Uma proposta e nada mais - Mary Balogh

>>  segunda-feira, 16 de abril de 2018

BALOGH, Mary. Uma proposta e nada mais. São Paulo: Editora Arqueiro, 2018. 272p. (Clube dos sobreviventes, v.1). Título original: The proposal. 

"- Suponho que se eu fosse um cavalheirodeveria agora fazer pedidos patéticos de desculpa. 
Mas fui avisada – ressaltou ela - e não recusei. Devemos concordar, lorde Trentham, que foi um dia muito estranho para nós dois, mas que agora está quase no fim, não é? Amanhã deixaremos tudo isso para trás e adotaremos um comportamento mais decoroso. 
Ele se endireitou e uniu as mãos às costas. Ela começava a reconhecer aquela atitude como uma posição familiar. 
Parece sensato – concluiu ele." p.59 

A romancista Mary Balogh é mais conhecida no Brasil por sua série, Os Bedwyn, que tem um estilo diferente de outras autoras do gênero. A série é mais séria, mais atenta aos comportamentos vigentes na sociedade daquela época, de certa forma, os livros eram mais formais. Eu estava muito curiosa para ler outro livro da autora, para saber se seguiria nessa linha ou seria diferente, e fui ansiosa conhecer sua nova série por aqui, com o primeiro volume da série Clube dos sobreviventesUma proposta e nada mais. 

Hugo Emes era apenas um rapaz comum, filho de um comerciante muito rico. Após lutar nas Guerras Napoleônicas, ganhou título e fama por seus feitos heroicos,  porém, ele não queria nenhum dos dois. Hugo voltou da guerra arrasado, se sentindo culpado pelo destino de muitos de seus homens. Ele se tornou Lorde Trentham e encontrou na casa de um nobre, o abrigo e o apoio que precisava para se recuperar. O Duque de Stanbrook abrira sua casa para cuidar de pessoas feridas na guerra, era um viúvo que tinha perdido o único filho em uma batalha. Agora, dois anos depois, eles eram grandes amigos, seis homens e uma mulher, que se reuniam naquela casa anualmente para se encontrar. Eles se auto proclamaram de O clube dos sobreviventes. Hugo era o grandalhão do grupo, um gigante que se escondia atrás de uma carranca mal humorada. 

Hugo odiava a nobreza, não entendia o comportamento dos nobres e evitava se relacionar com eles, claro, com exceção de alguns de seus amigos. Após a morte do pai, ele precisava se assentar, sair da clausura em que vivia e assumir os negócios da família. Ele tinha uma madrasta e uma meia irmã sob sua responsabilidade, e não podia mais fugir disso. Então ele decide procurar uma esposa, afinal já tinha 33 anos, alguém dentro de sua própria classe, que lhe ajudasse com a irmã adolescente, que sonhava em conhecer a sociedade.  

Lady Muir já tinha passado por muita coisa na vida, apesar de seus apenas 32 anos. A viúva Gwendoline, aprendeu a aceitar o que a vida lhe dera e convivia bem com isso. Ela não tivera filhos durante o casamento, então, vivia com a mãe nas terras do irmão. Tinha muitos sobrinhos e uma família grande e amorosa, era feliz, embora ultimamente estivesse com a sensação que algo lhe faltava. Sete anos era um bom tempo para se acostumar a aceitar a vida que tinha, que era boa, muito boa.  

De uma maneira inesperada, os dois se conhecem. Ele a considera uma típica aristocrata mimada. Ela se assusta com as maneiras brutas de Hugo. Mas por um acidente bobo, Gwen acaba confinada na casa do Duque, e os dois começam a se conhecer melhor. Ela percebe que ele não é só um homem grande e grosseiro, ele vê nela uma sinceridade e uma alegria contagiantes. Os dois começam a se aproximar, mas sabem que qualquer romance entre eles seria impossível, afinal, eles são de mundos muito diferentes. 

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Eu amei a nova série da autora! Adorei a forma como tudo é muito diferente do outro trabalho que li dela, os personagens mais maduros e o cenário que foge dos bailes da sociedade Londrina. A autora mostrou que inova nos enredos de seus livros já com Os bedwys e aqui, não foi diferente. Eu gostei de conhecer todos os personagens, não só os protagonistas, mas os personagens secundários, muitos deles que irão protagonizar os próximos volumes da série. O casal tem química, mas o desenvolvimento do romance é bem natural, e as cenas entre os dois são poucas e muito bem colocadas.  

Um ponto interessante, foi que passei o livro todo imaginando se teriam outros livros antes desse, afinal, a autora citava personagens (como o irmão da Gwen e a prima) como se a história deles já fossem conhecidas. E pesquisando depois de terminar, verifiquei que era exatamente isso.  Gwen foi personagem secundária em dois outros livros. Os livros antecedem a série Os bedwys, mas infelizmente, não foram lançados aqui ainda. One night for love (a história de Neville e Lily) e summer to remember (Kit e Lauren). Fiquei super curiosa para ler os outros, espero que lancem por aqui posteriormente.  

Outro ponto interessante, é que lendo alguns comentários sobre este livro, reparei que algumas das reclamações de outros leitores, foram na verdade os pontos de que mais gostei. Então, claro, tudo isso é muito pessoal, vai mesmo do gosto de cada um. Por exemplo, alguns acharam a história morna e acharam que faltou algo, um impedimento, uma reviravolta no final. Eu adorei não ter um personagem do mal para atrapalhar o casal (que quase sempre rola nesses livros), adorei não ver os dois se pegando o tempo todo (e ver o romance desenvolver naturalmente). E adorei deles serem mais velhos e um pouco mais experientes, muda um pouco os diálogos e acrescenta muito à história. Gostei até do final ser tranquilo, não ter epílogo nem nada assim (afinal, vamos rever o casal no próximo livro e os muitos anos depois, acaba tirando a graça disso nas séries de romance).  Reclamaram da protagonista por suas atitudes preconceituosas, insistindo o tempo todo nas diferenças entre os dois. Eu adorei a forma como a autora quebrou tabus da época aqui, misturando a aristocracia com personagens que não pertencem a esse mundo. Explicando muito sobre preconceito. O livro não é machista como a maioria, Hugo era um personagem muito interessante nesse sentido.  

Eu não sei o que virá nos próximos livros, mas eu estou ansiosa para ler todos eles. A autora vai apresentando aos poucos os personagens e eu gostei muito de todos. Todos eles com traumas e ferimentos da guerra, todos se recuperando de alguma maneira. Os ferimentos de Hugo eram psicológicos e não físicos, mas outros tiveram lesões graves e sofrem diariamente com isso. A irmã mais nova dele é uma fofa, e estou ansiosa para saber o que acontece com ela a seguir. Estava achando que ela seria par de alguém do clube, mas depois apareceu um personagem interessante para ela, e como é novinha ainda, fiquei sem saber. 

Eu adorei os protagonistas! Gwen é divertida, inteligente, cabeça dura demais, mas é legal ver a personagem evoluindo ao longo do livro. Hugo tem um jeito troglodita, mas por dentro, é um homem íntegro e amoroso. Ri demais das suas respostas rasgadas, da sua falta de tato e traquejo social, de como ele falava tudo sem se preocupar com a reação de Gwen. Foi tão sincero, tão interessante os diálogos, foi lindo!!  

Acho que a única coisa que não amei foram as capas. Achei as capas originais bem mais bonitas... O segundo livro é do Vincent, que ficou cego na guerra. É o livro que estou mais ansiosa para ler! 

Já viram que eu amei, não é? Amei, indico muito aos fãs de romance de época e até para quem não é tão fã desse gênero, afinal, esse aqui é diferente. Vai agradar alguns, outros nem tantos, mas com certeza valem a leitura. E são 7 livros! Então vocês com certeza irão ler muito dessa série ainda por aqui! Leiam ^^  

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Série Clube dos sobreviventes da Mary Balogh: 

1.       Uma proposta e nada mais (The proposal) - Hugo e Gwen 
2.      Um acordo e nada mais (The arrangement)  - Vincent e Sophia
3.      Uma loucura e nada mais (The escape) (os demais ainda não lançados no brasil) 
4.      Uma paixão e nada mais (Only enchanting) - Flavian e Agnes
5.      Uma promessa e nada mais (Only a promisse(os demais ainda não lançados no brasil) 
6.      Only a kiss 
7.      Only beloved. 


Avaliação (1 a 5): 

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