As três partes de Grace - Robin Benway

>>  quarta-feira, 6 de novembro de 2019


BENWAY, Robin. As três partes de Grace. Rio de Janeiro: Editora Galera Record, 2019. 322 p. Título original: Far from the tree.


Quando recebi a prova de As três partes de Grace, ainda não tinha ouvido falar nada a respeito. Apenas vi no Skoob que a nota era muito boa. Desconfiei disso. Na verdade, nunca confiei muito nas notas do Skoob. Na capa, há uma informação que considero importante. O livro foi vencedor de um prêmio. Dentro do livro, um recadinho da Editora Executiva, informando que o livro foi vencedor também de um segundo prêmio. Nesse momento, minha curiosidade alcançou um nível irreversível.  Ainda assim, tentei começar a leitura sem grandes expectativas, com medo do que me aguardava naquelas páginas. Agora, conto para vocês a minha experiência com a leitura de As três partes de Grace.

Grace é filha única e adotada. Sempre soube disso. Sempre achou, também, que havia sido abandonada pela mãe, que a deu para adoção. Agora, com 16 anos, grávida e prestes a entregar a sua filha para adoção, Grace começa a questionar se sua mãe simplesmente a abandonou ou se teve um motivo para se desfazer da filha.

Quando aborda o assunto com seus pais adotivos, ela não recebe notícias de sua mãe biológica, mas acaba descobrindo algo importante: Grace tem dois irmãos, filhos da mesma mãe e que também foram adotados: Maya, que mora a cerca de vinte minutos de distância da casa de Grace e é mais nova que ela, com 15 anos; e Joaquin, o filho mais velho dos três, com 17 anos. Sobre ele não se sabe muita coisa. Grace então envia um e-mail para a irmã que nem sabia que existia, para que as duas possam se conhecer.

Maya foi adotada por uma família rica e é a única da casa que não é ruiva. Após três meses da adoção, a mãe adotiva descobriu que estava grávida e acabou ficando com a filha adotiva e com a biológica. Maya fala muito quando está nervosa, tem vontade de socar a irmã, Lauren, o tempo todo e vive achando que a briga dos pais vai acabar em divórcio, e ainda que, se eles tiverem que escolher, ela será excluída da família por ser adotada.

Joaquin, ao contrário das irmãs, não foi realmente adotado. Ele vive com Mark e Linda há três anos, esperando pelo dia em que eles vão pedi-lo para ir embora. Isso já aconteceu tantas vezes antes! Vive se sentindo tão sozinho e sem futuro, que isso afeta até mesmo o seu relacionamento com Birdie, sua namorada. Ele trabalha no centro de artes do bairro onde vive, é um bom rapaz, mas acha que não pode confiar em ninguém, nem em si mesmo.

Quando Maya e Grace se conhecem e decidem entrar em contato com Joaquim, ele fica em dúvida se vai ser bom ter irmãos. Apesar de tantos companheiros de acolhimento, ele não sabe realmente o que é ter irmãos. Mas quem sabe agora ele não se sinta menos sozinho?

Com o encontro, os três passam a tentar entender um ao outro e a entender também o que é ter realmente uma família, mas, acima de tudo, entender por que a mãe os abandonou. Eles ainda precisam superar a falta de conexão por serem completamente desconhecidos uns dos outros. 

Cada um esconde um grande segredo dos demais. Algo que os marcou ou marca de forma irreversível. Contudo, será que eles conseguirão se abrir? Vão conseguir superar as dificuldades e os segredos, e ser, enfim, uma família?


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Não tenho palavras para descrever este livro. Agora mesmo, enquanto escrevo esta resenha, é difícil para mim colocar no papel o que senti ao longo da leitura. Mas posso começar dizendo que amei!

De cara já me solidarizei com Grace. Apesar de ainda não ser mãe, fico imaginando que engravidar aos 16 anos, sem apoio nenhum do pai da criança, e ainda ter de dá-la para adoção por não ter condições criá-la, não deve ser fácil para ninguém. Tenho certeza de que muitas pessoas vão ler o livro e criticar Grace até o fim e dizer que jamais teriam feito o que ela fez, e blá-blá-blá. Eu mesma cheguei a julgá-la em relação a algumas decisões que ela tomou ao longo da história, mas em minha defesa devo dizer que nem todas essas decisões tinham a ver com a gravidez dela.

Maya não me conquistou exatamente. Dos três irmãos, é a mais mimada e infantil. Mas, por outro lado, ao longo da história compreendi completamente a razão de ela ser assim. Além do mais, é a filha caçula dentre os três, logo sua imaturidade é compreensível.

Agora, preciso dizer que Joaquin conquistou meu coração. Ele tinha tudo para ser o cretino, o escroto. Foi abandonado pela mãe biológica, passou por mais famílias do que conseguia contar nos dedos das duas mãos (nem todas elas foram boas com o garoto) e não tem nenhuma foto de sua infância ou de sua mãe. Mas ele não é um garoto mau, tenta agradar a família que o acolheu, na medida do possível, dentro de suas limitações, mesmo com os traumas sofridos ao longo dos 17 anos de vida. É tanto trauma que não tive como não ficar muito solidária e torcendo para que ele encontrasse um bom caminho e fosse feliz.

Os pais adotivos dos três personagens têm participação essencial na história, cada um em determinada medida. Embora não tenha curtido muito o pai de Maya, os pais de Grace e de Joaquin me encantaram.

Há, ainda, três personagens secundários, mas igualmente importantes: Rafe, amigo de Grace; Lauren, irmã mais nova de Maya; e Birdie, a (ex-)namorada de Joaquin. Meu favorito foi Rafe, com seus conselhos inteligentes e sua maturidade. Shippei muito o casal e torci muito para ele e Grace ficarem juntos.

Infelizmente, não há muito que falar sem revelar demais e dar spoiler. Já acho até que falei demais!

O que me chamou mais atenção é que a narrativa da autora prende muito rápido e é muito fluida. 

Além disso, fiquei tão ligada em tudo para saber como cada um ia lidar com seus segredos, se iam se abrir uns para os outros, como tudo ia se resolver, que eu não larguei o livro até terminar. Embora tenha lido umas 30 páginas paralelamente a outra história – e nesse tempo não pude me dedicar tanto –, quando comecei efetivamente a leitura, terminei em duas sentadas (isso porque, no primeiro dia de leitura, a luz acabou em casa e só pude ler até a luz natural acabar toda do lado de fora e não ter como enxergar mais um palmo diante do nariz).

E no fim das contas eu chorei tanto, mas tanto, mas tanto, que minha cabeça doeu e sequei todo o estoque de água do corpo. O livro me emocionou de tal forma que o choro foi inevitável. Alguns pontos do livro se assemelharam muito com alguns acontecimentos da minha vida, na minha família. Não teve como não me reconhecer na história e não me emocionar.

O livro perdeu meia estrelinha na nota, infelizmente, apenas pelo desfecho de dois personagens que achei que mereciam um final mais aprofundado, melhor. Ficou um pouco vago e parecendo que a autora não quis mais se aprofundar no assunto, porque não era exatamente o foco da história, e deu um final mais superficial. Não curti. Mas foi com muita dor no coração que tirei meia estrelinha, só porque me incomodou de verdade. Não posso revelar o acontecimento, descubram por si e me contem sua opinião, rs.

Apesar disso, é um livro que indico para todo mundo! Não se apeguem a esse ponto negativo. Possivelmente nem todo mundo vai se incomodar da mesma forma que eu, e meia estrela a menos não é razão para não ler!


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Avaliação (1 a 5): 4,5



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