Viagem Cinematográfica: Assassinato no Expresso do Oriente

>>  segunda-feira, 23 de abril de 2018


Assassinato no Expresso do Oriente (Murder on the Orient Express, 2017)
Tempo de duração: 1h54min
Direção: Kenneth Branagh
Roteiro: Michael Green
Elenco: Kenneth Branagh, Tom Bateman, Lucy Boynton, Olivia Colman, Penélope Cruz, Willem Dafoe, Judi Dench, Johnny Depp, Josh Gad, Manuel Garcia-Rulfo, Derek Jacobi, Marwan Kenzari, Leslie Odom Jr., Michelle Pfeiffer, Sergei Polunin e Daisy Ridley.
           
Assassinato no Expresso do Oriente é um filme dirigido e estrelado por Kenneth Branagh, que deixou crescer o bigode, a arrogância e a presença de palco como o detetive belga Hercule Poirot, o maior personagem da rainha do mistério policial, Agatha Christie.

A Sra. Christie despensa apresentações, mas se eu as tiver que fazer, compararia o fenômeno desta escritora com The Beatles.  Os dois são britânicos, e representam fenômenos mundiais em suas respectivas artes, revolucionaram o gênero que representam a ponto de serem atemporais, conquistarem admiradores em todas décadas, épocas e se mantêm no topo independentemente do que está na moda naquele momento. Além disso, seus trabalhos sempre são adaptados para outras fontes e outros artistas, e no caso em questão, o livro de Agatha Christe que originou este filme é um dos trabalhos mais adaptados da autora.

Meu primeiro contato com a obra foi pelo filme de Sidney Lumet de 1974, que trouxe Albert Finney como o Detetive Poirot, abocanhou diversas indicações para o Oscar e deu a Ingrid Bergman sua terceira estatueta de atuação. Após isso, houve uma aptação para a TV, no formato de série, em 2001, mas não tive oportunidade de assistir. Agora em 2017, Branagh tenta novamente trazer as adaptações de Christie para as telas, uma clara tentativa de iniciar uma franquia com a massa cinzenta de Poirot a frente.

Inclusive, em 2012, a Nanda resenhou o livro neste site, comparando com o filme lançado em 1974. Vale a pena conferir, clicando aqui

Independente dos pontos fortes do filme e seus defeitos, o que importa para a continuidade de adaptações cinematográficas é a bilheteria e o retorno financeiro dos filmes. Assassinato no Expresso do Oriente nesse cenário é a escolha perfeita para iniciar os trabalhos: Já é conhecida, tem o selo Agatha Christie de Qualidade, o elenco é estrelado e competente, e o visual dos teasers e trailers deixa aquela água na boca. Tanto é que o estúdio já anunciou a sequência, devido ao sucesso na bilheteria mundial.

Assistir este filme foi uma ótima experiência de lembrar e celebrar o trabalho de Agatha Christe, que leio com fervor em aviões, aeroportos e viagens afora, desde que tenho meus 12 anos. Devo a ela minha paixão pelo gênero, e sem sombra de dúvidas Poirot é seu melhor personagem. Por isso, fiquei um pouco decepcionada com como ele foi retratado no filme. Ele não era mais um detetive reconhecido, bom de trabalho e contido em sua apresentação, embora repleto de manias e maneiras. Nas mãos de Branagh, Poirot virou violentamente arrogante, agressivo e superior, que por muitas vezes causa completa antipatia do público. Esperava uma veia mais cômica ao personagem (e isso é muito mais profundo do que pequenas gargalhadas ao ler Dickens), e posso dizer que a única parte levemente descontraída no filme inteiro foi o protetor de bigode noturno que o detetive usa.

Outro ponto que merece atenção e melhoras no filme é o desenvolvimento da história. O roteiro e o desenvolvimento da história é monótono, e o clímax não tem a emoção que o gênero merece, ou até mesmo que qualquer história bem contada deve ter. Se não fosse pelo excelente trabalho dos atores (especialmente Michelle Pfeifer, sem medo de errar, e Daisy Ridley, que rouba a cena), seria um filme incrivelmente tedioso e insuportável de se ver. Foi a atuação que fez a história ser possível de ser contada, mas eles só podem ir até um limite.

Apesar disso, Assassinato no Expresso do Oriente é um filme que eu indico ver, e que no final das contas vale a pena. Além de relembrar o que há de melhor nas histórias elaboradas e bem concluídas de Christie, o filme tem qualidades fáceis de se destacar e apreciar. É o caso da Direção de Arte, produção de sets e cenários, figurino e trabalho de maquiagem. Ou seja, o departamento artístico do filme é a grande estrela, e merece todo louvor. Visualmente é perfeito, dá gosto de ver, e brilha. E pode ter certeza que vou querer ver mais vezes.

Dito isso, mal posso esperar para que Poirot marque presença em todos anos futuros, e que traga junto outros personagens do mistério policial. Sim, estou olhando para você, Miss Marple!

Avaliação (1 a 5): 


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