pessoal de cada um. Se você curte terror gótico, historia que desafiam a sanidade do leitor, esse livro é para você! 

Os personagens são intrigantes! Juliette, a mãe, tomada pelo luto e sem conseguir seguir em frente. Era procura no sobrenatural a ligação com seu filho perdido. Ouve vozes, sente que Ewan ainda está em casa. Aceita a ajuda de Gordon, vizinho e amigo que acredita que o local é amaldiçoado, e de um grupo conhecido como "Os Faróis".  Richard já se joga no projeto de escavação para evitar pensar no filho. Ele tenta evitar a dor e segue em frente como pode, enquanto tenta dar espaço para a esposa e acredita que com o tempo ela vai melhorar.  Já Ewan é um mistério. Você não sabe se ele era uma criança ruim, se realmente havia algo sobrenatural que o influenciou ou se era apenas uma fase agressiva, que uma criança solitária não sabia expressar. A mãe parecia ter medo do filho no final, enquanto Richard achava tudo aquilo um exagero.

Os mistérios vão se desdobrando. O sobrenatural em si é bizarro! [ALERTA DE SPOILER] Temos uma ossada de uma lebre, encontrada em uma das escavações que aos poucos vai se regenerando até voltar a vida. E esse ser que ficar perto da casa. Até que Juliette acredita que a lebre é o filho que voltou e começa a tratar o bicho como um bebê. Desafia a sanidade de qualquer leitor kkk [FIM DO SPOILER].

Eu pretendo ficar longe desse estilo no futuro. Eu não digo que o livro não é bom, que não vale a pena, eu só sei com certeza de que não é o meu estilo. Mas achei bem escrito e muito sinistro. Resta saber se é um livro para você, caro leitor. E aí, me contem o que acharam!

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Avaliação (1 a 5):


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