Eu, eu mesma, Maria Bonita e Chiquinha Gonzaga

>>  segunda-feira, 7 de novembro de 2011


Enfim, livre! Ultrapasso hoje a barreira dos trinta. Ainda tinha algum receio de ser abduzida para outra dimensão, mas pelo jeito as mulheres com mais de trinta ainda habitam este planeta. Embora eu nunca saiba dizer o que quero para este dia, ele sempre sai completamente avesso a qualquer plano. E o dia hoje amanheceu estranho.

O que eu sei sobre aniversários: deveria ser o dia em que as pessoas se sentem mais completas e queridas, com tantos telefonemas, mensagens, abraços e todo afeto alheio. O que eu descobri: nunca é suficiente. O que falta para sentirmos o carinho subjetivo que já temos em casa, no trabalho, na família? Continuo focando no que falta. Como se o balanço sempre fosse negativo. Ou como se sempre houvesse um dolorido recomeço, imitando O céu está em todo lugar, de Jandy Nelson. A incompletude me presenteia com sua bocarra aberta.

Acredito que esse vazio me alimenta para ser quem sou, para ter a sensibilidade que me permite pensar, escrever e viver o que vivo. Sei que vai passar depois da virada. E, ao mesmo tempo, sei que nunca vai passar. Aprendi a viver com isso.

Já disse aqui que, aos 15, achava que as pessoas de trinta faziam parte de outra dimensão. Não fazem. Somos a mesma pessoa, talvez menos neuróticas. Nos últimos anos, aprendi a dizer não. E essa é a grande revolução da minha vida. Antes, me sentia culpada. Com o tempo, fiquei mais segura até para, quando for o caso, demonstrar minha insegurança. Aprendi a ver o todo, e não o detalhe e, assim, me reconheço no espelho. Aos 31, desejo a liberdade de Maria Bonita e a felicidade de Chiquinha Gonzaga. Amém!

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