Viagem Literária: Palácio da traição

Matthews, Jason. Palácio da traição. São Paulo: Editora Arqueiro, 2020. 448p. (Trilogia Red Sparrow, v.2). Título original: Palace of treason.

“A ordem estava clara: ele queria que a hierarquia do serviço fosse respeitada, mas ao mesmo tempo queria que ela se reportasse diretamente a ele, uma manobra típica da era soviética para monitorar de perto o comportamento dos subordinados mais ambiciosos. A aura azul agora resplandecia contra o sol forte do entardecer.

- Fique tranquilo, Sr. Presidente – disse Dominika, a bela informante que a CIA havia plantado nas entranhas do SVR. – O senhor será informado de todos os meus passos.

Ela quase podia ouvir e contar os saltos que o coração dava em seu peito. ” p.31

Finalmente saiu a continuação de Red Sparrow (o thriller de espionagem que deu origem ao filme homônimo)! Eu adorei o primeiro livro e estava curiosa para descobrir o que aconteceria a seguir, confiram o que eu achei de Palácio da traição do Jason Matthews.

Dominika Egorova era agora capitã do SVR, o serviço secreto russo, mas era também a espiã mais importante da CIA. Ela é uma espiã infiltrada, e precisa de muito cuidado para retomar seu contato com os americanos.

Depois que Dominika denunciou o maior espião russo, a pedido da CIA, em um plano que terminou muito mal... ela caiu nas graças não só do SVR, mas também do Kremlin, e do próprio Putin. O presidente demonstra um interesse especial na capitã, o que desagrada muito seus superiores.

O agente Nathaniel Nash não sabe o que aconteceu com Dominika depois que ela voltou a Rússia. Angustiado, segue com o seu trabalho, atualmente em Atenas. Eles aguardam ansiosamente para que ela retome o contato, tudo tem que ser feito com muito sigilo. E o fato deles estarem apaixonados, não ajuda muito.

Enquanto tenta contatar os americanos e restabelecer a comunicação, ela precisa lidar com um chefe torturador que a odeia, tentativas de assassinato, emboscadas de contra inteligência e com os encontros assustadores com o presidente.

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Um hiato de dois anos entre o primeiro e o segundo livro da trilogia, não ajuda muito a memória dos leitores. Porém o autor é tão descritivo que foi bom para relembrar muitas coisas do primeiro livro, por outro lado, isso também é uma das coisas que não gosto no autor, a lentidão. O enredo é bom, a história é ótima, mas tem tanta informação aleatória de fatos e personagens aleatórios que deixa a leitura realmente muito lenta.

Eu adoro os personagens! Nate, Dominika e os personagens secundários que se destacam. Gosto de Gable e os outros americanos, Hannah (que aparece pela primeira vez neste volume). O relacionamento dos protagonistas é muito conturbado; eles estão apaixonados, mas tudo é muito perigoso. Fora que essa relação atrapalha a frieza deles para lidar com o trabalho. Dominika não exita em dormir com um colega de trabalho nojento, para arrancar informações dele. Ela ainda usa suas técnicas de pardal, um treinamento vergonhoso que sempre fará parte de sua vida. Ela separa seu corpo da mente, e faz o que for preciso, sempre. Nate acaba se envolvendo com uma agente, tudo muito enrolado.

As cenas dela com esse cara são grotescas, dá muito nojo dos dois na cama, e o autor não poupa detalhes sobre isso. Na verdade, todas as descrições no que se refere a vida pessoal dos russos são bem nojentas.

Isso foi parte do que me desagradou no livro, já ocorreu bastante no primeiro e não gostei, mas aqui fica ainda mais explícito e repetitivo. Tudo o que se refere aos russos é ruim, todos eles são péssimas pessoas, sem caráter, abusivas, assassinos. Não tem ninguém que presta lá. Já na CIA são todas boas pessoas, boa gente... E a forma como isso é mostrado é ainda mais chata rs. Dominika enxerga as auras, parte do que a torna uma espiã e agente tão boa. Com isso, ela consegue enxergar a “cor” de cada pessoa pessoa e ler suas emoções. Os russos todos têm cor de vômito e não despertam confiança, são invejosos, gananciosos – com exceção da aura azul forte de Putin, inteligência. Os americanos todos têm lindas auras violetas pulsantes... amizade, honestidade... aff!! Além disso, ainda aparecem uns fantasmas de três mulheres mortas, que vão servir de apoio e como a “consciência” da Dominika.

Eu curti o enredo e fico curiosa para saber como vai terminar, o final desse volume foi emocionante. Por outro lado me desagradou a lentidão e esses artifícios utilizados em excesso pelo autor, além da abordagem simplista EUA X Rússia, mal X bem. Só espero que não demorem tanto para lançar a conclusão da trilogia.

Para quem curte thrillers de espionagem vale a pena, quem leu me conta se gostou, leiam!!

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Trilogia Red Sparrow do Jason Matthews: