Dias perfeitos - Raphael Montes

>>  quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

MONTES, Raphael. Dias perfeitos. São Paulo: Companhia das Letras, 2014. 274 p.


Minha coleção de livros do Raphael Montes só aumenta e eu sempre fico ansiosa pelo próximo. Nos dois primeiros que li, Uma mulher no escuro e Suicidas, foi só “tiro, porrada e bomba” – e morte. Passei dias pensando nas histórias, no que acontece com os personagens. Então, estava muito ansiosa pela leitura de Dias perfeitos e devorei o livro em praticamente dois dias. O motivo? Já conto para vocês.

Téo é um jovem estudante de medicina que vive com sua mãe cadeirante. Ela ficou assim desde um acidente de carro que tirou a vida do marido e a fez ficar para sempre em uma cadeira de rodas. Ainda assim, ela parece ter uma vida social mais agitada que a do filho, que mal sai de casa e prefere ficar lendo a socializar com as pessoas.

Um dia, a mãe decide ir a uma festa e insiste para que Téo a acompanhe. Ele, resistente até o fim, resolve atender ao desejo dela e vai de má vontade ao churrasco (logo ele que é vegetariano). A festa estava chata e entediante para Téo, até que ele conhece Clarice, uma jovem que sonha ser roteirista de cinema e não quer saber de nenhuma amarra prendendo-a no mundo.

Téo então fica obcecado por Clarice e tem um único objetivo: domar toda aquela rebeldia e fazer com que a garota o queira tanto quanto ele a deseja. Os meios que ele vai utilizar para alcançar seu intento podem não ser dos mais limpos, mas sim sujos, torturantes e sórdidos, devastando tudo e todos que tentarem atrapalhar seus planos.

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Durante a leitura dos livros do Raphael Montes, sempre fico entre a angústia de saber logo o que vai acontecer e o desespero pelo que está acontecendo em determinados momentos com os personagens. É um misto de sensações o tempo todo: medo, asco, desespero, ódio. Assim como em Suicidas, por diversas vezes tive que dar aquela pausa básica na leitura e respirar fundo, para só então poder continuar. 

O livro é narrado em terceira pessoa e inicia contando o que se passa dias antes de Téo conhecer Clarice.

 No início, imaginei o personagem como um garoto comum, metódico (possivelmente é o que todo mundo pensa ao olhar para um psicopata como ele, mas, como vocês sabem, ninguém traz estrela na testa).

Então, Téo e Clarice se conhecem, e ele começa a fazer umas coisas para se aproximar dela que, de início, achei estranhas e que, mais tarde, começaram a me dar medo.

O mais interessante de tudo é pensar que toda hora vemos notícias de namorados, noivos, maridos praticando atrocidades contra as mulheres e, apesar de se tratar de uma ficção no caso deste livro, sabemos que, sim, existem muitos “Téos” soltos no mundo, com uma obsessão doentia por alguém, capaz de destruir a vida não só da pessoa “amada”, como também da própria vida e a de todos à sua volta. Há relacionamentos que são verdadeiros caminhos sem volta.   

A história gira basicamente em volta de Téo e Clarice, deixando os demais personagens em segundo plano. Contudo, não pude deixar de sentir empatia pela mãe de Téo e pela mãe de Clarice, Helena, que tem um maior destaque em relação aos demais personagens secundários. Não preciso ser mãe para saber o desespero que deve ser não poder ter contato com a filha, tampouco saber como ela está.

Há uma pequena coisa que me incomodou, que foi a parte do acidente dos pais de Téo e que acabou me remetendo ao livro Suicidas. Até o momento, creio que essa é a razão de não ter concedido uma nota cinco a Dias perfeitos, partindo do pressuposto que ambas as histórias não têm qualquer relação entre si.

Um ponto positivo foi o cenário. A história se passa no Rio de Janeiro, e fiquei com muita vontade de conhecer Ilha Grande e ainda mais de conhecer Teresópolis, que já tenho vontade de conhecer há tempos. O livro ainda menciona Paraty, que também pretendo conhecer, quem sabe na próxima Flip.

O autor traz a história de uma forma tão bem contada e com tantas reviravoltas, que fui pega de surpresa várias vezes. Em todos os momentos que pensei que tudo se encaminharia por determinado caminho, veio o autor e trouxe algo que eu jamais esperaria, e depois outra vez, e assim por diante, até que, no final, a única coisa que pensei foi: “É... fui enganada direitinho”.

Infelizmente, não posso escrever para vocês a frase que, para mim, define esta história, muito embora tenha me coçado para iniciar esta resenha com ela em letras enormes e em negrito. Mas aí seria muito spoiler.

Se você leu o livro e quer dividir sua experiência comigo, chame no direct do Instagram do Blog e eu conto só para você essa frase que tanto me atormenta.

Este é, portanto, mais um livro do Raphael Montes que indico com louvor para todos aqueles que curtem thriller psicológico, suspense e livros pesados. Também indico para amantes da literatura nacional.

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Avaliação (1 a 5): 







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