A cachorra - Pilar Quintana

>>  quarta-feira, 18 de agosto de 2021

QUINTANA, Pilar. A cachorra. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2020. 160p. Título original: La perra. 



Ouvi falar pela primeira vez em A cachorra na edição de 2020 da Flip, Festa Literária Internacional de Paraty, em que a autora foi uma das confirmadas. Desde então, fiquei curiosa para conhecer a história do livro. Agora, divido com vocês minhas impressões. Vamos conhecer A cachorra?



Damaris vive em um balneário na costa da Colômbia com seu companheiro Rogelio, cujo relacionamento oscila entre altos e baixos. 



A vida de Damaris sempre foi cercada de instabilidade e tragédia. A mãe a abandonou logo nos primeiros anos de vida, seu melhor amigo foi devorado pelas ondas do mar e, para piorar, jamais conseguiu realizar seu maior sonho: ser mãe. 



Para aliviar a solidão que sente por jamais ter conseguido ter um filho, Damaris passa seus dias tomando conta da casa onde viviam os pais de seu melhor amigo morto, que foi abandonada após a morte do garoto. 



Um belo dia, porém, uma vizinha oferece um dos filhotes de sua cadela a Damaris, que, apesar de resistir inicialmente, decide adotar a única fêmea da ninhada e, assim, quem sabe, desviar um pouco o foco das tentativas frustradas de gravidez. 



Contudo, para uma mulher que sempre quis ter um filho, a chegada da cachorra poderá provocar sentimentos e instintos contraditórios e violentos, fazendo com que Damaris passe a questionar se a presença da cachorra lhe trouxe um rumo para a vida ou a tirou de vez do eixo. 



O livro é breve, denso, angustiante em determinados momentos triste, em outros apavorante.



Narrado em terceira pessoa e se passando em um ambiente descrito como tão triste e solitário quanto a vida da Damaris, o leitor é levado a acompanhar a vida da protagonista e as catástrofes de sua vida. Quando da chegada da cachorra na vida de Damaris, esse acompanhamento passa a ser inicialmente feliz, para depois passar a angustiante, inquietante e, por vezes, revoltante. 



Damaris não é como uma mulher que gosta de cachorros e os adota como um membro da família no sentido saudável que se dá à adoção de animais. Ela acha que a cachorra é a filha que nunca teve e a trata como tal. Até ai, tudo bem. o problema é que, sem considerar que a cachorra é um ser irracional, livre, à medida em que ela cresce, Damaris vai se dando conta de que não tem controle sobre ela como gostaria, e a relação entre as duas vai ficando cada vez mais pesada e doentia.



Apesar de ter causado uma empatia inicial, meus sentimentos em relação à Damaris foram se tornando conflitantes e fui ficando cada vez mais aflita, angustiada com as atitudes dela. Por outro lado, é uma história hipnotizante, difícil de largar, apesar de imaginar o tempo todo que nada terminaria bem para Damaris e a cachorra. Se sim, ou se não, vocês vão ter que ler para descobrir. 



Um ponto que me chamou a atenção e que colaborou para tornar o texto quase palpável foi a forma como a autora descreve o ambiente. Quase pude sentir o cheiro de maresia e da floresta ao redor de onde Damaris vivia. 



Para quem tem coração e, por que não, estômago fortes, indico muito essa leitura. Apesar de não ser de muito entretenimento, vai trazer um grande ensinamento, sobretudo em relação à forma, expectativas que colocamos em nossas relações. 



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Avaliação (1 a 5): 3.5




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