O primeiro último beijo - Ali Harris

>>  segunda-feira, 18 de abril de 2016

HARRIS, Ali. O primeiro último beijo. São Paulo: Editora Verus, 2016. 448p. Título original: The first last kiss.

“Vejo o buquê subir em câmera lenta sobre a cabeça de todas as mulheres, as faces brilhantes e esperançosas, e logo em seguida frustradas, depois decepcionadas, quando ele voa além de seu alcance. E então sinto Ryan me empurrar e passar por mim, e assisto com espanto quando ele pula atleticamente e o pega. Ryan aterrissa e se vira, agitando o buquê e abrindo um largo sorriso para mim. Ele vem e o põe em meus braços, antes de dar uma volta pelo ambiente como se tivesse acabado de ganhar a Copa da Inglaterra. Aparece diante de mim de novo, me abraça e me beija. O lugar irrompe em aplausos.
Cubro o rosto de vergonha, e ele afasta minhas mãos para poder me beijar. Lydia acena para mim do palco, encantada, e Carl ergue o polegar. Vejo Jackie e Dave em outro canto pulando e batendo palmas. Sinto minha pele formigar e meu rosto ficar da mesma cor do vestido.
Ryan ri.
- Desculpe, amor, não pude resistir.
- Não pôde resistir a se exibir! – censuro, mas sorrio e pego sua mão.
Ele pisca.
- É que eu sei como você é ruim em esportes. Nunca ia conseguir pegar o buquê! A maioria das mulheres me agradeceria.
- Ah – interrompo -, mas você esqueceu, Cooper, que eu não sou como a maioria das mulheres...
- Eu sei, Molly Carter. É isso que eu amo em você.” p.85

Sei que vocês devem imaginar que depois de seis anos de blog, eu tire qualquer resenha de letra, escreva quase sem pensar. Até que acontece muito, mas alguns livros são especiais, por alguns livros eu quero fazer mais! Livros que leio sem saber o que esperar e  viram favoritos; normalmente eles não vêm já com a fama de um autor conhecido, ou com uma divulgação estrondosa da mídia. São aqueles livros que eu quero desesperadamente convencer o leitor a ler, que gostaria que vocês lessem a resenha e corressem para marcar como desejado no Skoob... Ah esses são os mais difíceis, porque por mais que eu tente, é difícil explicar tudo o que eles representam. Hoje é um daqueles dias, quando eu olho para a tela e meus olhos marejam, quando me faltam palavras para falar sobre O primeiro último beijo da Ali Harris.

“Ele me deu um beijo que vai durar para sempre.”

Molly Carter foi a adolescente introvertida, que se escondia atrás de sua câmera e se achava muito esquisita com seu estilo alternativo. Mesmo desdenhando dos garotos populares e seus egos, era impossível não notar a beleza de Ryan Cooper. Ele era a estrela de futebol do colégio, o menino lindo e com sorriso enorme. Ela era a garota calada, que tinha grandes sonhos para o futuro, enquanto se escondia no presente. Queria deixar para trás a pequena cidade marítima de Leigh-on-Sea, onde vivia, e conquistar o mundo. Molly queria ser livre, e correr atrás dos seus sonhos. A primeira vez em que eles conversaram de verdade foi em 1994, e mesmo ali, algo os atraía, algo que ela insistia em negar.


“Por que será que precisamos saber o que queremos ser e com que tipo de pessoa queremos estar antes de sequer saber exatamente quem somos?”

Ela só adiou o inevitável, na primeira vez em que se beijaram de verdade, sabia que tinha encontrado algo único e especial. Eles namoraram, se entregaram ao amor, jovens e apaixonados. Com um mês estavam morando juntos... Enquanto Ryan amava a vidinha na cidade natal, ficar perto dos pais e dos amigos, Molly queria mais. E tudo o que ela buscava, acabou fazendo com que perdesse o melhor que tinha. Mas hoje, tantos anos depois, Molly percebe quantos beijos desperdiçou, e agora, parece ser tarde demais para recuperá-los.

“Como posso fazer com que um beijo dure a vida inteira?”

“Por que ninguém avisou que cada beijo é uma contagem regressiva para o adeus?”


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Sabe quando você quer contar tudo, mas não pode contar quase nada? Sou eu com esse livro! O início da leitura é até um pouco confuso, eu custei para me acostumar com o ritmo das idas e vindas, com tantos flashbacks, tentando colocar tudo em ordem e entender o que acontecia. No início achei a leitura um pouco lenta e com trechos desnecessários. Depois, tudo faz sentido! Cada flashback tem seu porquê, cada texto (aparentemente aleatório) sobre beijos entre os capítulos, fazem sentido no final. E ah o final, fez com que o livro se transformasse em um dos meus romances favoritos.

E eu nem consigo citar bons exemplos para comparação! Na sinopse citaram P.S Eu te amo e Um dia. O primeiro tem uma característica trágica que não existe aqui, esse é um livro de vida e não de luto. O segundo eu nem gostei tanto, tem algumas semelhanças no estilo da narrativa e nos encontros e desencontros do casal, mas também tem um lado trágico que difere do cerne dessa história. Então, não vou comparar com nada porque vocês vão acabar tirando conclusões erradas hehe. Esse livro fala basicamente de VIDA e de AMOR. De escolhas e das consequências delas. De como valorizar esse sentimento tão raro quando você o encontra, de como as pessoas muitas vezes perdem tempo planejando uma vida ao invés de vive-la. Como, tantas vezes, damos pouco valor a tudo o que temos, ansiando sempre por mais.

Ryan é calmaria, é sorriso no rosto e coração repleto de amor. Ele é um cara simples, ama a família, os amigos, ama Molly e está plenamente feliz com tudo o que conquistou. Apesar de ser feliz assim, Ryan também pode ser descrito como um homem acomodado. Aos 20 e poucos anos, Molly quer mais! Ela ama Ryan, está feliz com ele, mas não para de pensar em tudo o que deixou de viver. Seu sonho de ser fotógrafa, viajar pelo mundo, ter uma exposição, ser livre! Durante a leitura é muito fácil julgar Molly, eu tinha vontade de sacudi-la e gritar para ela enxergar tudo o que já tinha de bom. Mas quem nunca teve sonhos e dúvidas? Como julgar Molly por querer mais da vida, ao invés de se acomodar, mesmo que fosse com o amor da sua vida?! Essa história, se trata também de escolhas.

Eu me irritei com Molly, com Ryan e sua obsessão pela cidade natal. Eu torci por eles o tempo todo, apesar de tudo isso. Me emocionei com as cenas mais bobas (como essa do buquê no início da resenha), chorei litros com outras. Ri do relacionamento dos dois, da forma descomplicada como eles acabavam se entendendo. E fiquei agoniada, é claro, para saber porque Molly estava daquele jeito (só lendo...) no presente. O presente é em 2012, começamos lá com Molly narrando, mas aí volta para vários anos importantes na vida dos dois, desde o início de 2001. Vai e volta, uma agonia sem fim rsrs. Depois? Prometo, você vai entender tudo e vai valer a pena a espera.

A autora é fantástica. Cada página vai fazendo sentido aos poucos, cada personagem tem seu jeito único e sua importância na trama. Ali Harris escreve com o coração, suas palavras me tocaram fundo, mexeram muito comigo.

Ok, isso já está gigante, vou concluir. Um livro lindo, doce, emocionante e divertido. Triste e romântico. Alegre e cheio de vida. Uma história de encontros e desencontros, com centenas de lições sobre a vida, o amor e etc e tal. Parem tudo! Vão ler logo! Depois me contem se gostaram! Nem vou ficar arrasada se alguém não gostar... :-D Leiam!!!

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