Lucíola - José de Alencar

>>  quarta-feira, 2 de fevereiro de 2022

 

ALENCAR, José de. Lucíola. Rio de Janeiro: Editora Martin Claret, 2012. 152p.

José de Alencar foi um dos poucos autores que me passou batido na época de colégio e, por isso, não tenho nenhum trauma em relação aos livros escritos por ele. O primeiro livro do autor que li foi Senhora, já na época em que participava do Clube do Livro das Chocólatras e ganhou meu coração. Agora, também graças ao Clube do Livro, pude conhecer a história de Lucíola, experiência que divido agora com vocês.




Paulo veio de Pernambuco para o Rio de Janeiro e, logo na sua chegada, conheceu uma moça linda. Ele acredita que se trata de moça fina, de família, (ao estilo bela, recatada e do lar) e se encanta por ela.


Ao questionar a um amigo sobre ela, ele descobre que, na verdade, de recatada e do lar Lúcia nada tem. Ela é uma cortesã, uma prostituta de luxo que cobra altos preços por seus serviços e é bem conhecida na alta sociedade, sobretudo pelos homens. Além de acabar com o bolso de seus amantes, ela arrasa também com o coração deles. Mas apesar de muito conhecida e muito requisitada pelos homens, Lúcia não é bem quista pela sociedade de forma geral, justamente

por ser uma cortesã. Ela não gosta da vida que leva, mas tem seus motivos para tê-la. Quando conhece Paulo, ela acredita que finalmente encontrou um homem decente e diferente de todos os que a cerca.


Quando se aproximam, contudo, ela descobre que está enganada sobre ele. Mas, apesar de tanto erro de julgamento por parte dos dois, e talvez até por isso mesmo, eles se veem atraídos um para o outro por um amor que mais do que os unir, irá trazer redenção para seus corações.




O livro é narrado por Paulo, em primeira pessoa e ele conta como que se recordando do passado, da época em que chegou ao Rio e conheceu Lúcia. Me lembrou um pouco a forma como Machado de Assis escreve.


Fui sendo atraída para dentro da história de forma bem sutil e, quando me dei conta, metade do livro já tinha se passado e nem percebi. Foi como se estivesse assistindo à novela das 18h da Globo, sabe? Aquelas de época.


Fiquei muito interessada em como se desenrolariam os acontecimentos, torcendo muito por Lúcia. Fiquei pensando na facilidade que temos de julgar as pessoas sem conhecer ou entender os motivos que as levam a fazer determinadas coisas, a tomar determinadas decisões sobre a própria vida, sendo que tais decisões nem sempre beneficiam a pessoa. No livro, isso acontece o tempo todo, esses julgamentos.



A história se passa em 1855, em um Rio de Janeiro ainda "pequeno", com uma sociedade que praticamente todos se conheciam. O livro foi lançado em 1862 e foi um verdadeiro escândalo para a época, por se tratar de uma história de prostituição, com cenas que para a época seriam absurdas, como uma em que há uma orgia entre homens da alta sociedade, quase todos casados.



Uma curiosidade sobre o título do livro é que "Lucíola" é um inseto que vive em lugares escuros, como um vagalume, trazendo luz ao local onde está. A referência ao inseto foi usada no livro para descrever a personalidade de Lúcia, que chegava iluminando, irradiando luz, onde quer que fosse, ainda que estivesse, muitas vezes, vivendo um momento obscuro.



José de Alencar traz uma proposta de amor da alma, que vai além do amor carnal. Um amor extremo, profundo, até mesmo piegas, bem típico do Romantismo, estilo que o autor fazia parte.


O final me emocionou bastante, apesar de ter desconfiado o que iria acontecer. Engraçado que a sensação que tive o terminar a leitura foi a mesma que tive quando terminei Senhora. Será que isso me dá ânimo para encarar Iracema?



Não sei, mas sei que indico Lucíola para todos, sobretudo para curar traumas causados por leituras obrigatórias no colégio e para o vestibular. Leiam!



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Avaliação (1 a 5):







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