Os sertões - Euclides da Cunha

>>  quarta-feira, 4 de setembro de 2019

CUNHA, Euclides da. Os sertões. São Paulo, Penguin e Companhia das letras, 2019. 700 p.

Há duas coisas que vocês precisam saber sobre mim antes de iniciar esta resenha: Minha segunda paixão (a primeira era literatura) na escola em termos de matéria era História (do Brasil). A segunda é que eu sempre gostei de histórias que envolvem o nordeste, o sertão. Por causa disso, sempre tive muita, mas muita, curiosidade de ler Os sertões. O que me faltava era coragem e, talvez, maturidade, para encarar esta obra. Desde a época do colégio ouço falar desta história. Sempre ouvi dizer que é um livro muito difícil, mas um verdadeiro ícone da literatura nacional, ainda que se trate de uma obra de não-ficção. Foi então observando o livro na lista de livros da Penguin e Companhia que eu criei coragem para, finalmente, conhecer essa história. E agora conto para vocês o que achei de Os sertões.


Baseado em um trabalho jornalístico feito por Euclides da Cunha sobre a campanha de Canudos, o livro trás a visão de uma testemunha ocular da repressão a Antônio Conselheiro e seus seguidores. Uma testemunha que fazia uma ideia completamente equivocada do que encontraria no sertão da Bahia e que se surpreendeu quando chegou a Canudo, uma terra politicamente esquecida e habitada basicamente por seguidores de Antônio Conselheiro, um líder que pregava a salvação por meio da fé.

Contudo, a igreja católica e o novo governo republicano de Floriano Peixoto estavam insatisfeitos com as pregações feitas por Conselheiro, e com receio das proporções que poderia tomar.  Deste modo, o exército foi enviado a Canudos, sob argumento de se tratar de suposto grupo opositor à República.

Essa decisão acabou por resultar na morte de mais de milhares de sertanejos e militares e inseriu Canudos para sempre na História do Brasil.

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A primeira coisa que impressiona nesta Edição da Penguin e Companhia das Letras é a introdução feita por Lilia Moritz Schwarcz e André Botelho que dão uma verdadeira aula de história do Brasil e preparam o leitor muito bem para o que vai encontrar nas páginas seguintes.

Assim, já estava precavida quando iniciei a leitura da parte  um “A terra”, onde Euclides da Cunha conta, com descrição minimalista, a diversidade de vegetação, da terra. O que busca o autor com tal descrição é, na verdade, demonstrar a discrepância entre o litoral e o sertão, como é bem explicado na introdução, trazendo a referencia do homem sertanejo como uma pedra forte, dura.

Na segunda parte, “O Homem”, Euclides trás a origem da raça do homem brasileiro e, claro sertanejo. O povo mestiço, advindo da mistura de três raças: europeu, índio e do negro. Trás várias teorias de vários estudiosos no assunto ao longo dessa parte e o que se pode perceber é que, em quase na totalidade delas o branco é o mais importante das três raças.

Por fim, na terceira parte “A luta”, o leitor é levado, efetivamente, a adentrar na Guerra de Canudos e, ai, meus caros amigos, é que a história começa. Se ao longo das duas primeiras partes vocês tiver vontade de desistir, peço que tenha paciência, sobretudo se você for um amante da História do Brasil, pois, a terceira parte compensa tudo. Claro que as duas primeiras partes são de extrema importância para uma melhor compreensão da terceira parte, então, não aconselho que pulem direto para a terceira parte.

Obviamente, não se trata de uma história bonita, com final feliz e tudo o mais que se espera de um livro. É importante lembrar que se trata de uma história de não ficção. Ainda assim, é uma história importantíssima para o nosso país e merece ser lida e conhecida, e lembrada.

E a edição da Penguin e Companhia das letras sempre me agrada. Eu gosto da edição pequena, em alguns casos (como neste) volumosos, mas fáceis de carregar. Sei que muita gente não curte livros sem orelha, mas este não é meu caso. Gosto de livros de todos os jeitos (grandes, pequenos, novos, usados, com cheiro de novo ou de biblioteca de escola, enfim, rs). 

Indico para amantes de História do Brasil, de história no geral, e, porque não, amantes de não ficção.


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