Um conto de duas cidades - Charles Dickens

>>  quarta-feira, 6 de janeiro de 2021

DICKENS, Charles. Um conto de duas cidades. Jandira, SP: Editora Principis, 2019. 352 p. Título original: A tale of two cities.


E chegou para você, caro e fiel leitor deste blog, a resenha do livro escolhido para a leitura coletiva do Viagem Literária no mês de novembro de 2020. Um conto de duas cidades, de Charles Dickens, venceu a disputa na votação aberta aos seguidores do blog no Instagram, e eu estava particularmente curiosa para conhecê-lo, ainda mais por se passar em um momento tão importante na história como foi a Revolução Francesa. Finalizada a leitura e com a mente enriquecida pela opinião do pessoal que participou da leitura coletiva, divido com vocês minhas impressões sobre Um conto de duas cidades.

Em uma França e uma Inglaterra dos anos 1700, conhecemos o Sr. Manette, um médico que passou cerca de 18 anos preso na Bastilha, comeu literalmente o pão que o diabo amassou e quase se esqueceu de quem realmente era. Após ser trazido "de volta à vida" (entendedores entenderão, rs), ser acolhido pelo casal francês Defarge, donos de uma taberna, e, em seguida, ser entregue à sua filha Lucy, que sequer sabia que o pai estava vivo, Sr. Manette volta para sua casa na Inglaterra e passa a viver em uma busca constante pela pessoa que ele era e pela recuperação do tempo perdido que passou longe da filha, que está prestes a se casar com um nobre cujas origens são obscuras para a família Manette.

Já nessa época, podia-se sentir nas ruas, nos becos escuros e na taberna do Sr. e da Sra. Defarge o cheiro da indignação do povo, cansado de ser tratado como lixo, de passar fome, sede, de morrer como bicho nas mãos dos nobres. O povo quer vingança, quer justiça e, mais do que isso, quer ver sangue. A Revolução Francesa então estoura, e, com o episódio conhecido por tomada da Bastilha, em 14 de julho de 1789, o povo passa a dar a sua contribuição para a história da França, ainda que de forma excessivamente sanguinária e violenta.



Ainda hoje, enquanto escrevo esta resenha, me pego pensando em quanto gostei da forma como Dickens escreveu esta história. Fato é que a forma com que ele conta a história beira, por vezes, a poesia, embora os primeiros capítulos possam ter causado certa confusão em alguns leitores, e ainda que nem todos tenham trazido cenas empolgantes capazes de engrenar a leitura (estávamos limitados à leitura de dois capítulos por dia, o que pode ter dificultado um pouco o entrosamento com os primeiros capítulos). O sofrimento, a dor, o medo, o ódio são tão bem descritos, que são quase palpáveis.

O livro é dividido em três partes e vamos acompanhando alguns personagens que, a princípio, parecem se cruzar de forma despretensiosa na história, mas depois tudo parece fazer total sentido.

Tive muita pena do senhor Manette e torci muito por ele ao longo da história. Apesar do tanto que sofreu enquanto esteve preso, ele se mostra um ótimo pai e um médico incrível; é o tipo de vovô que você sem dúvida poderá encontrar no meu Top Camaradagem Literária de 2020, junto com alguns outros velhinhos camaradas, rs.

Lucie não me conquistou nem me incomodou, mas confesso que, a despeito da minha aparente indiferença, torci por ela também, sobretudo shippando seu relacionamento com determinado personagem. Se deu tudo realmente certo, vou deixar que você descubra.

Sidney Carton foi o personagem que mais me conquistou, pois na minha visão foi o que evoluiu mais significativamente ao longo do livro. Esse vai ficar no meu <3 para sempre!

Charles Darnay quase me enganou no começo da história, e eu ficava me perguntando em que momento ele ia mostrar quem realmente era. Juro que mil ideias passaram pela minha cabeça e eu achava que ele seria um ótimo mocinho se não fosse vilão, ou que ele era um lobo na pele de cordeiro, ou que eu estava viajando demais e ele era a melhor pessoa que o livro poderia ter. Enfim, se você nunca leu Um conto de duas cidades, acho melhor ler para descobrir como se resolveu o meu mistério a respeito desse personagem.

Alguns outros são igualmente misteriosos, ou detestáveis, ou amáveis, e me provocaram empatia. São muitos personagens, mas não se engane: no final da história, você estará familiarizado com todos!

É bom lembrar que as histórias de Dickens, antes de serem lançadas como livros, eram publicadas semanal ou mensalmente em um jornal, de modo que o leitor precisava esperar pela continuação da história, e o autor, por sua vez, tinha que saber dominar a arte de ligar os pontos sem se perder. Eu ia adorar viver nessa época e ler as histórias dessa forma, apesar de achar que ia morrer de agonia por ter que esperar mais do que um dia para ler a próxima "meta", rs.

A forma com que Dickens vai encaminhando a história para o desfecho e a forma como tudo termina me deixaram em prantos e na bad por umas boas horas, pensando em tudo que aconteceu. Muita gente do grupo da leitura coletiva achou que o final é muito aberto e que mais alguns capítulos seriam necessários para que fosse um final amado. Outros acharam que ele não foi lá essas coisas, mas que ficou OK. Eu sou do time que acredita que Dickens escreveu a última cena propositadamente e certo de que era assim que precisava terminar a história, e por mim não podia ser melhor!

Indico para todos que gostam de clássicos, para quem tem vontade de ler Charles Dickens e para quem já leu algo do autor, mas ainda não teve oportunidade de ler
Um conto de duas cidades!


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