O palácio de papel - Miranda Cowley Heller

>>  quarta-feira, 24 de novembro de 2021


 HELLER, Miranda Cowley. O palácio de papel. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2021. 400p. Título original: The paper palace.


Ainda que não leia nada a respeito dos livros que chegam do Clube Intrínsecos (sério, leio a revistinha que vem junto apenas após terminar a leitura do livro), sempre abro a caixinha com uma boa expectativa do que virá. Errei raras vezes ao pensar que o livro não fosse me trazer uma surpresa positiva e, até hoje, a maioria dos que li se tornou favorito para o resto da vida. Será que, ao ler O palácio de papel, edição nº. 38 do Clube Intrínsecos, eu tive o atendimento satisfatório de minhas expectativas? Leia a resenha abaixo e descubra!



Elle e sua família passam todos os verões, desde que ela se entende por gente, em uma casa de praia em Cape Cod, chamada de O palácio de papel, devido à estrutura de papelão que o avô utilizou para construir os chalés. Este ano, Elle está tendo um verão diferente.


Ela está dividida entre a culpa, agora que finalmente os sentimentos que nutria pelo seu melhor amigo de infância, Jonas, explodiram em um acontecimento aguardado por anos (ainda que inconscientemente) e entre o amor que sente pelo seu marido, Peter, e seus filhos.


O acontecimento acaba provocando lembranças de um tempo muito remoto na vida e Elle, e o leitor é levado a uma viagem para conhecer o passado de Elle e sua família e o presente, ao longo de 24 horas. Nessas 24 horas, Elle pode tomar decisões e modificá-las diversas vezes, ficando em dúvida sobre sua vida, colocando, por vezes, o leitor também em dúvida, à medida que vai sendo afetada não só pelos acontecimentos do passado, mas pelo acontecimento mais importante do seu presente.



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Alguns minutos depois de terminar a leitura, me sentei para escrever essa resenha e o sentimento que ainda me acomete é de perda. Ao mesmo tempo, ainda não faço ideia do que escrever, mas preciso expressar meus sentimentos enquanto ainda estão frescos. É difícil colocar em texto tudo o que senti ao longo dessa leitura, mas vou tentar. Já aviso que muita viagem pode sair deste pequeno cérebro que remói tudo o que li e senti, em um looping infinito. Logo, se você ler e não concordar com minha experiência, tá tudo certo, rs.


O palácio de papel, como eu disse na sinopse, é uma referência, primeiramente, à forma como o avô e Elle construíram as cabanas da família em Back Woods, com papelão. Mas é também, pelo menos assim eu entendi, uma metáfora sobre as relações, sobre a vida que Elle levou na infância, quando seus pais priorizavam os próprios relacionamentos, e não as filhas.


É também uma metáfora para a fragilidade da vida, para as mentiras contadas para esconder um grande segredo, para esconder de todos e de si mesma o que sentia por Jonas.


Uma capa protetora, não muito resistente, maleável e que, mesmo assim, resiste ao tempo, como as cabanas construídas pelo avô de Elle.


O livro, que é dividido em cinco partes, alterna entre o passado de Elle e as últimas 24 horas. No passado, vemos como Elle conheceu Jonas, Peter, seu relacionamento com os parentes e com a irmã mais velha. Vemos também os acontecimentos que fizeram Elle ser que é no presente e tudo o que ela pensa, lamenta, sente, na atual conjuntura de sua vida, além, claro, das decisões que toma e das dúvidas que passa a ter graças à essas decisões, rs.


No início, eu não estava conseguindo me conectar tanto com a história, não conseguia imaginar o que a autora pretendia. Essa sensação durou apenas algumas páginas, quando então entrei de vez na história e não consegui mais largar até terminar.


Gostei muito da mãe de Elle, principalmente de sua "versão" atual; da própria Elle e da sua irmã. A cada acontecimento, bom ou ruim com elas, eu torcia para que ficassem bem, que desse tudo certo e que Elle decidisse pelo que fosse melhor para si, não para todo mundo. Foi como ouvir a história de vida de uma grande amiga, que resolve revelar a você algo sobre o passado dela que ninguém sabia.


O pai de Elle é um verdadeiro imbecil, assim como o s namorados que Wallace, mãe de Elle, arrumou ao longo da vida. A mulher tinha um dedo super podre para homens, aff.


Peter é um cara legal, um bom marido, bom genro. O que fez ele não cair 100% nas minhas graças foi a existência do Jonas, para quem toda a minha torcida foi, o livro inteiro.


A crueza da história, o segredo de Elle que podia ser o segredo de qualquer pessoa, como a vida acabou sendo afetada de uma forma brutal, capaz de transformar as relações e os sentimentos em algo tão frágil e ao mesmo tempo superficial são pontos que me fizeram gostar da história de uma forma que tenho certeza que vou carregar os personagens no pensamento por um bom tempo.


Acabei terminando o livro remoendo tudo e com uma quantidade absurda de questionamentos na cabeça. Não por haver brechas no livro, mas por questionar a vida mesmo. Os "e se" são muitos e, infelizmente, não serão respondidos, já que o caminho trilhado pela protagonista foi diferente do que levaria à possível resposta para as minhas perguntas. E, se querem saber, tá tudo certo! É pra ler livros assim que levo essa vida como leitora. Livros que nos coloque para pensar, para refletir, seja sobre o que for.


É um livro que indico fortemente para aqueles que gostam de boas histórias e que não ligam para o final não ser, exatamente, fechadinho como um ciclo que se encerra, já que, afinal de contas, a vida continua.



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