O guia do cavalheiro para o vício e a virtude - Mackenzi Lee

>>  segunda-feira, 29 de outubro de 2018

LEE, Mackenzi. O guia do cavalheiro para o vício e a virtude. Rio de Janeiro: Editora Galera Record, 2018. 434p. (Montague Siblings, v.1). Título original: The gentleman’s guide to vice and virtue.

“Ele morde o lábio inferior, abaixando os olhos até minha boca. O espaço entre nós – o pouco que resta – fica eletrizado e inquieto, como um relâmpago se formando. Não tenho certeza de qual de nós vai fazer um movimento – vai avançar aqueles últimos e mais longos centímetros entre nós. Levo o nariz ao de Percy de novo e ele entreabre a boca. Perco o fôlego. Fecho os olhos.” p. 314

Descrito como um romance histórico LGBT e com média de nota bem alta nas redes sociais literárias (Goodreads e Skoob), esse livro despertou minha curiosidade. Sem saber mais nada sobre ele, além do título intrigante, comecei a leitura de O guia do cavalheiro para o vício e a virtude.

Henry ‘Monty’ Montague, 18 anos,  é um Lord e um futuro Conde. Porém, ele é o tipo errado de herdeiro, pelos olhos do pai. Henry conseguiu ser expulso da melhor escola para jovens da Inglaterra e levava uma vida, no mínimo, exagerada. Eram longas noites de bebedeira, jogatina e sexo sem compromisso, com mulheres e homens desconhecidos. Henry era a grande vergonha do pai, que exigia que o jovem tomasse jeito, para que um dia pudesse assumir o título e administração das terras do pai.

Como muitos dos jovens ingleses ricos daquela época, Henry iria fazer o Grand Tour pela Europa antes de assumir esses compromissos.  Para ele o Tour era a promessa de uma grande farra ao lado do seu melhor amigo, Percy, até que o pai avisa que ele terá um tutor rígido, atividades programadas e a companhia da irmã mais nova, Felicity. A irmã irá para uma escola de moças aprender boas maneiras e regras sociais, para o seu desespero, já que seu sonho é estudar medicina.

Mesmo assim, Monty tem muitas expectativas. Entre elas a alegria de passar tanto tempo ao lado de Percy, seu melhor amigo, companheiro de viagem e paixão impossível! É isso mesmo, Monty sempre foi apaixonado pelo melhor amigo, que de maneira alguma pensa nele dessa forma.

Quando por sua culpa, a viagem se transforma em uma aventura perigosa, ele terá que lidar com suas escolhas e a maneira como enxerga a vida.

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Já vou começar dizendo que não morri de amores por ele, como a maioria dos leitores. Mas também não achei uma leitura ruim, pelo contrário. A autora escreve muito bem, sua narrativa é fluida e divertida, e o fato da trama questionar tanto o preconceito da época, foi muito interessante. O livro se transforma mais em uma aventura do que um romance, e isso também foi muito legal. Mas, eu ODIEI o protagonista, e quando isso acontece, em um livro narrado em primeira pessoa por ele, fica complicado amar a leitura.

Henry, Monty, é um sujeitinho egoísta e que só enxerga o próprio umbigo. Ele se refere ao irmão recém nascido como “trasgo”, porque a criança chora de mais e é uma ameaça a sua herança. Diz amar Percy, mas trata o amigo com muito pouco caso por boa parte do livro, ignora a irmã mais nova por ser uma “criaturinha sem graça que vive com a cabeça enfiada nos livros”. Ele passa o tempo bêbado, dando em cima de qualquer um – homem ou mulher -, apostando, e sem a menor preocupação na vida, já que é rico e não precisa trabalhar. Eu achei Monty insuportável! As suas atitudes que são narradas de forma engraçada, só me despertavam raiva! Até bem lá depois da metade do livro, quando ele precisa acordar pra vida e pensar um pouco em outras pessoas, ele ainda tem atitudes imaturas, egoístas e insensíveis.  Nem o pai dele ser um escroto, me fez ter mais simpatia pelo rapaz. Claro que lá para o final ele melhora muito, mas até chegar lá eu já tinha tomado asco pelo personagem.

A grande salvação do livro? Percy e Felicity. Percy é um rapaz inteligente, educado, que é desprezado pela sociedade por ter “a pele um pouco mais escura”. Sofre diariamente preconceito por ser negro e, no futuro, por um outro problema. Ele é melhor amigo de Monty, mas já se acostumou a todos pensarem que ele é um criado. Já Felicity é inteligente, divertida e muito decidida. Ela salva o irmão mais velho de inúmeras situações e é muitooo mais madura do que ele. E claro, sofre o preconceito de ser mulher, em uma sociedade em que elas devem crescer e casar, e Felicity têm outras ambições na vida.

O aspecto social, principalmente por se tratar de um romance de época, é bem interessante. A autora questiona o preconceito contra a homossexualidade ou bissexualidade, o racismo e o machismo.  Esse cenário valeu a leitura.

No final tudo melhora muito, os desdobramentos, o comportamento de Henry e tudo o que acontece com os três. Eu terminei o livro bem curiosa, e pretendo ler a continuação. Só torço para que Henry seja menos chato e amadureça nos próximos livros.

Quem leu me conte o que achou! Leiam!

Adicione ao seu Skoob!

Série Montague Siblings da Mackenzi Lee
  1. O guia do cavalheiro para o vício e a virtude (The gentleman’s guide to vice and virtue)
  2. The genthemans’ guide to getting Lucky (os demais ainda não lançados no Brasil).
  3. The Lady’s guide to petticoats and Piracy.

Avaliação (1 a 5):

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