A Garota do Lago - Charlie Donlea
>> sexta-feira, 13 de março de 2020
DONLEA,
Charlie. A garota do lago. São
Paulo: Editora Faro Editorial, 2017. 296p. Título original: Summit Lake.
“Ao longe,
uma sirene ecoou na noite, baixinha no início, e depois, mais alta. A ajuda
estava chegando, embora ela soubesse que era muito tarde. No entanto, Becca
saudou a sirene e o auxílio que traria. Não era mais para si que ela esperava a
ajuda. ” p.16
Suspense
é um dos meus estilos favoritos. Adoro o mistério todo e leio tentando
desvendar o “quem matou” junto com o protagonista. Charlie Donlea é um autor
americano que eu não conhecia ainda, e fui ansiosa conhecer seu livro de estreia,
que ganhou muitos elogios no Brasil, A
garota do lago.
Summit
Lake é uma pequena cidadezinha tranquila nas montanhas de Blue Ridge. A cidade
paradisíaca tem muitas casas de veraneio e muitos turistas ricos. Toda essa
tranquilidade muda, quando Becca
Eckersley, 22 anos, é assassinada na casa de férias da família. A polícia
local é tirada da jogada, a polícia estadual assume cheia de mistérios, tudo é
muito sigiloso. Eles dizem que um assaltante aleatório invadiu a casa e a
matou, quase ninguém acredita nisso. O pai da moça é um advogado importante
que quer se candidatar a juiz, e não quer que nada vaze para a imprensa.
A
jornalista Kelsey Castle, 30 anos,
acabou de voltar de uma licença médica por um trauma que ainda não superou. Seu
chefe a envia para investigar o caso, disposto a tudo para
afastá-la da cidade e de seus problemas. Kelsey é uma repórter conhecida e uma
escritora. Ela achava que não iria encontrar nada de interessante, mas logo se
depara com muitas intrigas, segredos e perguntas sem respostas.
Ligando
a história de Becca, com sua própria vida, Kelsey mergulha de corpo e alma na
investigação. E contando com a ajuda aleatória de moradores do local, começa a
reconstituir a vida da moça e seus passos na cidade. Ela busca por justiça para
Becca, mas no processo, começa a superar seus traumas do passado.
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Enredo
intrigante e narrativa fluida, comecei a leitura empolgada e tentando adivinhar
quem tinha matado Becca. Eu curto livros assim, onde temos uma premissa mais
simples e uma investigação mais informal, Kelsey tinha tanta chance quanto EU
rs, de desvendar o mistério. Tiveram alguns contratempos no meio do caminho,
algumas coisas que não me convenceram totalmente, mas eu estava curtindo a
história, até por ser um livro de estreia E aí, será que me ganhou?
A
história tem dois focos narrativos que se alternam: O passado de Becca sendo
narrado mais de um ano antes de sua morte e Kelsey no presente, tentando
descobrir tudo. As duas narrativas são em terceira pessoa. Curti a abordagem,
você vai conhecendo Becca aos poucos e todos seus amigos (ou seja, os possíveis
suspeitos). A história do passado me prendeu mais que a do presente.
No
presente temos Kelsey andando pela cidade atrás de pistas para reconstituir o
passado da moça e o dia do crime. Eu gostei do desenvolvimento, porém, achei
tudo fácil demais. Normalmente as pessoas envolvidas, com exceção dos
fofoqueiros de plantão rs, correm dos jornalistas. Aqui a moça do café conta
tudo para ela e faz de tudo para ajudar, o chefe da polícia local entrega de
bandeja cópia da investigação toda (afirmando que foi excluído pela polícia
estadual e queria desvendar o crime). E ainda um médico, coloca em risco tudo
para roubar o laudo do legista e entregar para ela. Tudo bem que a moça era
bonita, ele se interessou, mas ele a conhece e já está disposto a ajudar na maior naturalidade.
Achei só um pouco “fácil demais”.
A
moça morta, Becca, era bonita e rica, mas era também “a última bolacha do
pacote”. Sério! Todo homem que ela conhecia era apaixonado por ela, e segundo a
melhor amiga da moça, ela meio que “dava trela para todo mundo”. Enfim, mas
gente... os dois melhores amigos, o ex-namorado, e até um ex-professor estavam
muito interessados na moça. Pelo menos rendeu um monte de suspeitos pelo crime
rs, isso eu curti.
A
história caminha de forma linear quase até o final, com muitos suspeitos e
poucas pistas. E é aí que a coisa desandou! Para um livro de estreia foi um
enredo bem interessante. Mas, faltou bastante para eu amar e chegou a me irritar
muito quando terminei! Agora entendo porque vi tanta oscilação das notas entre
os leitores, esse é bem ame ou odeie rs.
Como
leitora ávida do gênero, eu amo ficção policial que surpreenda, porém, a
surpresa tem que ter lógica. Por um lado eu adorei o final (apesar de corrido),
com duas reviravoltas que me deixaram de queixo caído. Porém, para chegar nelas
o autor, literalmente, engana o leitor. O legal de um policial
que surpreenda é a pista estar ali o tempo todo meio disfarçada e você não
enxergar aquela possibilidade. Quando o autor dá uma informação e depois
desmente o que ele mesmo falou, é forçar a barra demais! A nota mais baixa vai
pela artimanha pouco honesta rs, e que na verdade, mata um bom policial. Uma
ficção policial bem escrita, é cheia de pontos que se ligam no final. Achei os
personagens bem rasos também, não consegui me apegar a nenhuma das narradoras.
Mas o que irritou foi realmente essa passada de perna no leitor.
Vou
explicar melhor! [AVISO DE SPOILER, LEIA POR SUA CONTA E RISCO]. Durante a
narrativa do passado, um dos melhores amigos de Becca (e que era apaixonado por
ela, mas depois descobre que ela amava o outro melhor amigo dos dois) se
enforca no apartamento. Nada é dito ou subentendido que ele não houvesse
morrido. Tem a tristeza de todos e depois já muda para algum tempo depois, na
formatura deles. E aí, lá no final, o carinha aparece vivo do nada! Não tem
explicação, eu até voltei e reli todas essas partes para conferir se eu não
tinha perdido nada, e não perdi. Foi isso mesmo, ele mata o personagem, e
depois revive lá no final. Aí é impossível alguém matar a charada, e tira a
lógica da coisa toda, entendem? [FIM DO SPOILER].
Eu
não desgostei, e pretendo ler outro livro do autor para tirar a prova. Mas se
ele fizer isso de novo nos outros (temos mais dois lançados no Brasil), eu
desisto de vez kkkk. Quem leu me conte o que achou!!
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