A última mentira que contei - Riley Sager

>>  segunda-feira, 20 de setembro de 2021


SAGER, Riley. A última mentira que contei. Belo Horizonte: Editora Gutenberg, 2019. 352p. Título original: The last time a lied.

"Mesmo que o galho oculte seus olhos, sei que elas estão me encarando de volta. Como se soubessem o tempo todo que um dia eu retornaria ao Acampamento Nightingale. Só não sei dizer se elas estão me encorajando a ir ou me implorando para ficar." p. 38

Eu adorei o primeiro livro do autor, As sobreviventes, e como fã de thrillers, fiquei ansiosa para ler seu outro livro lançado no Brasil. Confiram o que achei de A última mentira que contei de Riley Sager.

Emma Davis nunca conseguiu esquecer aquele verão, aos 13 anos, quando foi para o acampamento Nightingale e sua vida mudou para sempre. Filha única de uma mãe alcoólatra funcional e de um pai ausente, ela foi enviada para o acampamento das "vacas ricas" da escola, com a herança deixada pela avó. Ao chegar, com atraso, acabou ficando no alojamento das meninas mais velhas. E é assim, que ela faz amizade com Vivian, a abelha rainha do acampamento, e suas amigas Natalie e Allison.  

Até que um dia, as meninas saem à noite do chalé e quando Emma acorda, nenhuma das três retornara. Aquela foi a última vez que as meninas foram vistas. Todas filhas de pessoas proeminentes, a polícia e o FBI fez de tudo, mas elas nunca voltaram, os corpos nunca foram encontrados. Emma mentiu naquela noite, e nunca superou a culpa e o arrependimento. Depois disso ela começou a ter visões, ficou um tempo internada em uma clínica psiquiatra e faz terapia desde então. 

15 anos se passaram. Uma Emma tentando seguir em frente, ainda se sente culpada. Isso se reflete na sua exposição de arte, pinturas sombrias que retratam uma floresta fechada e escura. O que ninguém sabe, é que atrás de cada pintura, cobertas pela folhagem, estão três garotas perdidas. Para surpresa de Emma, a riquíssima Franny Harris-White lhe faz uma proposta sinistra, e ao mesmo tempo, irrecusável. Voltar ao Acampamento Nightingale, que ficou fechado por todos esses anos, e passar o verão lá como instrutora de arte. 

Ela vê nisso uma oportunidade de tentar descobrir o que aconteceu com suas três amigas. E volta para aquele lugar bonito e aterrorizante. Algumas campistas daquela época também aceitaram voltar. Ela revê rostos conhecidos, ou potenciais suspeitos, as mesmas construções, o lago enorme, e quem sabe mortal, e a floresta enorme e assustadora. 

Emma aos poucos investiga e questiona as mentiras do passado, enfrentando novas ameaças. Que podem ser reais, ou estarem apenas dentro de sua mente. 

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Já adianto que gostei mais do primeiro livro do autor, As sobreviventes. Este tem uma fórmula parecida, mas talvez por retratar tantos adolescentes, tenha me cansado um pouco. Ninguém quer encontrar um YA escondido em um thriller, concordam? kkk. 

A escrita do autor continua boa, prende o leitor. E segue o mesmo "formato" do outro livro, alterna presente e passado, e é tudo narrado em primeira pessoa pela protagonista, alguém que aparenta ter uma mente pouco confiável. Quanto daquilo estava acontecendo ou era uma visão da mente perturbada de Emma? Durante todo o livro você questiona as escolhas e ações da protagonista. O problema é que achei o enredo meio bobo por boa parte do livro, adolescentes de mais, suspense de menos.

Por outro lado, o livro tem duas reviravoltas, que surpreendem. Um plot twist lá na página 237 me surpreendeu, e ele mudou tudo. Dá gás ao livro, torna tudo muito mais intrigante.  E o final é impossível de não surpreender! Que final! Eu curti muito as escolhas do autor, até porque errei metade da minha teoria, mas achei que também deixou algumas pontas soltas. 

Falando sobre os personagens, foi onde achei bem morno, não gostei realmente de ninguém. Emma era confusa, suas atitudes pareciam todas sem pé nem cabeça. Não entendo porque ela quis voltar para aquele lugar, não entendi como ela acreditava que 15 anos depois podia descobrir algo que nem a polícia nem o FBI chegaram nem perto na época. E entendo menos ainda a motivação da família dona do lugar, convidá-la para voltar. Até porque na época, uma Emma criança, acusa o filho da dona de estar envolvido no desaparecimento, e isso muda a vida de todos eles. Achei o Theo, o filho da Franny já adulto, sem sal toda vida, todos muito apáticos. Aquele bando de adolescentes chatos me irritaram o tempo todo. As meninas do presente eram até legais, mas que preguiça que me deu (risos). 

Agora sobre o final, que me surpreendeu muito e consertou várias coisas que eu via como furos, por uma lado fiquei surpresa, por outro, algumas coisas não me convenceram. [ALERTA DE SPOILER] Quando Emma finalmente conta o que ela mentiu no passado, a grande "A última mentira que contei" ficamos sabendo que as meninas tentam voltar para o chalé na noite em questão, mas como elas tinham brigado, Emma trancou a porta. Isso nunca fez parte da investigação, eles acham que elas saíram e sumiram. Lá no final, quando tudo é descoberto, Emma percebe que só a Vivian tentou entrar, as outras duas ela não ouviu e depois ela desaparece de novo. No fim, se descobre que Vivian matou as duas amigas e fugiu, fingindo também sua morte. E tudo o que ela fez naquele verão, as poucas pistas encontradas por Emma, já fazia parte desse plano dela de se vingar das duas. Muito legal e tal, mas vamos pensar um pouco... Temos um lugar no meio do nada! Depois do desaparecimento vem polícia, FBI , helicóptero e tudo o mais, as três eram filhas de gente rica, Vivian filha de senador. E como essa  menina foge e é dada como morta? Como uma adolescente de 16 anos, sozinha, faz isso tudo? Ela sai como de lá pra fugir? com que carro? Nada disso é dito. Só falam que ela simulou tudo, matou as duas e aparece viva no presente. Ah gente, esses furos não me dessem! [ FIM DO SPOILER]. 

Pela narrativa morosa e por alguns pequenos furos, esse não me conquistou tanto. Mesmo assim gostei, vale a leitura. Leiam!

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