O júri - John Grisham

>>  segunda-feira, 19 de setembro de 2022

GRISHAM, JOHN. O júri. São Paulo: Editora Arqueiro, 2022. 448p. Título original: The runaway jury.

"O cigarro mata quatrocentos mil americanos a cada ano, de acordo com o Dr. Kilvan, e ele tinha quatro grandes tabelas para provar isso. É o produto mais fatal do mercado, nada chega nem perto. Exceto as armas, e elas, claro, não são projetadas para serem apontadas e disparadas contra pessoas. Cigarros são projetados para serem acesos e fumados, esse é seu uso correto. São fatais se usados justamente como planejado." p. 148

John Grisham costuma explorar questões polêmicas em seus muitos thrillers jurídicos, e aqui não foi diferente. Confiram o que achei de O júri!

Uma empresa tabagista será julgada, acusada de ser culpada da morte de um homem que fumou por 30 anos e morreu de câncer no pulmão. A viúva pede indenização. As empresas tabagistas são bilionárias e trabalham em conjunto para impedir que algo assim aconteça. E eles nunca perderam.  Uma condenação abriria um precedente para milhares de outras ações do mesmo estilo. E eles não pretendem perder!  

A indústria tabagista no banco dos réus é defendida por Durwood Cable e inúmeros outros advogados, ele é apenas quem estará na frente, falando com os jurados. Mas na verdade, o nome mais importante da defesa é Rankin Fitch, um consultor de júri que faz o que for preciso para ganhar. Sua ética é questionável e ele está acostumado a manipular membros do júri e seus familiares para conseguir o resultado favorável. 

Do lado da reclamante, temos Wendall Rohr, ele e outros advogados investiram milhões nessa ação, na esperança de ganhar e abrir um precedente contra o mercado tabagista. E tudo estará nas mãos do júri. 

Nicholas Easter, 27, é um dos jurados, e uma incógnita para os advogados de ambos os lados. A ampla pesquisa que fazem sobre cada jurado não encontrou nada, seu passado é uma folha em branco. E ninguém sabe de que lado ele está.

Com o início do julgamento logo muitos problemas acontecem, jurados estão sendo seguidos, o juiz fica sabendo de alguns problemas e determina o isolamento dos jurados, frustrando os planos de Fitch de influenciá-los. Até que aparece uma mulher misteriosa, Marlee, que alega ser capaz de prever o comportamento dos jurados e controlar o veredicto. E ela tem uma proposta para ele. 

Um julgamento milionário, várias perguntas importantes em aberto. Cigarros viciam? Sim. Cigarros podem matar? Sim. E todos sabem disso? Sim. E se uma pessoa continua fumando mesmo assim, a responsabilidade é só dela ou a empresa fabricante pode ser responsabilizada? Eis a questão... 

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Incrível como a narrativa do autor sempre prende, a narrativa é excelente. Adorando a premissa, o júri e o problema ser julgado. Uma empresa fabricante de cigarros pode ser culpada porque um fumante inveterado morreu de câncer de pulmão? A discussão é bem interessante, ainda mais sendo apresentada pelos dois lados durante um julgamento. 

Eu adorei o enredo! A questão a ser discutida é importante e temos vários acontecimentos eletrizantes ao longo dos livros e alguns mistérios que vão sendo desvendados. Achei o livro um pouco longo e descritivo demais em alguns momentos, mas como eu sou fã do autor, isso não me desanima. 

Os jurados vão sendo apresentados aos poucos e são bem interessantes, alguns são fáceis de ler e dá para imaginar em que lado irão votar. Outros são uma incógnita. O principal deles, Nicholas, fez de tudo para fazer parte do júri, então sabemos que ele trama algo com suas atitudes manipuladoras, mas não dá para saber de que lado ele está. Ele quer jogar para a defesa e ganhar uma grana alta em cima das empresas de tabaco? Ou ele quer um veredicto contrário para fazer com que elas paguem por tantas mortes causadas pelo câncer e, indiretamente, pelo vício em cigarros? Marlee, que trabalha com ele do lado de fora, é outro mistério. 

Eu gostei muito de todos os personagens, me envolvi com todos eles e torci muito para a reclamante. Afinal, queria ver as empresas pagarem por tanto lucro originário do vício. Tudo bem que a pessoa tem livre arbítrio para começar a fumar e para parar, mas todos sabem o quanto é difícil parar de fumar, já que a nicotina é feita para viciar. A questão é nebulosa, então foi muito interessante acompanhar tantas opiniões diferentes. 

Durante a leitura eu ficava agoniada com a defesa tentando manipular os jurados de várias maneiras, e sem saber de que lado Nicholas jogava. Mais perto do final eu deduzi o que ele e Marlee iriam fazer. E mesmo acertando, amei o final e os desdobramentos. 

E o final foi empolgante, mas deixou algumas perguntas em aberto. Afinal, todo veredicto é passível de recurso, então ficaria por isso? Eles podem reverter a situação? Fica essa incógnita. E acontece tanta coisa maluca com esse júri que achei impossível não descobrirem algumas das tramoias. 

O livro foi adaptado para o cinema em 2003 com o título Runaway Jury, dirigido por Gary Fleder. O filme tem no elenco John Cusack (Nicholas), Dustin Hoffman (Dr. Rohr), Gene Hackman (Fitch) e Rachel Weisz (Marlee). Eu não assisti, como sempre rs, mas agora fiquei curiosa. 

Eu sou fã do autor e do estilo, e para quem curte thrillers jurídicos, Grisham é o nome do gênero. Leiam!

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