O que Alice esqueceu - Liane Moriarty

>>  segunda-feira, 18 de junho de 2018


MORIARTY, Liane. O que Alice esqueceu. Rio de Janeiro: Editora Intrínseca, 2018. 416 p. Título original: What Alice forgot.
Quando alguém me pede indicações de livros, os de Liane Moriarty estão sempre entre elas, sobretudo Pequenas grandes mentiras, meu queridinho. Logo, vocês podem imaginar o tamanho da minha expectativa com a leitura de O que Alice esqueceu. Quando li o título, a primeira coisa que me veio à cabeça foi o livro Para sempre Alice. Será que estava diante de outra Alice diagnosticada com Alzheimer? Nas primeiras páginas não só percebi que estava redondamente enganada, como a única coisa que não parava de pensar era: “Afinal, o que Alice esqueceu?”
Alice está confusa, lembrando-se e, ao mesmo tempo, aparentemente sonhando com alguma coisa de seu passado. Misturado a isso há vozes gritando, falando,  fazendo perguntas que ela não entende, não sabe responder, não sabe por que estão lhe perguntando. Ela pensa que está em seu quarto, mas por que há tanta gente falando ao mesmo tempo em seu quarto? Por que sua cama está tão dura? Ela não pode ficar numa cama dura desse jeito, pois está grávida – e vejam só: aos 29 anos! Ela está enjoada por causa da gravidez. A cabeça dói. Ninguém nunca havia lhe dito que dor de cabeça era sintoma da gravidez. Ou será que falou? Ela precisa de um remédio e falar com Nick, seu amado Nick.

Ela finalmente acorda e descobre que: 1) Não está na cama; 2) Não está sonhando; 3) Não está grávida; 4) Não tem 29 anos; 5) Está se divorciando.

Na verdade ela caiu durante uma aula de step, bateu a cabeça e simplesmente esqueceu os últimos 10 anos de sua vida.

Com isso ela percebe que aquela Alice tímida, otimista e tranquila que ela era aos 29 anos, desapareceu. Ela se tornou uma mulher sarada, mãe de três crianças das quais ela não se lembra, fanática por organização e que anda sempre muito arrumada e maquiada. Uma pessoa que a “nova” Alice não curte nem um pouco.

Assim, enquanto ela tenta se lembrar do que aconteceu, percebe que pode também mudar a pessoa que ela se tornou e corrigir os erros que cometera.

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De início fiquei angustiada com o que acontece com Alice e só queria que ela percebesse logo que perdeu a memória. E não demora muito (graças a Deus) para ela acreditar nas pessoas quando elas dizem que estão no ano de 2008 e não 1998 como ela pensa estar. E fui ficando cada vez mais curiosa para saber o que foi que ela esqueceu sobre sua própria vida, já que os últimos dez anos desapareceram de sua mente.

Algumas coisas foram fáceis de presumir em relação ao casamento e a alguns problemas familiares, contudo, apesar de serem situações aparentemente “clichês”, não foram suficientes para me fazer ficar com o pé atrás ou frustrada com a história. 

Pelo contrário. Tive empatia de cara com Alice e com sua irmã, Elizabeth. Desconfiei de Nick o livro inteiro, afinal, se Alice tinha verdadeiro ódio do marido, alguma coisa ele tinha aprontado, certo? (ou não)

A filha mais nova de Alice, Olivia, é apaixonante, e me encantei por ela. Já a filha mais velha, Madison, estava em uma fase difícil, e não dá para se ter muita empatia por ela de cara, rs. Ao longo do livro, contudo, fui me afeiçoando à família toda e não teve como não torcer para que tudo terminasse bem.

Há muitas situações engraçadas ao longo da história e muitas emocionantes também. Alternei entre a vontade de chorar e a risada em questão de páginas. Adoro quando o enredo é tão “real” (na falta de palavra melhor) que não só nos remete à nossa própria vida, como também nos provoca reações como se estive acontecendo tudo com a gente ou como se fossemos parte da história. É a tal da catarse.

Há outras situações também que me deixaram de “boca abrida” ao perceber o quão errada eu estava sobre o que ia acontecer ou sobre determinado personagem. Caí no eterno defeito do ser humano de julgar primeiro e conhecer e entender depois. Talvez seja um dos erros mais comuns.

O desfecho da história de certa forma não é surpreendente, mas em hipótese alguma posso dizer que foi decepcionante. Terminei com lágrimas nos olhos e com uma grande lição a ser digerida.

A mensagem do livro me fez pensar em como as pessoas mudam ao longo da vida e como se tornar “adulto” pode modificar, sem perceber, o que uma pessoa é, já que tudo passa a ter mais importância do que aquilo que realmente importa: o amor, o diálogo, o companheirismo. Ou seja, quando pequenas conversas, frases mal compreendidas, se tornam uma discussão séria e uma crise. Quando a loucura de se criar filhos torna uma pessoa ocupada o suficiente para não querer lidar com mais nada, nem mesmo com o próprio casamento. Ou, em alguns casos, quando a tentativa frustrada de se tornar mãe tira a alegria em relação ao casamento, a si própria, à vida. E o medo de não dar conta? De não conseguir?

Assim, pequenas coisas que são de fundamental importância, mas aparentemente podem ser postas de lado em favor de outras de “maior” importância, vão sendo esquecidas, tornando as pessoas chatas, ocupadas, estressadas, cansadas de tudo e de todos.
  
A capa me encantou demais com aquela flor dente-de-leão voando ao vento. Pesquisando um pouco acerca do que isso poderia significar no contexto do livro, li que em determinada fase da flor, quando ela é soprada, se desmancha com facilidade e as sementes são levadas e espalhadas pelo vento e, no período certo, florescem novamente. Conclui que não poderia ter capa melhor para essa grande história.

Que me perdoe Pequenas grandes mentiras, que até a leitura de O que Alice esqueceu era meu favorito da autora.  Creio que ele não vai ficar ofendido de ocupar o segundo lugar, certo?

Incluo esse livro na lista de livros a serem indicados a todas as pessoas. Começando por você que está lendo esta resenha. Se você nunca leu nada da autora, é um excelente motivo para começar. Se já leu algum, prepare-se para mais uma história grandiosa. Assim   como eu, venha descobrir o que Alice esqueceu e o que isso fez com a vida dela. E se já leu esse livro, venha dividir suas impressões comigo! Aguardo ansiosamente!

P.S: O livro foi lançado anteriormente pela Editora Leya, com o título de As lembranças de Alice, e foi resenhado pela Nanda aqui no blog.

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