Viagem Literária: Refúgio

COBEN, Harlan. Refúgio. São Paulo: Editora Arqueiro, 2012. 224p. (Mickey Bolitar, v.1). Título original: Shelter.

"Apesar de tudo, acredito que no fundo as pessoas tenham um bom coração" p. 150 (Trecho citado de O diário de Anne Frank)

A trilogia Mickey Bolitar é já bem antiga, mas era um dos poucos livros do Harlan Coben lançados por aqui, que eu não tinha lido. O livro é narrado pelo sobrinho do famoso personagem Myron Bolitar, então tem um estilo de narrativa mais jovem. Confiram o que achei do primeiro livro, Refúgio!

Mickey Bolitar, 15, foi obrigado a ir morar com seu tio, Myron Bolitar, depois do falecimento do seu pai, irmão de Myron, e de sua mãe, Kitty, ser internada em uma clínica de reabilitação. Ele sabia que seu pai brigou com o tio, quando sua mãe ainda estava grávida, e que nunca mais se falaram. Ele está triste, de coração partido pelo pai, se sentindo culpado pela sua morte, e evita o tio ao máximo.

Mickey foi matriculado em uma nova escola, algo que ele sempre sonhou, fazer amigos e estudar em uma escola normal, entrar para o time de basquete. Mickey foi criado pelos pais em vários países do mundo, enquanto os pais prestavam serviços sociais e trabalhavam em abrigos. À medida que ia crescendo, foi se revoltando com todas as mudanças de países e de escola. Os pais aceitaram voltar para os EUA para ele poder jogar basquete, seu grande sonho, e ser um adolescente normal. E por isso, o pai estava morto.

Na escola ele começa a namorar Ashley, uma moça linda e muito reservada, mas uma semana depois, ela desaparece misteriosamente. Determinado a não deixar de lado a única coisa boa que lhe aconteceu nos últimos tempos, começa a investigar. Nessa busca, faz dois novos amigos. Um deles é Colherada, um nerd que não tem amigos e faz comentários aleatórios sobre tudo; e Ema, outra excluída que se veste toda de preto, usa muitos piercings, tatuagens e maquiagem pesada nos olhos. Ema também tem seus mistérios, nunca conta nada sobre onde mora, sua família ou sua vida em geral. Para fechar a turma bem improvável, Mickey se aproxima de Rachel, uma das meninas mais bonitas e populares da escola.

Se não fosse estranho o suficiente, uma senhora de idade que mora em uma casa caindo aos pedaços no caminho da escola, afirma algo muito estranho. Ela diz que o pai de Mickey ainda está vivo.

Ele começa a investigar sem contar para ninguém, sem confiar nada ao tio, e correndo muitos perigos. Ele e seus amigos se envolvem em uma trama cheia de mistérios e intrigas, que envolvem bandidos perigosos. Mas Mickey, sem juízo como o tio, está disposto a tudo para proteger aqueles que gosta.

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É daqueles livros leves, com narrativa gostosa, que prendem até a última página. Li em dois dias, curiosa para saber como vai terminar. Por ser narrado por um adolescente de 15 anos, tem uma vibe meio new adult. Mas o suspense é pesado e tem cenas violentas como todos do autor.

Eu gostei de Mickey, adorei ele com seus amigos, gostei da narrativa e me diverti lendo. Porém, para leitores mais maduros ou fãs do autor, a trama é bem simples e chega a ser um pouco inacreditável em alguns desdobramentos. Principalmente em tudo que envolve a morte, ou não, do pai dele. O pai morreu em um acidente de carro, ele estava junto e foi ferido. E ele passa o livro todo pensando se o pai morreu mesmo ou não. Mas em um caso assim, algum familiar teria que reconhecer o corpo, certo? Quem fez isso? Não fala, ele não questiona, só fica investigando a velha maluca.

E existindo mesmo uma conspiração, quem em sã consciência envolve um adolescente nisso? Beemmm forçado e surreal. Até porque tudo remete a uma organização que salva pessoas em risco, que remete a acontecimentos desde a Segunda Guerra Mundial. Por outro lado, a parte da investigação sobre o desaparecimento de Ashley faz mais sentido, e a forma como tudo foi sendo descoberto também. Eles são inteligentes, não têm nenhum juízo e se metem em várias confusões ao longo do livro.

Myron aparece bem pouco e me deixou agoniada pelo fato de Mickey não contar nada para ele, e meio que odiar o tio (pela briga do passado com seu pai). Até porque Myron tem contatos, foi investigador, e o sobrinho sem saber de nada disso e se metendo em várias enrascadas.

No final o mistério de Ashley é resolvido, mas tudo sobre o pai dele, e novos dramas, ficam em aberto. Eu gostei da leitura e já comecei o segundo livro. Ele começa exatamente de onde esse parou, então foi ótimo ler em seguida.

Para quem é novo no estilo, um livro menos complexo é uma ótima pedida. Excelente também para jovens que querem começar a ler suspense, leiam!

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Trilogia Mickey Bolitar