A grande solidão - Kristin Hannah

>>  segunda-feira, 3 de dezembro de 2018

HANNAH, Kristin. A grande solidão. São Paulo: Editora Arqueiro, 2018. 400p. Título original: The great alone.

“Por anos, por toda sua vida, Lene tinha feito exatamente isso. Ela amava seus pais, os dois. Sabia, sem que lhe dissessem, que a escuridão em seu pai era ruim e as coisas que ele fazia eram erradas, mas também acreditava nas explicações da mãe: que o pai estava doente e sentia muito, que, se elas o amassem o suficiente, ele ia melhorar e as coisas voltariam a ser como antes.
Só que Leni não acreditava mais nisso.
A verdade era que o inverno tinha apenas começado. O frio e a escuridão iam durar por muito, muito tempo, e elas estavam sozinhas ali, presas com o pai. Sem um número de emergência e ninguém para ligar e pedir ajuda. Durante todo esse tempo, o pai ensinara a Leni como o mundo exterior era perigoso.
A verdade era que o maior perigo de todos estava dentro de sua própria casa.” p.119

Sou fã da Kristin Hannah! Já li todos os dramas/romances da autora e sempre fico ansiosa esperando o próximo lançamento no Brasil. E com esse não foi diferente, fui animada devorar A grande solidão.

Cora Allbright deixou tudo para trás para fugir e se casar com Ernt Allbright. Contra a opinião dos pais, muito nova, grávida, ela foge com um homem mais velho. Anos depois, Leni, a filha do casal já tem 13 anos. Idade suficiente para entender o casamento turbulento dos pais. A mãe conta como o pai dela era feliz e amável, até que foi convocado para a guerra. Depois do Vietnã, tudo mudou. Ernt fora feito prisioneiro na guerra, e voltou, uma sombra do homem que fora um dia. Tinha dias bons, e longos períodos sombrios.

Em um desses períodos, ele resolve deixar tudo para trás e mudar coma família para o Alasca. Ele havia herdado uma terra de um amigo que morrera na guerra, e parte coma esposa e a filha, em uma Kombi, sem muitas provisões e com pouco dinheiro. Cora fará qualquer coisa pelo marido que ama, e Leni, acredita em um futuro melhor.

No início, apesar das dificuldades e todo o despreparo da família, as coisas parecem que vão dá certo. Os vizinhos são um comunidade unida e prontos para ajudar, o lugar apesar de distante de tudo, é lindo.

Porém, a escuridão de Ernt se revela no inverno frio e ermo. Com noites que duram 18 horas, longe de todos, isolados em uma cabana no meio do mato... Lene e a mãe começam a perceber que o perigo real, está dentro da própria casa.

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Eu amo os dramas da Kristin Hannah, e já tendo lido todos, minhas expectativas são sempre bem grandes. E esse, infelizmente, foi o que menos gostei da autora. E não é péssimo não, só não achei arrebatador como os outros dela.

Começa bem, desde o início você prevê a merda que vai dar  com essas duas pobres coitadas e esse homem meio desequilibrado e violento, no meio do nada! E apesar das cenas angustiantes e pesadas, no início para mim faltou emoção. Você acompanhava a luta diária no Alasca, o sofrimento, o trabalho pesado, o abuso que Cora sofria diariamente. O medo do marido violento, o amor incondicional de Leni e o medo pela mãe. Eu li angustiada, mas até as cenas finais não me emocionou.

Era tanta tragédia e tanta luta, que depois de ver as duas chafurdar na miséria o livro todo... eu queria um final uau. Eu queria algo lindo, arrebatador, uma grande mudança. E a parte final realmente foi linda, mas contada de forma resumida e muito rápida. Eu queria tão mais do final. Eu chorei, me emocionei nas últimas páginas com as despedidas, reencontros e tudo o que aconteceu. Mas achei que deixou a desejar nas descrições, principalmente no que se refere ao romance.

Teve vários saltos temporais que me incomodaram bastante, eu queria muito mais das partes em questão. Não posso detalhar muito para evitar spoilers, mas a vida de Lene e a mãe, deu um salto de anos no futuro.

Bom, agora a parte boa. O mais interessante do livro é a forma como retrata o ser humano de forma tão crua e realista. Qualidades, defeitos; Kristin constrói personagens extremamente reais e com muita sensibilidade. E o livro retrata o instinto de sobrevivência, a força que uma pessoa consegue retirar sabe-se lá de onde em momentos de desespero, de forma visceral. 

A ambientação é outro destaque. Eu não me lembro de ter lido outro livro que se passasse no Alasca, e as descrições são incríveis. O frio, a luta diária pela sobrevivência, as caçadas, o homem tentado de forma brutal sobreviver na natureza. A autora diz: “No Alasca só se pode cometer um erro. Um. O segundo vai matar você.” É difícil entender de onde as pessoas tiram forças para seguir em frente em determinados momentos, realmente tocante.

Obviamente não é um livro ruim, é uma ótima história. Porém, comparando com todos os outros livros que li da autora, queria muito mais. 

Quem leu me conte o que achou, eu indico a autora de olhos fechados!

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