Vermelho, Branco e Sangue Azul - Casey McQuiston

>>  sexta-feira, 13 de novembro de 2020



MCQUINSTON, Casey. Vermelho, Branco e Sangue Azul. São Paulo: Editora Seguinte, 2019. 392p. Título original: Red, White and Royal Blue.
 
Ultimamente tenho escrito sobre clássicos da literatura, mas não só de clássicos vive uma leitora! Sou ávida consumidora de romances, como uma maneira de relaxar após um longo dia, ou então descansar de uma leitura densa e mais complicada. Na verdade, voltei aos romances durante a quarentena como uma maneira de passar o tempo e na tentativa de assistir menos televisão, uma prática que virou rotina ultimamente. Cheguei a este livro após analisar os vencedores da última premiação do Goodreads (uma ótima maneira de encontrar livros, diga-se de passagem), e me chamou a atenção por ter sido escolhido com larga margem como o melhor romance de 2019 e por ter uma nota bastante alta na plataforma. Resolvi iniciar a leitura sem saber qualquer detalhe além do título. Às vezes eu costumo exercer essa minha coragem literária, aproveitando dos prazeres que uma surpresa pode oferecer. Acabei encontrando um livro bem pensado, bem elaborado e com um sólido enredo, que entrega exatamente o que ele predispôs, além de ser incrivelmente atual para o momento de eleições nos EUA!
 
Vermelho, Branco e Sangue Azul conta a história de Alex Claremont-Diaz, filho da presidente dos EUA Ellen Claremont, a primeira mulher eleita para o cargo. Alex é um jovem que está terminando a universidade e tem aspirações de seguir carreira na política, uma tradição familiar: além da mãe ocupar o mais alto cargo da política estadunidense, seu pai é senador. Sua família é um retrato da sociedade do século XXI – mestiça com um quê de latinidade, divorciada e sabendo conviver com as diferenças pelo bem da carreira pública e do núcleo familiar. Ele divide os holofotes inerentes à posição na Casa Branca com sua irmã June, uma estudante de Jornalismo que tenta estabelecer seu nome no mundo da imprensa independente da sua família. June é uma garota doce, inteligente e decidida, e é a melhor amiga e apoiadora do irmão. Completando o trio parada dura temos Nora, filha do vice presidente e inseparável companheira de June e Alex, uma talentosa analista de dados totalmente destemida. Juntos, os três tentam viver a vida da melhor maneira que a posição tão pública permite e todo o decoro que acompanha as funções de Estado de seus pais.
 
Seguindo a agenda de eventos da Casa Branca, a família presidencial vai ao maior evento internacional dos últimos anos – o casamento real britânico entre o Príncipe Phillip e Martha, acontecimento com cobertura da imprensa internacional e extremamente caro – o bolo da festa custou nada menos que $75.000. O evento requer que Alex e June interajam com a família real britânica, especialmente o Príncipe Henry, irmão mais novo de Phillip, um jovem alto, loiro com covinhas e incrivelmente sexy – porém, segundo Alex, extremamente arrogante e insuportável! Em nome do decoro e pelo bem das relações internacionais do país, Alex e June se comportam de maneira exemplar no evento, com June inclusive dançando com o príncipe Henry sob as lentes da imprensa mundial, e tudo correu bem... quer dizer, tudo correu bem até que Alex bebeu um pouco demais e decidiu falar umas verdades para Henry. Após um breve confronto entre os dois, com Henry negando ter qualquer coisa contra Alex, os dois acabam de enrolando e caem sob o caríssimo bolo de casamento, gerando cliques e fotos que viram capas de todos os tabloides nos dias que se seguem.
 
Para evitar uma crise na imagem das importantes famílias envolvidas, o gabinete dos EUA e o conselho da família real decidem que Alex e Henry devem superar todas as suas diferenças e virarem amigos – pelo menos aos olhos da imprensa. Fica decidido que os dois devem passar bastante tempo juntos e seguir um roteiro de entrevistas e aparições públicas coordenadas para convencer o público de que eles não se odeiam e pelo contrário: são melhores amigos que bebem e se divertem juntos. Nenhum dos dois ficam satisfeitos com a tarefa que lhe é imposta, mas pelo bem de seus países seguem com o plano. Cada um recebe um briefing com informações sobre o outro, para que possam estudar e aprender tudo sobre o mais novo melhor amigo. Assim, Alex descobre o clichê que o príncipe é: estudante de literatura e amante de Dieckens, mantém organizações de caridade e adora cavalgar – o típico tedioso membro da realeza. Porém, ao passar mais tempo juntos, os dois descobrem que os papéis e informações oficiais não necessariamente representam a realidade. Em lugar nenhum estava escrito como o humor de Henry é engraçado e sarcástico, como ele acorda a noite e sorrateiramente come sorvete, como ele é próximo de sua irmã Bea e o quanto ele sente falta do pai. Ao longo desse “golpe publicitário”, os dois acabam descobrindo que as primeiras impressões não são necessariamente a representação da verdade e desenvolvem uma amizade a base de mensagem de texto e e-mails, cada vez mais profundos e sentimentais.
 
Esse é apenas o início de uma história muito dinâmica e com diversas reviravoltas. Alex e Henry descobrem que amor e ódio muitas vezes andam lado a lado, e isso é bastante complicado para dois garotos se descobrindo. Porém, a vida deles é muito pública e envolve muito mais do que um relacionamento – qualquer que seja ele – entre duas pessoas. Envolve dinastias, questões de Estado, agendas lotadas e intrigas internacionais... e envolve a eminente eleição para presidente dos EUA, onde a mãe de Alex tenta a reeleição, e pelo qual Alex trabalhou com muito afinco pelos últimos 4 anos. Há muito em jogo, e somos transportados para todos os dramas inevitáveis de um relacionamento tão público.
 
Esse é o livro de estreia da autora Casey McQuiston e me surpreendeu positivamente. Ela tem uma ótima capacidade de bolar enredos bem elaborados e lógicos, num ritmo frenético e com vários acontecimentos. A história poderia muito bem ser apenas sobre encontrar seu príncipe encantado – literalmente – mas ela vai além: superando qualquer possível clichê de um livro de romance LGBT, ela envolve suspense, drama e muito humor, e te faz adorar os personagens, torcer para eles, mesmo os secundários, cada um com sua história pessoal que em graus diferentes são abordadas. Para quem conhece, o estilo da autora me lembrou bastante o da Rainbow Rowell, e recomendo para quem gosta desses romances leves e com muita história e diversos desenvolvimentos.
 
Eu adorei os personagens, especialmente os secundários, e definitivamente ficarei de olho para o que mais a autora fará no futuro. A leitura flui bem, mas é um pouco rápida demais para o meu gosto. Algumas passagens eu gostaria de ter mais detalhamento, um pouco mais de desenvolvimento e talvez cortaria algumas situações apresentadas pelo bem de uma história um pouco mais lenta. Mas eu entendo que essa foi a escolha da autora e a respeito completamente. E deixo a dica para você que gosta de um romance que vai além do “apaixonaram e viveram felizes para sempre”.
 
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