Viaje com as séries #213 - Bom dia, Verônica

>>  quarta-feira, 14 de outubro de 2020

Depois de aproximadamente 3 anos sem postagens do Viaje com as séries, estamos de volta e, logo de cara, vamos falar do mais recente lançamento nacional original da Netflix: Bom dia, Verônica!

Nunca fui muito fã de séries nacionais, sempre tive medo de achar fraco e inferior às séries estrangeiras. Apesar disso, contraditoriamente, sempre assisto às séries adaptadas de livros que são exibidas pela Rede Globo, e adoro todas, ou a maioria, rs. Mas as que são de streaming eu realmente não tenho hábito de assistir.

Contudo, quando se trata de adaptação de livros, eu não consigo não assistir, rs.

Faz um tempo que tenho interesse em ler o livro Bom dia, Verônica, escrito por uma autora sob o pseudônimo Andrea Killmore. Eu não tinha ouvido falar na história até a Bienal do Livro do Rio de Janeiro, em 2019, quando fora revelada a autoria por trás do pseudônimo: Ilana Casoy e Raphael Montes. Já ouvi falar demais a respeito dos livros da Ilana, apesar de não ter lido, e sou uma fã dos livros do Raphael (resenhas aqui!). Logo, eu precisava desesperadamente conhecer a história.

O desespero para fazer a leitura aumentou quando descobri que o livro seria adaptado para série pela Netflix, com estreia prevista para o dia 02.10.2020. Assim, antecipei a leitura para que pudesse assistir o mais rápido possível. Vamos às impressões que tive de ambas as obras.

 

Verônica Torres (Tainá Müller) é uma escrivã de polícia que trabalha no DHPP (departamento de homicídios e proteção à pessoa) de São Paulo, mas não gosta do que faz, pois o que ela queria mesmo era ser delegada, investigadora, estar em campo e desvendar crimes, colocar os assassinos, os malvados atrás das grades.

Um dia, uma moça chamada Marta Campos aparece desesperada no DHPP e, após sair da sala do delegado titular, se suicida na frente de Verônica. O pessoal do departamento simplesmente ignora os motivos do suicídio e abafa o caso para a imprensa, mas Verônica não se conforma e decide que precisa, a todo custo, descobrir o que levou a moça a cometer tal ato contra a própria vida.

Janete (Camila Morgado) é esposa do policial militar Cláudio Brandão (Eduardo Moscovis). Ela não é feliz em seu casamento, apesar de fazer muito esforço para manter o marido contente e evitar que ele se irrite com ela e a violente, ou que ele decida matar alguma mulher, como costuma fazer. Um dia, enquanto assiste TV, Janete vê a entrevista de Verônica sobre o caso da mulher que se suicidou na delegacia. Ela vai com a cara de Verônica e acredita que ela pode ser a resposta para seus questionamentos sobre seu relacionamento abusivo. Janete acredita que talvez consiga sair dessa vida e entra em contato com Verônica em busca de ajuda.

A escrivã de polícia então resolve investigar dois casos por conta própria, sem qualquer apoio, nem do pessoal do DHPP, nem de seu esposo, nem de ninguém. Ela está sozinha nessa e vai ter que se desdobrar para conseguir provar que há algo por trás da morte de Marta Campos na delegacia, e para provar que Janete não é apenas uma mulher vítima de violência doméstica.

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Por incrível que pareça, eu gostei muito mais da série do que do livro.

Embora determinados pontos do livro não tenham aparecido na série, ou tenham sido alterados de forma drástica, fato é que tudo que me irritou enquanto eu lia foi milagrosamente retirado da série, rs. Por exemplo, a própria Verônica. Ela me deixou extremamente irritada o livro todo, sendo muito egocêntrica, egoísta, mesquinha, hipócrita. No fim do livro, não conseguia me decidir se ela era a mocinha ou, de certa forma, a vilã da história, assim como o delegado titular e chefe de Verônica, Wilson Carvana (Antônio Grassi). Na série, por outro lado, Verônica
de cara causa empatia, e Carvana é um bom camarada, de modo que ficou muito mais fácil torcer pelos personagens.

Todas as características da Verônica do livro foram transferidas para uma personagem que existe apenas na série: Anita (Elisa Volpatto), a delegada. Ela é cruel, fria, impiedosa, deixando para Verônica o papel de mocinha da história. Com a atuação de Tainá Müller, então, impossível não torcer por Verônica!

Paulo, marido de Verônica, não me conquistou nem no livro nem na série. Um caso perdido, rs, ao contrário de Nelson (Sílvio Guindane), o "Nerdson", que já tinha me causado empatia no livro, e na série me conquistou de vez.

Por fim, Janete e Brandão. A interpretação de Camila Morgado e Eduardo Moscovis é de arrepiar. Deu vontade de aplaudir de pé! Fiquei ainda mais agoniada com as situações que Janete passa, e torci novamente para que tudo desse certo.

Preciso chamar atenção, ainda, para a trilha sonora, que é ótima!

Outro detalhe importante é o papel da série na luta contra a violência doméstica e relacionamentos abusivos em geral. Todo final de episódio mostra uma mensagem com um número de telefone para denúncias de casos de violência doméstica. Em uma época em que cada vez mais abusos vêm à tona, é superválida a campanha que a série faz. Outra coisa que me agrada bastante é quando o próprio autor é roteirista, ou diretor/produtor, ou algo do tipo na adaptação. Isso me agrada porque, possivelmente, se tiver alguma coisa que ele considere que vá melhorar a história que escreveu, ou se acha que teria feito algo diferente na história original, com certeza vai fazer aparecer na adaptação. É exatamente o que penso que Raphael Montes fez na adaptação de Bom dia, Verônica. Uma complementação que só fez melhorar a história.

E, assim, temos um livro nota 3,5 e uma série 4,5! O meio pontinho fica por conta de uns meros detalhes não explicados ao final da série, mas que tenho certeza que nem todo mundo vai reparar, rs. Mesmo assim, senti falta.

Ainda não sei se a série terá continuação. Apesar de eu não gostar que as séries continuem sem um livro para guiá-las, confesso de não me importaria se visse alguma notícia confirmando uma segunda temporada.


 


                        

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