Depois do pôr-do-sol

>>  terça-feira, 22 de novembro de 2011


“Sabe o que dizem sobre sermos todos os anjos e os demônios uns dos outros?
Ela é literalmente um anjo de Botticelle me dizendo que tudo vai ficar bem”
Antes do Amanhecer, 1994

O amor acaba. Até Vinícius de Moraes, nosso poetinha do amor, aceitou essa sentença. Pedia apenas que fosse infinito enquanto dure. Mas, se o amor acaba é porque o amor começa. Ao virar a esquina, com o olhar que se ergue inocente, na conversa ao pé do ouvido ou no elevador lotado. Luce e Daniel, em Paixão, viveram isso repetidas vezes. Para cada história o amor escolhe como, quando e onde começar. Acaso? Sorte? Predestinação? Normalmente, o amor prefere o inesperado ao previsível.

Lembram do casal dos filmes Antes do Amanhecer e Antes do Pôr-do-Sol? No primeiro, o amor começa em um trem a caminho de Viena. Dois estranhos, uma atração muito forte e menos de 24 horas para viverem uma noite única de amor antes de se separarem.

Nove anos depois, em Antes do Pôr-do-Sol, Jesse e Celine voltam a se encontrar em Paris. Mais uma vez, eles terão algumas horas antes do vôo de volta de Jesse para fazer um balanço de suas vidas até ali. Lembrei deles, porque parece que em 2012, depois de outros noves anos se passarem, pode ser lançada a terceira parte da história.

O que mais me encanta em Jesse e Celine é a força dos diálogos francos sobre coisas que, na maioria das vezes, não estamos dispostos a expor tão facilmente. Evidentemente que a simplicidade é apenas aparente. É muito difícil obter essa sensação de espontaneidade quando você acaba de conhecer alguém. Será que é aí que começa o amor? Ou é quando Celine diz: “Gosto de sentir seus olhos em mim, quando desvio o olhar”.

Olho pra eles e vejo como somos frágeis diante do amor, neste exato momento em que ele começa. Teorizamos, é claro, porque a prática nos enlouquece. Naquele trem, quantos ofereceriam o lugar ao lado, para o amor começar? Mesmo que fosse apenas por uma noite? Uns com medo da vida, outros com medo das pessoas.

Jesse e Celine são uma bela declaração ao próprio amor, em uma madrugada nada típica, onde dois estranhos se tornam mais íntimos do que muitos casais que se conhecem há anos. A espera do terceiro filme da sequencia, como Jesse explica ainda no segundo filme, os românticos querem acreditar que eles vão se reencontrar e viver felizes para sempre. Os céticos, em nada mais que uma última despedida.

E você? Acredita em que? Com o poetinha também aprendi que "a vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida". E mais do que a arte do encontro, entendi que a vida é o aprendizado da despedida, já que a única consequência garantida do "muito prazer" é o adeus. Mas, isso aí, tá difícil de aprender. 

 

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