Funny Girl – Nick Hornby

>>  sexta-feira, 26 de fevereiro de 2021

 

HORNBY, Nick. Funny Girl. São Paulo: Editora Companhia das Letras, 2015. 355p.
 
Funny Girl foi um dos livros que li no início da Quarentena e tem a cara da mudança para este novo estilo de vida onde o isolamento é a norma – pelo menos para mim! Ultimamente tenho pensado bastante no livro com um ar já saudoso, relembrando tudo o que passamos nesse ano um tanto quanto diferente. E nos meus devaneios sobre o novo mundo que vivemos, resolvi compartilhar com vocês um pouco deste livro leve e lindo, bem a cara de um dos meus autores favoritos, o britânico Nick Hornby.
 
Quando eu falo que Funny Girl me lembra a quarentena, mas somente pelo momento que li. E ele foi tudo que eu precisava em um momento de tanta turbulência e incertezas: a escrita fluida e cativante de Hornby, combinada a personagens adoráveis e um enredo bem bolado e bem definido, foi capaz de momentaneamente me tirar dos problemas do dia a dia e me transportar para o mundo mágico da televisão inglesa dos anos 1960-1970.

O livro se passa nos anos 1960 e conta a história da bela jovem Barbara de Blackpool, no interior da Inglaterra, que sonha em ser uma estrela da comédia da televisão que está em seu momento de desenvolvimento no país. Ela passa intermináveis horas escutando novelas e programas de comédia no rádio, estudando com afinco e dedicação a arte da comédia. Ela não quer ser mais uma menina bonitinha de Blackpool cuja aspiração de vida é arrumar um marido minimamente sóbrio e trabalhador para ter filhos e ver o tempo passar. Sua mãe fez isso e acabou largando o marido e a filha, buscando por desafios que a vida caseira no interior não permitiu. Barbara é linda, tem um corpo escultural estilo pin-up e é muito engraçada, e resolve começar a sua carreira participando do concurso de Miss Blackpool. Logo após ser coroada, ela descobre que as obrigações de seu reinado envolvem muitos desfiles e participação em eventos sem graça e degradantes, onde ela seria exibida como um pedaço de carne a cães famintos. Assim, ela rapidamente desiste do título e resolve se mudar para Londres tentar a vida como atriz.

Para se sustentar na cidade, ela consegue um emprego em uma grande loja de departamentos; a fonte de sustento de diversas jovens em busca de uma carreira no mundo artístico, de um marido rico ou as vezes de alguém que as mantenha e sustente. Barbara, com sua beleza característica, consegue algumas propostas de namoro e até mesmo para ser amante de homens casados, mas ela não quer tirar o foco do sonho de sua vida: ser uma comediante e trabalhar na rede de televisão estatal britânica, a BBC. Um dia ela esbarra em um olheiro que se encanta com sua aparência e a indica para um agente, e Barbara começa a frequentar testes, mas sem antes mudar seu nome para Sophie Straw. Sophie é mais mundana, mais atraente, menos comum e menos “caipira”.
 
Então começa a caminhada de Sophie em meio ao burburinho e ao incrível mundo televisivo dos anos 1960 em Londres. Ao mesmo tempo que a nossa determinada heroína finalmente consegue um papel num episódio piloto de um novo programa de comédia, vamos conhecendo mais sobre o cenário cultural da televisão inglesa do período. O desenvolvimento da BBC, os programas que fizeram história e marcaram época... tudo isso enquanto acompanhamos de perto o desenvolvimento da série “Barbara (e Jim)”, com uma equipe que amei conhecer: Temos os roteiristas Tony e Bill, parceiros no trabalho mas com estilos de vida muito distintos, que tentam deixar sua marca no mundo da comédia ao mesmo tempo que descobrem quem são e o que querem; Clive, o ator galã, um personagem que mesmo sendo clichê não incomoda nem um pouco e completa a equipe de um jeito bem engraçado; e o meu favorito, o produtor Dennis, um intelectual infeliz na vida que entende da politicagem do canal e faz de tudo para levar o programa ao ar.

E assim vamos lendo e viajando, e o livro tem de tudo: do início da vida de Sophie, para o desenvolvimento da série e depois a vida da equipe. Ao que me parece, o livro é uma carta de amor à televisão e ao papel que ela teve às pessoas “criativas”. É um livro de ficção com muita história de cultura popular, juventude e velhice, fama, diferenças de classe e trabalho em equipe. É um livro completo, fofo, leve, simples e a cara de Nick Hornby.
 
Pense em Lucille Ball e o ótimo “I Love Lucy”. Pense também nos programas cômicos dos anos 1960, como “Jeannie É um Gênio” e “A Feiticeira”. Eu sempre fui completamente apaixonada por esse tipo de televisão, especialmente os que hoje são clássicos. Sempre tive uma quedinha por história da cultura pop, especialmente cinema e televisão, e tenho diversas memórias da minha infância assistindo esses programas na casa da minha avó. Me traz aquele tipo de saudade gostosa, que normalmente é acompanhada por um sorriso no rosto. Esse livro trata justamente dessa época, mas na Inglaterra – que até então era um período completamente novo para mim. Foi incrível conhecer mais da história da televisão do país, mesmo que pelo viés de um programa fictício, mas que eu adoraria ter assistido e desbravado!
 
Esse é um ótimo livro para entender o estilo de Nick Hornby, um autor que nos trouxe o ótimo “Juliet Nua e Crua”, o cult “Alta Fidelidade”, pai das aclamadas adaptações “Um Grande Garoto”, “Slam” e autor indicado ao Oscar pelos roteiros dos ótimos filmes “Educação” e “Brooklyn”.
 
No meu conceito, essa é uma leitura extremamente recomendada!

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Avaliação (1 a 5): 




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