Querida Konbini - Sayaka Murata

>>  quarta-feira, 5 de abril de 2023

 


MURATA, Sayaka. Querida Konbini. São Paulo: Estação Liberdade, . 152p. Título original: Konbini Ningen.  

Assisti a uma resenha desse livro que me deixou muito curiosa para conhecer a história. Me deixou ainda mais curiosa o fato de ser um livro japonês, que foge ao lugar comum de livros estrangeiros que estamos acostumados. Agora, conto para vocês minhas impressões sobre  Querida Konbini!


Keiko Furukura só se considera um ser humano, incluído na roda que gira a sociedade, quando está na konbini, uma típica loja de conveniência japonesa, que funciona 24 horas por dia. 

Keiko é movida pelos sons da konbini e toda sua vida é seu corpo funcionam em função desse trabalho.

Todo mundo a critica, pois ela entrou na loja aos 18 anos e está lá há 18 anos ainda como funcionária temporária. Além disso, não tem relacionamento sério com ninguém e já está com 36 anos. Ela é,  então, considerada a esquisita,  fora dos padrões. E, o mais incrível de tudo isso, é que ela não dá a mínima para isso. 


Essa é uma história que amei e odiei ao mesmo tempo, rs. 

Amei, porque a autora usou uma forma incrível de trazer uma crítica à sociedade, que considera um ser humano apenas pelo trabalho que ele faz, pela utilidade dentro da sociedade, da sua relação com outros seres humanos.

 Uma crítica feita pela autora à sociedade japonesa, mas que pode servir à qualquer sociedade que impõe padrões. 

Uma pessoa só é uma pessoa quando trabalha, ou casa e tem filhos (ou as três coisas, rs). O trabalho deve ser fixo e estável e o casamento deve ser firme, com filhos.  A pessoa deve movimentar a roda da sociedade, por assim dizer. E Keiko não é um ser humano, já que não se enquadra nesses padrões. 

Mas ela é apaixonada pelo que faz e acha que só consegue se mover, se sentir viva, sendo um "bicho funcionário de konbini". E assim não são as pessoas que são apaixonadas pelo que fazem na vida? Ela não se sentem vivas ao fazerem o que amam? Queria eu sentir essa vida, esse entusiasmo em relação à minha profissão! Mas acaba que as pessoas limitam sua vida a isso: trabalho e casa. É isso que Keiko faz e é aí que está a crítica. 

Mas odiei, por outro lado, ao ver como Keiko se submete à crítica das pessoas sem se manifestar, sem se irritar, sem dar o grito, sabe? Aguentar algumas situações que ela passa no livro sem brigar me deixou muito p da vida, rs. 

A forma com que Keiko vê o mundo, os colegas de trabalho (que deixam de ser seres humanos individuais para serem Funcionários), é muito peculiar e interessante e, levando para o nosso dia a dia, é muito fácil nos identificar. 

Somos feitos do meio que ocupamos, que convivemos, das pessoas com quem lidamos, e acabamos sempre levando algo dali para nós, para nossa vida, ainda que inconscientemente. As pessoas são movidas a trabalho e a agir de forma a se preparar para esse trabalho quando não se está trabalhando, seja naquilo que  escolhemos fazer nas horas vagas, até mesmo no que divulgamos de nossa vida nas redes sociais e para outras pessoas. 

Fiquei muito curiosa para ler outros livros da autora, para saber se outras histórias são carregadas de significados interessantes como essa. 


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Avaliação (1 a 5): 4.5








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