Você me ama - Caroline Kepnes

KEPNES, Caroline. Você me ama. Rio de Janeiro: Editora Rocco, 2021. 384p. (You, v.3). Título original: You Love Me.

"Eu não ia machucar ninguém. Sou um homem bom, mas sou um solitário, maltratado e usado. Foi ela quem me atacou! É culpa dela o fato de estar naquele porão, de eu estar nessa confusão. E você realmente tirou sarro dos meus beijos? Você falou sério quando disse que não acha que existisse alguém como eu? Ou Melanda está certa? Foi esse o seu jeito gentil de me dizer que não sou bom o suficiente?" p. 121

  Esse é o 3º livro da série You, que vem fazendo sucesso na Netflix. A história dos livros é bem diferente da série, que romantiza um pouco Joe, além de criar inúmeras cenas de ação e algumas mortes a mais. São livros no mínimo, diferentes, já que nosso protagonista é um sociopata, um anti-herói que vai mexer com a cabeça do leitor. Confiram o que achei de Você me ama da Caroline Kepnes. 

Esta resenha contém spoilers sobre os livros anteriores!

No final de Corpos Ocultos, Joe acaba sendo preso, acusado de dois assassinatos de Guinevere Beck e Peach Salinger. Mas agora ele tem todos os recursos da família de Love à sua disposição. Advogados caros e uma boa defesa, a polícia não possui nenhuma prova contra ele, apenas suspeitas. E ele está tranquilo quanto a sua inocência... e assim termina o livro! Eu, claro, estava ansiosa para ler o próximo. 

Joe Goldberg foi inocentado, mas isso não o livrou das garras do pai de Love. Quando ele foi preso, a esposa estava grávida e agora Joe tem um menino, Forty, em homenagem ao irmão falecido de Love. Mas ao sair da prisão, os advogados e seguranças do sogro o obrigaram a assinar um acordo. Ele concordaria com o divórcio, ficaria bem longe de Love do filho, e receberia 4 milhões de dólares. Sem opções, ele concordou. 

Joe está cansado das cidades grandes e decidido a ser uma pessoa melhor! Ele decide não matar mais ninguém, compra uma casa em uma pequena ilha perto de Seattle e arruma um emprego como voluntário na biblioteca da cidade. Afinal, ele agora é um homem rico. Joe está feliz, mesmo conhecendo seu filho apenas por fotos no Instagram. Ele ama livros e ama... 

Mary Kay DiMarco é a bibliotecária da cidade. Uma mulher inteligente, gentil, sexy... Joe tem certeza que ela é a mulher de sua vida. Mas ele decide agir com calma, ser um bom amigo e conquistá-la aos poucos. Evita seus hobbies como stalker e tenta fazer tudo do jeito certo. Mas Mary Kay já tem uma vida. Ela tem uma filha adolescentes, tem amigos próximos e uma vida complicada. 

Mas Joe sabe que eles foram feitos um para o outro. E com muita paciência, alguma persistência e pequenos empurrõezinhos, ele só precisa convencer Mary Kay a fazer a coisa certa, e escolhê-lo como o homem da sua vida.

"Você pega a maçaneta. Você a aperta. - Adeus Joe. Boa sorte. 

Você fecha a minha porta - não bate-, e eu ando até a janela e espero que você olhe para trás - a mulher sempre olha para quem ama -, mas você não faz isso, Mary Kay. Você não me ama mais." p.269

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Não sou super fã dos livros, mas a história aqui é bem mais interessante e crível do que na série de TV. Joe é um sociopata, um anti-herói muito interessante e a narrativa prende. São personagens perturbados, situações esdrúxulas e o leitor fica intrigado do início ao fim. Essa autora tem uma mente muito perturbada, não é possível! hehehe É tanta gente ruim e com atitudes tão loucas, que você acaba torcendo um pouco por Joe. 

Neste livro ele tenta ser uma pessoa melhor, e eu me diverti com ele tentando não matar ninguém, tentando ser um bom homem hahaha. Claro, isso só existe na cabeça dele. Na vida real ele segue Mary Kay, descobre tudo sobre sua família e seus hábitos. E tenta dar alguns incentivos para ela perceber logo que também está apaixonada por ele. O interessante é que Mary Kay é realmente uma mulher com muitos problemas, que está interessada nele e não consegue tomar uma atitude. A mulher é um porre em alguns momentos, e eu QUASE tive pena do Joe (risos). 

Ele tenta se aproximar dos dois amigos insuportáveis dela, tenta ser gentil com a filha adolescente mal humorada e ama seu trabalho com os livros na biblioteca. Essa parte da biblioteca e dos livros eu achei bem legal, adorei vê-los discutindo clássicos e dando dicas de leituras. Ao mesmo tempo, ele fica triste por não conhecer o filho, enquanto segue obcecado pelo Instagram de Love, não por ela, apenas pelo bebê. Joe adota três gatinhos, e eu fiquei mais preocupada com os filhotes, do que com qualquer um que ele pudesse matear hehe. 

E esse volume foi interessante, por agora pelo menos sua obsessão é correspondida. Mary Kay também gosta dele e só precisa resolver sua vida complicada. Claro que nada é tão simples, um segurança contratado por seu sogro começa a chantagear Joe para não prejudicá-lo, então ele precisa comprar tudo que o cara pede, para ele não informar o que ele anda fazendo, para a família de Love. Fora os novos segredos de Joe, que ele descobre enquanto está lá. 

Quem assiste a série vai perceber que mudaram muito a história. Na série de TV Joe mata Love, simula um acidente e foge para Paris. Na série ele também mata o irmão dela, que no livro morre em um acidente. Em Paris ele vira professor e se envolve com outro psicopata. Aqui não tem nada disso. Love também não é a psicopata da série, é apenas uma mulher apaixonada e também meio perturbada, que apoia Joe mesmo quando descobre alguns de seus crimes. E nos livros eles estavam super bem e felizes, ela grávida, até que ele é preso. Na TV ele não chega a ser preso, perderam um ângulo muito interessante. Como sempre, os livros são melhores. 

Eu não amo os livros também não, mas a autora sempre me prende e o final, mais uma vez, foi surpreendente! Eu acho algumas atitudes forçadas, algumas coisas muito mal explicadas e por isso minha nota acaba diminuindo. Torço para que o próximo seja o último, mas sigo curiosa para ler. [ALERTA DE SPOILERS] No final deste volume, o marido de Mary Kay morre por overdose (com incentivo, mas não por culpa de Joe kkk) e depois de muitas confusões ele acaba se casando com ela. Tudo parece perfeito, até que do NADA, Nomi, a filha adolescente dela, dá em cima de Joe e depois o acusa de assédio. Na confusão, Mary Kay cai da escada e termina em coma. No começo Joe diz ter tentando ser o marido perfeito cuidando da esposa doente, até que se cansa dos amigos que não desgrudam dela, e de Nomi, e vai embora mais uma vez. E agora ele irá recomeçar tudo de novo em alguma nova cidade... No final, Nomi avisa para ele que os aparelhos da mãe serão desligados. [FIM DOS SPOILERS]

Joe segue espalhando o caos e a infelicidade por onde passa, mesmo "tentando" ser uma boa pessoa. É uma das séries mais diferentes e intrigantes que acompanho, mas não indico para qualquer leitor. Indico para quem curte thrillers psicológicos e não busca por um final feliz, nem por um herói para salvar o dia. Aqui o caos segue reinando, leiam!

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Série You da Caroline Kepnes:

1. Você (You)
2. Corpos ocultos (Hidden Bodies)
3. Você me ama (You Love Me)
4. For you and only you.

Avaliação (1 a 5):

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Quase uma família - Sherryl Woods

WOODS, Sherryl. Quase uma família. Rio de Janeiro: Editora Harlequin,2022. 384p. (Doces Magnólias, v.3). Título original: Feels like family.

"- Caramba Helen, que ideia foi essa? - gritou Dana Sue. - Como você pôde fazer algo assim? Maddie sabe, não é? É por isso que ela tem andado tão irritada ultimamente." p.306

A série Doce Magnólias chega ao seu terceiro volume e aqui vamos conhecer a história de Helen, uma das três melhores amigas que ficaram conhecidas na série de TV homônima, Sweet Magnolias, exibida pela Netflix. 

Helen Decatur é uma advogada implacável. Ela construiu uma carreira de sucesso, tem seu próprio escritório e se tornou uma das advogadas de divórcio mais famosa da Carolina do Sul. Mas agora ela está prestes a completar 43 anos, e a carreira é tudo o que tem.

Helen nunca teve um relacionamento duradouro, vive para o trabalho.  Até porque lidar com tantos divórcios horríveis, a deixou bastante cética quanto a relacionamentos. Mas com suas duas melhores amigas muito bem casadas e Maddie à espera de mais um bebê, seu relógio biológico está gritando. Ela precisa decidir se quer realmente um bebê, e se quiser, como fazer para  que isso aconteça. Adoção? Inseminação? Conhecer alguém em tempo recorde? 

Enquanto faz listas e mais listas sobre o assunto, algo inusitado acaba por mudar suas perspectivas. Karen Ames, uma das funcionárias do restaurante de Dana Sue, está passando por uma situação complicada. Foi abandonada pelo marido, que não paga pensão, e cuida sozinha dos dois filhos, Mack e Daisy, com 3 e 5 anos. As crianças vivem doentes, sem ter com quem contar ela acaba faltando muito ao trabalho. E agora está correndo o risco de perder o apartamento, o emprego, e está completamente desesperada. Ela conta apenas com a ajuda de Frances, uma vizinha idosa, que mora ao lado. 

Quando Karen tem praticamente um colapso nervoso, Helen se oferece para ficar com as crianças por algumas semanas, enquanto a moça procura ajuda psicológica e começa a se tratar. Exausta, Karen aceita ajuda e começa o tratamento. E agora, Helen, de repente, tem duas crianças pequenas em sua casa muito organizada e cheia de itens de valor. No alto dos seus saltos de marca e seus terninhos impecáveis, ela se vê no meio de um caos completo, e, apesar de exausta, ama cada segundo. 

Erik é o chef confeiteiro e braço direito de Dana Sue no restaurante. Ele tem um passado muito triste, que o fez largar a carreira de socorrista e se tornar cozinheiro. Erik não fala sobre o passado, é um solteiro convicto que não tem interesse em um relacionamento sério novamente. Mas ele e Helen começam a se aproximar, e acabam por se envolver. Uma relação sem compromisso, claro, mas que pode acabar se tornando algo mais. 

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Eu adoro as três amigas, a cidade e todos os personagens. O primeiro livro, da Maddie, ainda é meu favorito, mas adoro a ambientação e o enredo.

Helen é uma personagem muito forte, mas por outro lado, é também muito cabeça dura e dona da razão. Suas atitudes são firmes, ela protege as amigas com todas as forças. Quando no passado, Ronnie traiu Dana Sue, foi Helen que cuidou do divórcio e expulsou o ex da cidade. Mas por outro lado, isso acabou fazendo Annie, a filha de Dana Sue sofrer muito, a menina acabou desenvolvendo um distúrbio alimentar. E quando Ronnie volta à cidade, Helen está pronta para a briga. A protagonista faz o melhor por quem ama, mas muitas vezes se intromete demais onde não deveria. E agora, é a sua vez de estar na berlinda, com as amigas em torno dela exigindo uma explicação sobre seus planos futuros e a situação com Erik. 

Já o mocinho, é um fofo. Um cozinheiro de mão cheia, muito protetor e que está muito atraído por Helen. O romance entre eles começa com uma torta na cara e um beijo avassalador, daí vocês já imaginam. Gostei muito do casal. 

O que não curti, foi o grande plot twist da história, quando Helen resolve engravidar e não conta nada para o homem com quem começa a se relacionar. Ela simplesmente segue com seu plano, querendo ser mãe solo se tudo desse certo. Achei um desrespeito enorme com Erik, principalmente por eles serem amigos antes de tudo. E por ele ser também muito amigo de Dana Sue. Fiquei com raiva da protagonista por isso boa parte do livro, e achei que ela se safou fácil da história rs.

Para ficar ainda mais movimentado, temos também o marido de uma cliente de Elen, que revoltado com as condições do divórcio ameaça Helen e a ex-mulher. Ela então começa a ser protegida por Erik e seus amigos. 

A história de Helen foi a mais modificada na série de TV. Lá ela perde um filho depois de engravidar de um ex-namorado (alguém que nem existe no livro) e esse cara volta e quer casar com ela. Só que ela já está saindo com Erik, e meio que deixa ele de lado para pensar se vai ou não ficar com o tal ex. E ela já deixa claro que depois do aborto, provavelmente não poderá ter filhos.  Uma pena terem mudado tudo, o livro tem partes ótimas.  Ainda estou no começo da terceira temporada da série, mas pelo jeito não terá nada igual ao livro.

Bom, eu estou curtindo a série, mas não sei se irão continuar lançando após os 3 livros das amigas principais. O quarto livro seria da Jeanette, funcionária do SPA da Esquina, um negócio que as três abriram juntas, administrado por Maddie. Espero que saia no Brasil.  Leiam!

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Série Doces Magnólias da Sherryl Woods

1. Linda conquista (Stealing home) - Maddie
2. Um pedaço do céu (A slice of heaven) - Dana Sue
3. Quase uma família (Feels like family)  - Helen
4. Welcome to Serenity (os demais ainda não lançados no Brasil) - Jeanette
5. Home in Carolina
6. Sweet tea at sunrise
7. Honeysuckle summer
8. Midnight promises
9. Catching fireflies
10. Where azaleas bloom
11. Swan point.

Avaliação (1 a 5):

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Identidades cruzadas - Harlan Coben

COBEN, Harlan. Identidades cruzadas. São Paulo: Editora Arqueiro, 2023. 304p. Título original: The match.

"Reality shows pegam vidas de verdade e as transformam em histórias interessantes. Não precisam ser verdadeiras. Só precisam fazer as pessoas assistirem. A maioria dessas celebridades entende que a ideia é essa. É preciso alimentar o monstro do drama. Mas o personagem de Peter havia se tornado meio sem graça. Fazia algum tempo que ele estava casado sem filhos. Meu palpite é que alguém do programa armou isso para dar uma agitada. Maximizar o interesse do público." p.189

A primeira coisa a se dizer sobre o novo livro do Harlan Coben, é que ele é uma continuação direta de O menino do bosque! Achei que deveria ter essa informação na capa ou na contra capa, mas não temos nada. E muito do que eu reclamei no primeiro livro que fica no ar, só descobrimos aqui, então não é um livro independente. Dito isso, confiram o que achei do novo suspense do autor com Identidades cruzadas! 

Esta resenha não contém spoilers sobre o livro anterior!

Em O menino do Bosque, conhecemos Wilde, um homem de 37 anos que sabe muito pouco sobre o seu passado, e nada sobre sua família. Ele foi encontrado com mais ou menos 7 anos (nunca soube sua idade exata), sozinho, vivendo na floresta. Ele invadia casas de veraneio que ficavam vazias no inverno, comia o que encontrava, roubava roupas e comida.  Wilde já adulto, ainda morava em uma cápsula (uma espécie de barraca auto sustentável) na floresta e raramente interagia com o restante do mundo. 

Quando criança ele foi adotado, e acabou se tornando melhor amigo de um dos filhos de Hester Crimsten, a famosa advogada de defesa. Hester foi a única figura materna, ou algo do tipo, em sua vida. Mas agora ele resolve investigar seu passado, e acaba enviando uma amostra de DNA para esses sites de banco de dados genealógicos que procuram correspondências.  

E é assim que Wilde conhece "PB", um suposto primo, e acaba achando uma correspondência alta com um homem que ele acredita ser seu pai. Com ajuda de sua irmã adotiva, Lola, e de Hester, ele descobre as identidades que precisa. Ele procura seu suposto pai, e acaba saindo com mais perguntas do que respostas. E descobre também que PB é Peter Bennett. E começa a investigar.

Peter trocou alguns e-mails com Wilde, mas em seu refúgio na floresta, ele acabou demorando muito a responder. E agora Peter parece estar desaparecido, ou morto. Pesquisando, descobre que o "primo" é um ex-participante de um famoso reality show. E que ele foi acusado de várias coisas e "cancelado" na Internet. Ele quer descobrir se Peter era culpado ou se houve uma conspiração. Nessa trilha, ele descobre um homem que trabalhava criando falsos perfis e destruindo celebridades online. Para essa pesquisa bem diferente do seu mundo, ele conta com a ajuda do afilhado, Matthew e da nova namorada do rapaz. Isso acaba o reaproximando de Laila, mãe de Matthew e por quem ele é apaixonado. Laila é também viúva de David, filho de Hester, o que complica tudo. 

Enquanto Wilde persegue suas origens, se mete no meio de uma investigação de assassinato e começa a correr perigo. Ao mesmo tempo, precisa lidar com os novos desafios de sua vida adulta e um passado secreto. 

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Uau! Este "conserta" praticamente tudo em que o primeiro livro falhou (risos), não sei se o autor tinha a ideia da continuação desde sempre, ou se atendeu aos pedidos de seus leitores. Mas finalmente descobrimos o que aconteceu com Wilde no passado, e paralelo a isso, Harlan cria um suspense moderno, envolvido com as novas mídias e a forma como, hoje, a internet pode mudar ou destruir a vida das pessoas. 

Aqui não temos um acontecimento do passado, aleluia, sem contar, é claro, a investigação de Wilde sobre sua família. Mas a trama principal gira em torno do desaparecimento/morte de Peter Bennett e todas as loucuras que acontecem nos reality shows e a vida dessas novas celebridades. Que possuem uma fama de curta duração e querem tirar o máximo proveito disso. Atuando, mentindo, criando, fazendo o que for necessário para não sair dos holofotes.  

Gostei muito desse enredo moderno, girando em torno dos pseudos famosos e toda a armação por trás do que o público vê e acredita. Peter era o mocinho, logo o reality precisava de um vilão. E como era um reality precisava de um casamento no final, Jenn Cassidy, precisava escolher o cara certo. E depois que o "final felizes" dele não interessava a mais ninguém, bom, alguém achou que precisava de um escândalo para mudar isso. Temos os cancelamentos na Internet, os boots, os falsos perfis, os robôs detonando ou criando um local com falsas avaliações. Gostei bastante dessa crítica ao quanto tudo é falso nas mídias virtuais. E o quanto a maioria das pessoas acredita em tudo aquilo. 

Hoje as "fake news" fazem parte do nosso dia a dia. Esse cenário afeta a política, as ditas "celebridades" e a vida do cidadão comum. São tantas mentiras, golpes para obter lucro ou para causar pânico, que ninguém sabe mais em que acreditar. E aí, mais uma vez, está a importância de ler e se informar, seja por lazer, seja fora da ficção! :-) 

Voltando a história, eu só achei a motivação de Wilde para entrar nesse mundo e descobrir o que aconteceu com Peter, bem fraca. Achei também a motivação para os assassinatos, com exceção do primeiro, pouco convincente. Não acertei o culpado, mas passei bem perto hehe. Por outro lado, o livro prende do início ao fim, os personagens são bons e o final foi ótimo. 

Achei os segredos, em geral, bem interessantes, principalmente a revelação sobre o passado de Wilde. Adorei esse plot e a crítica a quem faz de tudo pela fama, o poder disso para mudar uma pessoa e tudo sobre as novas mídias. 

Esse eu indico de olhos fechados, e sabendo que tem uma continuação, o livro 1 ganha outros olhos para mim. Leiam!

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Duologia Wilde:

1. O menino do bosque (The boy from de woods)
2. Identidades cruzadas (The match)

Avaliação (1 a 5):

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Silêncio na floresta - Harlan Coben

COBEN, Harlan. Silêncio na floresta. São Paulo: Editora Arqueiro, 2022. 352p. Título original: The woods.

"Quando Greta chegou, usando a chave que eu lhe dera anos atrás, eu estava tão absorvido pelo contentamento da minha filha que já tinha quase me esquecido de tudo - rapazes que estupram, moças que se perdem na floresta, assassinos em série que cortam gargantas, cunhados que traem nossa confiança, pais de luto que ameaçam garotinhas. Mas o barulho da porta trouxe tudo de volta." p.213

Como fã de suspense, eu adoro o estilo do Harlan Coben. Mas para quem já leu quase todos os livros do autor como eu, o estilo não traz mais novidades. A fórmula é a mesma, é fato. Se divirta assim, ou procure algo diferente kkk. Confiram o que achei de um dos livros adaptados para série de TV da Netflix, Silêncio na floresta.

Em um acampamento de verão, quatro adolescentes saem escondidos de suas barracas e entram na floresta à noite. No dia seguinte, os corpos de Margot Green e Doug Billingham foram encontrados, assassinados a faca. Dois outros adolescentes, Gil Perez e Camille Copeland desapareceram sem deixar rastros. Depois de várias buscas na floresta, são dados como mortos. Anos depois um assassino é preso e condenado por várias mortes similares, ele era monitor no acampamento naquele ano, mas sempre negou esses crimes.  Nada foi descoberto. 

20 anos depois

Paul Copeland, 38, é promotor do condado, um homem que clama por justiça. Mais conhecido como Cope, ele é viúvo e cria sozinho a filha de 6 anos, Cara. Ele está solteiro e não tem tempo para distrações. Dedica-se ao trabalho e a criação da filha, conta também com a ajuda da cunhada, Greta.  

Quando um homem é encontrado assassinado, a polícia encontra no corpo uma ligação com Cope, e o leva até o IML. Ele não reconhece o corpo, até ver uma antiga cicatriz no braço. O homem em questão é Gil Perez, o adolescente que foi dado como morto há 20 anos atrás, junto com sua irmã mais velha. O crime acabou com a sua família. Seus pais eram imigrantes russos, seu pai era médico e virou trabalhador braçal na América. Sua mãe era uma beldade rica, virou faxineira. O casamento não sobreviveu à tragédia. Sua mãe deixou a família e foi embora, seu pai passou anos perturbado até falecer precocemente. 

Essa descoberta muda tudo, e o deixa desnorteado. Se Gil sobreviveu, onde ele estava em todos esses anos? Ele era o assassino? Cúmplice? E sua irmã, poderia também estar viva? Ele começa a investigar. 

Ao mesmo tempo, trabalha em um caso revoltante e complicado. Dois universitários ricos são acusados do estupro de uma menina de 17 anos. Chamique era uma dançarina erótica, fazia programas, já foi presa por uso de drogas e era mãe solteira. Mas ela havia sido estuprada. E Cope queria justiça! Ele não queria acordos, não iria pegar leve com os "dois riquinhos, tão jovens e com o futuro todo pela frente". Eles iriam pagar. E para isso, ele estava disposto até mesmo a enfrentar a ira do pai de um deles, um homem poderoso e que ameaçou revirar seu passado e destruí-lo. 

Loren Muse é a investigadora principal do caso e uma mulher inteligente e dedicada. Ela começa a ajudar Cope com o mistério do passado. Ao mesmo tempo, precisam lidar com as ameaças que pairam sobre ele, seu cunhado, Bob, é a primeira vítima. Ele é preso por desvio de verba na instituição de caridade onde trabalha, instituição criada por Cope após o falecimento da esposa. 

Lucy Silverstein é uma professora universitária bonita e solitária. Lucy também era a namorada de Paul na época dos assassinados, eles estavam juntos na floresta, se agarrando, quando tudo aconteceu. Eles nunca se perdoaram. Depois disso se afastaram. Lucy deixou tudo para trás, seu pai era o dono do acampamento e ficou falido após pagar todas as indenizações. Hoje ele morava em um retiro para idosos, e ela bebia para esquecer. Quando Lucy recebe uma redação anônima de um dos seus alunos, revivendo aquela noite, ela sabe que algo terrível está acontecendo. E resolve entrar em contato com Paul.

"Um dos axiomas de Sherlock é mais ou menos assim: É um grande erro teorizar antes de se ter os dados, porque se começa a torcer os fatos para caber nas teorias, em vez de as teorias caberem nos fatos." p. 235

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Esse é um dos livros antigos do autor (publicado originalmente em 2007), que eu sempre tive vontade de ler. Ele foi lançado em uma edição antiga da ARX que vivia esgotado, e só agora finalmente consegui ler! Fico muito feliz da Editora Arqueiro estar lançando/relançando todos os livros do autor. Gosto da narrativa dinâmica e emocionante, sempre cheio de surpresas e reviravoltas. 

Eu curto o Harlan Coben, mesmo com todos os seus estereótipos e vários plots que se repetem. Pra mim é igual filme de ação na TV, você já sabe tudo que vai rolar, mas fica lá vidrado na tela. Eu fico assim nos livros, só respiro quando termino. Dito isso, para quem já leu muitos livros dele, a trama não tem grandes surpresas. Os desdobramentos são quase todos previsíveis, e mesmo as "trocentas" reviravoltas, que me empolgam, não me surpreendem totalmente. 

Este tem uma trama já bem conhecida do autor, um crime do passado, mal resolvido, que volta para assombrar o protagonista no futuro. Pelo menos nesse não tem aquilo do protagonista virar o principal suspeito e lutar sozinho contra polícia e bandidos e blablabla. Eu gostei de Paul, um homem honesto, inteligente e que só quer descobrir a verdade. E ele conta com a ajuda dos dois policiais responsáveis por investigar o assassinado do (suposto) Gil Perez, e com a ajuda de Muse (figura já conhecida de outros livros do autor) e de Lucy. 

O romance é sempre um tiro no pé nos livros do autor (com exceção da minha amada série Myron Bolitar). São rasos, mal desenvolvidos, forçados. E aqui foi o ponto baixo do livro! Paul é um viúvo que amava muito a esposa, que faleceu de câncer. Alguns anos depois ele começa a seguir em frente. Lucy foi sua namorada da adolescência, 20 anos se passaram (!!!) e eles se encontram e PA(!), estão apaixonados kkk. Eu não digeri esse amor todo depois de 20 anos sem ver alguém. Alguém que você namorou por uns 2 meses na adolescências mas que "mudou sua vida". Me poupem, não desce! 

Mas, bom, é um livro de suspense, quem se importa com o romance, não é mesmo? Voltando ao caso, eu matei algumas charadas e tive algumas surpresas. O livro é bem fácil de ir acertando os vários desdobramentos. Quem morreu, quem está vivo, matou ou não, etc. Aos poucos tudo vai se encaixando. 

Este foi outro livro que foi adaptado para a Netflix em 2020. A minissérie polonesa tem 6 episódios. A série até começou bem, apesar de ter mudado todos os nomes (talvez pelo país em que é gravada). Mas nos episódios finais mudou todos os acontecimentos principais, nunca entendo porque adaptam os livros para mudarem tudo aff. 

Eu gostei, mas esperava mais dos desdobramentos, não tive grandes surpresas. Achei o final também muito mal elaborado, uma personagem importante tem zero destaque, só comentam sobre ela no futuro. 

Acho que se eu tivesse lido há alguns anos teria adorado a trama, inclusive indico muito para quem não leu vários livros do autor. Mas para quem já leu a maioria, tem muitos aspectos semelhantes com outros livros, que acabam ajudando a matar as charadas. Quem leu me conte se gostou, leiam!

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Avaliação (1 a 5): 3.5

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Um pedaço do céu - Sherryl Woods

WOODS, Sherryl. Um pedaço do céu. Rio de Janeiro: Editora Harlequin,2021. 416p. (Doces Magnólias, v.2). Título original: Slice of heaven.

"- Chame do que quiser, desde que saiba que não vou a lugar nenhum.

Dana Sue revirou os olhos.

- Eu sei. Estou começando a achar que você é tipo fungo. Quando volta, é ainda mais difícil se livrar dele.

- Isso é jeito de falar do homem que você prometeu amar por toda a eternidade? - Ronnie estava se divertido, apesar da tentativa dela de insultá-lo. 

- Esse homem está morto para mim - afirmou ela.

Talvez fosse apenas mais uma coisa sobre a qual Ronnie estivesse querendo se enganar, mas ele achava que não era bem o caso." p.194

O segundo volume da série Doces Magnólias da Sherryl Woods vai contar a história da Dana Sue, uma das três melhores amigas que conquistaram o público na série da Netflix, Sweet Magnolias. Confiram o que achei de Um pedaço do céu.

A resenha não contém spoilers do volume anterior, confira a resenha de Linda conquista.

Dana Sue Sullivan, 40, se casou com o namorado do colégio, e eles foram felizes e apaixonados por muitos anos. O casal têm uma filha linda, Annie, agora já com 14 anos. Até que seu agora ex-marido, Ronnie, destrói tudo ao dormir com outra mulher em uma noite aleatória. Ela o expulsa de casa e da cidade, quando uma de suas melhores amigas, Helen, consegue um acordo de divórcio com a custódia total da filha do casal. 

Dois anos após o divórcio, Dana Sue ainda sofre com o coração partido, embora não admita. Mas ela lutou e superou suas dificuldades. Abriu um restaurante que hoje é conceituado em toda região, o Sullivan's. O melhor restaurante de Serenity serve o melhor da culinária sulista. Ela também é sócia das duas amigas no novo SPA para mulheres da cidade, administrado por Maddie. 

Já sua vida pessoal anda uma bagunça. Dana Sue está acima do peso e desconta todas suas frustrações em comida. E ela, que perdeu a mãe com complicações da diabetes, precisa controlar melhor sua glicemia, levar a sério uma dieta e fazer exercícios regulares. E tudo isso não é nada, comparado com o que está acontecendo com a filha. Annie está cada vez mais magra, e embora desconfie que a filha sofra de algum distúrbio alimentar, ela evita o confronto. Insiste que a menina coma, ela parece obedecer, mas está cada dia mais pálida e com os ossos aparecendo. 

Até que um dia o pior acontece, Annie desmaia e as amigas não conseguem acordá-la. No hospital, ela descobre que sua filha teve um ataque cardíaco e quase morreu em consequência da anorexia. Ela se vê obrigada a ligar para Ronnie, que volta imediatamente para a cidade. 

Agora eles precisam se unir para que a filha melhore, aceite o acompanhamento psiquiátrico e a nova dieta da nutricionista. Ronnie sabe que errou e só quer conquistar a esposa novamente, e voltar a fazer parte da vida das duas. Já Dana Sue, apesar de ainda estar apaixonada, tem medo de abrir seu coração para o homem que a traiu. 

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Eu adorei o primeiro volume da série, mas, infelizmente, não posso dizer o mesmo da continuação. Apesar de já adorar as personagens principais e o enredo em geral, duas coisas me incomodaram muito. Sendo o romance a principal delas. Eu sei que nada é tão preto no branco assim, mas eu não consigo aceitar ela perdoar uma traição dessas! E mesmo eu sabendo desde o início que o romance seria entre Dana Sue e o ex-marido, eu não consegui torcer para eles ficarem juntos.  E isso, estragou o principal do livro para mim.  

A segunda coisa que incomoda, é  a forma como a autora trata a questão da autoestima, autoimagem e a obesidade. Apesar do livro ter sido escrito em 2007 e essa abordagem tenha evoluído nos últimos anos, aqui a autora claramente relaciona a magreza com a beleza e a felicidade. Dana Sue precisava controlar o peso sim, para não ficar diabética e ter os mesmos problemas de saúde que levaram sua mãe a falecer. Mas ela pensa nisso por todos os motivos errados: que está feia, que tem vergonha que Ronnie a veja nua, que está gorda e indesejável e etc. E Annie, desenvolve um distúrbio alimentar para não "ficar gorda igual a mãe", porque assim "nenhum homem vai querer ficar com ela". Ela até acredita que o fato da mãe engordar foi o que fez com que o pai traísse a mãe e saísse de casa. E apesar de alguns personagens tentarem passar uma visão mais esclarecida sobre o tema, como Maddie,  foi sofrível ler esse pensamento deturpado da autora até o final.  

E a isso soma-se a forma tóxica como a autora enxerga a traição, como algo normal (da parte dos homens, claro). No primeiro livro, o ex-marido de Maddie a traiu e assumiu a nova namorada grávida para a cidade toda. Muito normal. E quando Maddie conhece um homem mais novo e começa a sair com ele (depois do divórcio), a cidade toda julga e critica. Tudo normal também. E seria muito normal ela perdoar o marido e voltar para ele. E aqui, de novo, a traição por parte do homem como um "erro" que pode acontecer em "qualquer relacionamento de muitos anos". Sério mesmo? Leio essas coisas na força do ódio! kkk

Bom, tirando tudo de ruim, o livro é legal hahaha. Eu já gosto das personagens, então adoro a amizade de Dana Sue, Maddie e Helen. Adoro o cenário da cidade pequena e a vidinha tranquila delas. Queria mais sobre a culinária em si, a autora não aborda esse ângulo e senti falta disso, mas mesmo assim curti as cenas que envolvem o restaurante. E apesar de não querer Ronnie de volta com Dana Sue, eu gostei dele como pai e como pessoa, afinal, ele realmente passa o livro todo tentando se redimir e fazer a coisa certa. 

A série de TV não sei se vai seguir esse mesmo ângulo, lá o ex parece ser mais detestável ainda e ainda não abordaram esse problema da Annie. Espero que mudem na série, não engoli esses dois juntos até o final! Estou já ansiosa para o livro da Helen, que acredito que vá fazer par com o Erick, cozinheiro do restaurante. 

Quem leu me conte se curtiu! 

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Série Doces Magnólias da Sherryl Woods

1. Linda conquista (Stealing home) - Maddie
2. Um pedaço do céu (A slice of heaven) - Dana Sue
3. Quase uma família (Feels like family)  - Helen
4. Welcome to Serenity (os demais ainda não lançados no Brasil) - Jeanette
5. Home in Carolina
6. Sweet tea at sunrise
7. Honeysuckle summer
8. Midnight promises
9. Catching fireflies
10. Where azaleas bloom
11. Swan point.

Avaliação (1 a 5):

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Desaparecido para sempre - Harlan Coben

COBEN, Harlan. Desaparecido para sempre. São Paulo: Editora Arqueiro, 2020. 320p. Título original: Gone for good.

"Para os que não viram, aqui vai o relatório oficial: no dia 17 de outubro, 11 anos atrás,  na cidade de Livingston, no Estado de Nova Jersey, meu irmão, Ken Klein, então com 24 anos, estuprou e estrangulou brutalmente nossa vizinha Julie Miller." p.10

Eu já li muitos livros do Harlan Coben, esse em específico eu tinha há anos na estante e acabei não lendo (não essa, a primeira edição de 2010). Minha relação com o autor atualmente é de altos e baixos, gosto mais dos seus livros mais antigos. Confiram o que eu achei do último livro adaptado pela Netflix para as telinhas, Desaparecido para sempre.

Will Klein tem um passado traumático que acabou por esfacelar sua família. Há 11 anos, seu irmão mais velho, Ken, foi acusado de matar sua ex-namorada e vizinha da família. Ken desapareceu e até hoje era considerado um fugitivo perigoso pela polícia. A família acreditava que ele era inocente e tinha sido assassinado também; encontraram sangue dele na cena do crime. Depois disso os pais nunca superaram a tristeza, a mãe nunca mais deu um sorriso verdadeiro. Sua irmã mais velha, Melissa, se mudou para longe com o marido e se afastou da família. 

Já adulto, ele mora em Nova York com a namorada, Sheila Rogers. Will está pronto para pedir Sheila em casamento, ele só amou duas vezes na vida, e sua primeira namorada, Julie Miller, está morta. Ele acabou postergando o pedido, com o avanço do câncer da mãe o momento certo nunca chegava. Pouco antes da mãe falecer, ela faz uma revelação, conta que seu irmão estava vivo.  

Will achou que era um delírio dela em seus momentos de dor, até que achou uma foto escondida entre as coisas da mãe, na foto, um Ken mais velho. Ainda aturdido com esta revelação, algo perturbador acontece. Sheila desaparece no meio da noite sem deixar vestígios, e antes dele entender que ela não tinha apenas ido trabalhar mais cedo, o FBI entra em contato procurando por ela. As digitais de Sheila foram encontradas em uma cena de duplo assassinato. 

Will, um homem tranquilo e pacato, se vê envolvido em uma perigosa investigação. Katy Miller, 18, irmã mais nova de Julie, entra em contato e quer ajudar. Ela acredita que Ken é inocente e quer descobrir o verdadeiro assassino do irmão. Ao mesmo tempo, Philip McGuane e John Asselta, o fantasma, dois mafiosos perigosos, aparecem para questionar Will sobre a localização do irmão. Os dois eram amigos de Ken na escola, tudo fica cada vez mais complexo. 

Contra a orientação do FBI, que fez um trabalho horrível no passado, Will começa a investigar. Ele conta com a ajuda de Katy e Squares, seu amigo e colega de trabalho. Squares tem um passado perturbador, mas atualmente ficou famoso com sua escola de yoga que é a queridinha das celebridades. Ele tem poder e influência, e conhece todo mundo. 

Será que Ken é realmente inocente? Ele está vivo? Quem matou Julie? O que aconteceu com Sheila? Esta e inúmeras outras perguntas vão tirar o sono de Will até que a verdade apareça. 

"Perguntei-me de onde viera aquela coragem e compreendi que ela brotara do simples fato de que eu não tinha mais nada a perder." p.233

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Sempre acho os livros mais antigos do autor melhores. Acho que porque atualmente ele publica muito rápido. Os momentos finais deste livro são alucinantes, eu li empolgada! E seria um favorito se eu não desacreditasse de um monte de coisa, então vamos dizer que no final foi uma leitura pouco crível... mas emocionante (risos). 

O início é um pouco confuso, muitos personagens sendo apresentados ao mesmo tempo, a narrativa alternando-se entre vários deles e tudo muito jogado. Mas logo isso passa e já conhecimentos todos os personagens, leia-se, suspeitos! 

Com exceção do protagonista, o autor raramente desenvolve bem seus personagens secundários, tudo se passa muito rápido. Apesar disso, eu gostei muito de Will, Squares, Katy e vários outros. Morri de dó de pena dos pais e morri de raiva do irmão, porque independente de tudo, fazer os pais passarem por tudo isso...

Eu fiz várias teorias, matei apenas duas entre inúmeras charadas. E o final me surpreendeu muito!! Eu adorei as reviravoltas e estava curiosa para o final. E eu gostei das escolhas, mas não acreditei em algumas escolhas do autor, achei algumas coisas bem pouco críveis. [ALERTA DE SPOILER] No final quando Ken aparece vivo e aparentemente inocentado, Katy aparece e o acusa de ser o assassino. Aí se revela que ela fez tudo chegar neste momento, dele voltar e ela poder vingar a irmã. Ela inclusive age junto com Asselta, para pegá-lo. O problema é que para justificar isso, ela diz que assistiu tudo o que acontecia naquela noite, escondida no quarto e sempre soube a verdade. Ela tinha 6 anos quando a irmã morreu, 6! Como assim ela se lembra? e entendeu? Eu acho que uma criança nessa idade, mesmo que visse algo, não teria o entendimento que ela teve, com tantos detalhes. Ficou muito solto, só uma forma de justificar os outros acontecimentos. Teve luta antes, briga, sexo, morte. E uma criança de 6 anos fica no porão atrás de um baú e ninguém vê? e ela não chora nem nada? não comprei a história. Meio absurda a coisa toda. O FBI também faz coisas inexplicáveis. Se eles queriam era pegar o chefe da gangue e queriam Ken como testemunha, por que acusá-lo do crime??? Sei lá, as perguntas foram todas respondidas, mas muita coisa não me convenceu. E Julie? Que fica grávida, só termina com Will e some. E no final não divulgam nada? O fato dela já ter tido um bebe nunca foi à tona na investigação? Ninguém testemunha sobre a gravidez, nada? [FIM DO SPOILER] 

O livro foi adaptado pela Netflix e a minissérie homônima estreou este ano com cinco episódios. Na série francesa temos no elenco Finnegan Oldfield (Guillaume Lucchesi), Nicolas Duvauchelle (Fred), Guillaume Gouix (Da Costa), Garance Marillier (Sonia)já estranhei logo no início porque trocaram o nome de todos os personagens! E foi uma lambança, já assisti há algumas adaptações de livros do autor e essa foi disparado, a pior de todas. Odiei tudo! Mudaram tudo, ficou sem lógica, sem sentido, nem parece o mesmo livro. Normalmente eles mudam mesmo o livro, mas aqui, as mudanças foram enormes e sem motivo. O final então da série, achei péssimo. 

Apesar das loucuras, eu curti os desdobramentos finais e foi uma ótima leitura. Quem já leu ou assistiu? 

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Arsène Lupin: O ladrão de casaca - Maurice Leblanc

LEBLANC, Maurice. Arsène Lupin: O ladrão de casaca. São Paulo: Editora Principis, 2021. 192 p. Título original: Arsène Lupin Gentleman Cambrioler.


Há alguns dias trouxe para vocês a resenha de um livro de Sherlock Holmes, um investigador com dom para dedução. Agora, trago para vocês a resenha de Arsène Lupin, considerado (embora eu não concorde) como o homólogo francês da criação de Arthur Conan Doyle, Sherlock Holmes. O que eu achei da história? De quem será que eu gostei mais? Sherlock ou Arsène? Ambos? Nenhum deles? Vem que eu conto para vocês!

Arsène Lupin é considerado um Robin Hood da Bella Époque. Ele é ousado, atrevido, esperto. Não se leva muito a sério e sua arma mais poderosa é o gracejo.

Ele utiliza as formas mais mirabolantes para "surrupiar" bens valiosos dos ricos. A forma com que ele faz isso não é simplesmente para retirar esses bens dos ricos, mas é uma forma também de ridicularizá-los, literalmente rindo na cara da riqueza, chegando ao absurdo de avisar a vítima de que cometeria o roubo.

Além disso, Arsène arrasta corações atrás de si, com toda a sua beleza, galanteio e gentileza.

Como toda história de "polícia e ladrão", Arsène vive desafiando o inspetor Ganimard e se defronta diversas vezes com o seu rival "Herlock Sholmes", criando várias situações constrangedoras para o detetive.

Apesar de todos os esforços do detetive e do inspetor, Lupin sempre conseguia o que queria e, mais, não se deixava apanhar.

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Lançado originalmente em 1907, Arsène Lupin é narrado tanto pelo próprio autor, que se coloca no lugar do personagem para acompanhar Lupin e suas aventuras, quanto pelo próprio Lupin. Não há muita lógica na alternância dessa narrativa, de modo que por vezes o leitor pode se confundir em relação a quem está contando a história. Queria dizer que isso melhora ao longo do livro, mas não acontece.

Isso porque o livro trás uma coletânea com as primeiras nove histórias de Arsène Lupin. Elas são interligadas de certa forma, mas podem ser lidas de forma independente.

As histórias são tão pequenas que são focadas em contar exclusivamente o que aconteceu e como Arsène fez para articular o roubo. Contudo, achei tão curtinhas que acabaram, por vezes, por serem superficiais, o que fez com que me sentisse um pouco frustrada. Queria mais da história!

Além disso, em determinado momento passei a esperar por uma história em que Lupin se desse mal, rs. Não era possível que ele se desse bem o tempo todo, saísse impune em todas as histórias. Se eu tive minha vontade satisfeita, vocês terão que ler para descobrir.

Uma curiosidade sobre a história é que, vocês devem ter reparado que na sinopse acima eu mencionei um detetive com nome de Herlock Sholmes, certo? Pois é. Inicialmente, as primeiras histórias de Arsène Lupin em que ele aparece, o nome que constava era o mesmo do personagem de Arthur Conan Doyle: Sherlock Holmes. Contudo, Doyle, ao ficar sabendo disso, processou Maurice Leblanc para que o nome fosse retirado dos livros, já que o autor estaria se apropriando de personagem que não criou. O resultado foi que, ao invés de retirar o nome do livro, Leblanc se comprometeu a alterar o nome, de modo que ficou como Herlock Sholmes. Na minha humilde opinião, é impossível ler esse nome sem corrigi-lo, e assim tenho certeza que muito leitor lê como se tivesse escrito o nome original, o que não ajuda muito para os fins que Conan Doyle queria.

De qualquer maneira, acredito que ainda que Maurice Leblanc tenha trazido Sherlock Holmes para suas histórias, jamais será semelhante ao original.

Eu acabei não curtindo o livro tanto assim. Não senti empatia por Arsène, apesar de todo o seu gracejo e charme e, como eu disse acima, achei as histórias um pouco vagas e rasas, o que me incomodou bastante.

O livro foi adaptado para a TV e a série vem fazendo sucesso na Netflix! Lupin já tem duas temporadas e um público fiel. O vencedor do Emmy Louis Leterrier dirige esta série estrelada por Omar Sy (Intocáveis). Na série Lupan quer vingar o pai de uma injustiça cometida por uma família muito rica e poderosa. 

Assim, apesar dos pesares, Sherlock Holmes me conquistou mais (ou será que e incomodou um pouco menos?) e se tiver que defender um dos dois em uma briga, fico com o detetive!

Ainda assim, vale a leitura para conhecer o personagem e formar a própria opinião!

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Série Arsène Lupin:

1. Arsène Lupin, o ladrão de casaca (1907) (Arsène Lupin Gentleman Cambrioler)
2. Arsène Lupin vs. Herlock Sholmes (1908) (Arsène Lupin Versus Herlock Sholmes)
3. A agulha Oca (The Hollow Needle) (1909)
4. 813 (1910) 
5. A rolha de cristal (1912) ( The Crystal Stopper)
6. As confidências de Arsène Lupin (1913) ( The Confessions of Arsène Lupin)
7. Os dentes do tigre (1914) ( Arsène Lupin in the Teeth of the Tiger)
8. A Mulher do Mistério (1916)
9. O Triângulo Dourado: o retorno de Arsène Lupin (1918) ( The Golden Triangle)
10. Arsène Lupin: A Ilha dos Trinta Caixões (1919) (L'île aux trente cercueils)
11. As Oito Tacadas do Relógio (1922)
12. A tumba secreta (1923)
13. Arsène Lupin vs. Condessa Cagliostro (1924)

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O gambito da rainha - Walter Tevis

TEVIS, Walter. O gambito da rainha. São Paulo: Editora Arqueiro, 2021. 304p. Título original: The queen's gambit.

"Sua mente estava luminosa e a alma cantava nos doces lances do xadrez. A sala cheirava a pó de giz e seus sapatos rangiam à medida que ela se movia pelas filas de jogadores. A sala estava silenciosa; Beth sentia sua própria presença centrada ali, pequena, sólida e no controle. Lá fora os pássaros cantavam, mas ela não escutava. Lá dentro, alguns estudantes a encaravam. Garotos vinham do corredor e se enfileiravam junto à parede dos fundos para assistir à menina sem graça do orfanato na periferia da cidade indo de jogador em jogador com a energia de um César no campo de batalha, uma Pavlova sob as luzes do palco. Havia umas doze pessoas assistindo. Algumas davam risinhos e bocejavam, mas outras conseguiam sentir a energia na sala, a presença de algo que jamais, na longa história daquela velha e cansada sala de aula, fora sentido ali." p. 45

Acho que muitos assistiram à minissérie da Netflix, O gambito da rainha. O livro homônimo do americano Walter Tevis, publicado pela primeira vez em 1983, ganhou uma nova edição após o sucesso da TV. O livro tem início na década de 50, se passa nos EUA e narra a trajetória de uma jovem e talentosa enxadrista. Eu amei a série e hoje conto para vocês o que achei da leitura. 

Elizabeth Harmon tinha apenas 8 anos quando a mãe faleceu em um acidente de carro. Sem outros parentes, ela é enviada para o Lar Methuen, em Kentucky.  Tímida e solitária,  passa seus dias meio dopada, tomando as pílulas fornecidas pelo orfanato para "deixar as crianças calmas". Seus dias nada memoráveis, mudam quando ela descobre um jogo desconhecido, com o zelador do local, Mr. Shaibel, que jogava todo dia no porão. Empolgada, ela logo se apaixona pelo xadrez. E sua mente ágil demonstra um talento incrível para o jogo. Ela começa a jogar em sua mente em várias noites insones. 

Aos 12 anos, Beth é adotada pelos Wheatley e finalmente vai embora do orfanato. Seu novo pai vivia viajando e nunca deu atenção a menina. Sua nova mãe, Alma, tenta fazer o melhor possível, mesmo com pouco dinheiro, nenhum conhecimento e com a mente meio aérea depois de algumas cervejas e calmantes.  Depois de algum tempo, Beth se inscreve em seu primeiro torneio de xadrez, e deixa todos pasmos ao vencer. 

De repente, a órfã sem graça, começa a ganhar projeção.  Ao ver o prêmio em dinheiro, sua mãe aceita acompanhá-la em sua carreira. As duas começam a viajar para vários torneios, com Beth ganhando todos os prêmios.  Sua ambição a faz sempre querer mais, seu sonho é ganhar o torneio mundial. E para isso ela precisa aumentar sua pontuação. Porém, o vício em tranquilizantes que adquiriu no orfanato e depois de mais velha, seu problema com a bebida, pode acabar com seu sonho. 

Beth precisa melhorar, treinar muito e vencer o duelo mais importante de sua carreira. Em um mundo pouco conhecido e dominado pelos homens, uma garota jovem chega para disputar o mais alto prêmio do xadrez.

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Esse livro é excelente!! Imagino que ele encante ainda mais quem não assistiu à série de TV, eu já sabia tudo o que ia acontecer e mesmo assim adorei a leitura. Aborda um assunto bem diferente dos livros que lemos no dia a dia, tem uma narrativa ágil e flui muito bem. É impossível não se apaixonar por Beth e não torcer por ela a cada página!  

A força de Beth para superar suas adversidades e sonhar tão alto encanta logo no início. Tudo o que ela sempre quis foi jogar xadrez. Mesmo no orfanato, quando sofreu um castigo e foi proibida de jogar, ela jogava todas as noites várias partidas apenas na imaginação. Eu gostei muito também de Jolene, uma antiga companheira de orfanato e da sua mãe adotiva. Apesar de ter seus problemas, Alma sempre fez o possível para apoiar Beth em tudo. Uma protagonista forte, persistente, ambiciosa. Um empoderamento feminino em plena década de 60 nos EUA. Em um mundo ainda muito machista, o xadrez então, era um esporte de homens. E ver aquela menina novinha, baixinha e magrinha arrasando com aqueles homens metidos, foi de aplaudir de pé! 

O mundo de Beth era o xadrez. A protagonista nunca teve nenhum outro interesse, seja como carreira, seja na vida pessoal. Ela conheceu o sexo por mera curiosidade, e nunca teve nenhum interesse em romances. Engraçado também que os dois amigos dela, homens com quem ela teve um breve caso sexual, eram da mesma maneira. A mente deles eram voltadas para o jogo. Ela era péssima com sentimentos, com demonstrar emoções e até para manter laços afetivos de amizade. 

Eu achei um pouco confusa a forma como as jogadas são descritas no livro. Apesar de estar longe de ser uma jogadora de xadrez, eu sei jogar por diversão e conheço o básico do jogo. Mesmo assim, foi difícil acompanhar. Ficava perdida nas descrições da maioria dos jogos, não que tenha atrapalhado algo na leitura. 

A minissérie foi bem fiel ao livro, o enredo não trás grande surpresas. Temos pouquíssimas mudanças. Obviamente o livro sempre é mais rico e tem mais informações. Por exemplo, sobre o vício de Beth em remédios e depois em bebida, na série a atriz passa a impressão de não ter noção do quanto isso a prejudica antes dos jogos. No livro Beth sabe o quanto os remédios e a bebida são prejudiciais, mas luta constantemente contra o vício e tem algumas recaídas.  E muitas vezes, se obriga a tomar o remédio para conseguir dormir antes dos jogos, a insônia a persegue desde a infância, e ela sempre se automedicou.  Outro ponto, a Jolene tem mais destaque no livro, inclusive é a ela que Beth procura em uma fase difícil de sua vida. Na série ela é ajudada pelos seus amigos do xadrez, Benny e Beltik. 

O xadrez é mostrado como um esporte das minorias nos EUA.  Pouca gente acompanhava, mas mesmo assim quando Beth começa a estampar capas de revista, passa a ser conhecida na escola e principalmente nos campeonatos. E ela faz tudo com as próprias economias, sem patrocínios. E quando ela viaja para a Rússia, para participar do seu maior desafio até então, ela é vista como uma pessoa famosa e aclamada pela população. Na Rússia o xadrez tem destaque, todo mundo acompanha, os lugares lotam. Foi interessante acompanhar essa diversidade, não sei atualmente como isso é visto. 

A série de TV da Netflix, estreou em 2020  com Anya Taylor-Joy (Beth Harmon), Bill Camp (Mr. Shaibel), Marielle Heller (Alma Wheatley) e Thomas Brodie-Sangster (Benny Watts). Inclusive adorei como a descrição dos atores ficou tão parecida com os personagens do livro. Os trejeitos, o visual, tudo muito parecido. 

Bom, eu adorei a leitura e indico para todos que curtem uma história diferente. Vale a pena conhecer Beth e se apaixonar por ela e sua grande paixão. Leiam!

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