Viagem Literária: As Aventuras de Sherlock Holmes

DOYLE, Arthur Conan. As Aventuras de Sherlock Holmes. In: DOYLE, Arthur Conan. Sherlock Holmes Volume 1. Rio de Janeiro: Editora HarperCollins Brasil, 2016. p. 249-510.

As Aventuras de Sherlock Holmes é o terceiro livro do famoso detetive britânico criado pelo escocês Arthur Conan Doyle, sendo o primeiro livro de contos. Originalmente publicados entre 1891 e 1892, o livro reúne 12 histórias de casos resolvidos pelo detetive e seu amigo Watson de forma dinâmica e divertida (que é o narrador de todas elas). Os contos foram muito bem recebidos quando de sua publicação, ajudando a alavancar a popularidade do personagem. Diferentemente dos dois primeiros livros que narravam um único caso, ao reunir 12 histórias diferentes o livro é muito mais dinâmico e divertido que seus antecessores e agora finalmente começo a entender a popularidade de Holmes e suas aventuras.

Quando decidi dar uma chance aos livros de Sherlock Holmes, precisei de um pouco de paciência. “Um Estudo em Vermelho” foi um livro simples, mas que serve como introdução, enquanto “O Sinal dos Quatro” é uma leitura truncada e não muito divertida. Se continuasse assim tenho certeza de que não conseguiria dar prosseguimento a este projeto e abandonaria a série sem pestanejar. “As Aventuras de Sherlock Holmes” resgatou a minha curiosidade em entender a popularidade dos livros e experimentar o carisma daquele que talvez seja o personagem mais marcante da literatura internacional. Aqui, Doyle se mostra um autor criativo e extremamente habilidoso no gênero “contos”, resolvendo com muita habilidade os problemas que encontramos nos dois primeiros livros.

Se antes achamos os casos longos e não muito dinâmicos, as histórias mais curtas trazem um dinamismo necessário para manter o interesse do leitor. Sinteticamente, o autor não se perde em descrições demasiadas e consegue combinar seus dois pontos fortes: as peculiaridades de Holmes, cada vez mais desenhado e definido como um personagem único e inesquecível, e as resoluções mirabolantes e criativas para casos completamente inusitados. Se eu tivesse começado por esse livro, tenho certeza que apaixonaria de cara pelo detetive (mas nem tanto por seu companheiro Watson, que na verdade é um tanto pedante) e gostaria mais dos primeiros livros, já entendendo melhor a dinâmica do autor. Será que estou recomendando iniciar a leitura pelo terceiro livro? Olha, essa definitivamente não é uma má ideia!

Temos aqui 12 contos e honestamente nenhum é ruim. Alguns são legais, outros são divertidos e outros são sensacionais! Algumas das histórias favoritas de Doyle estão neste livro e eu honestamente fiquei surpresa com a escolha. O autor diz que “A Banda Malhada” (The Adventures of the Speckled Band) é o seu favorito, seguido por A Liga dos Cabeças-vermelhas (The Red-Headed League). Eu coloco esses dois na categoria “legais” e acho que tem outros muito mais divertidos. Vou falar um pouco aqui do meu TOP 3:

3º Lugar: As Faias Acobreadas (The Adventure of the Copper Beeches)

A medalha de bronze vai para o último conto do livro, que fecha com louvor deixando um gostinho de “quero mais”. A premissa para a investigação é algo incrível: Violet Hunter procura Sherlock Holmes simplesmente por que ela recebeu uma oferta boa demais para ser verdade! A moça recebeu uma oferta de trabalho como governanta com um salário extremamente alto, exigindo algumas circunstâncias um tanto quanto estranhas, incluindo cortar seu cabelo. Quando a esmola é demais o santo desconfia, então ela procura Holmes para ter certeza de que o trabalho é honesto. Os desenvolvimentos são muito interessantes e divertidos e envolve uma casa com muitos segredos, o que sempre me atrai!

2º Lugar: O Homem da Boca Torta (The Man with the Twisted Lip)

O sexto conto do livro é a minha medalha de prata! Que história bem escrita, desenvolvida e com uma conclusão incrível, um show de literatura! Aqui, Holmes e Watson são procurados por uma esposa atormentada com o desaparecimento de seu marido, um respeitado negociante. O que intriga a dupla é o fato de a mulher jurar de pé junto que viu o marido, um homem rico da sociedade, na janela de uma casa de ópio. A resolução é divertida e criativa, certamente sendo uma das histórias que não esquecerei.

1º Lugar: O Carbúnculo Azul (The Adventure of the Blue Carbuncle)

“O Homem da Boca Torta” seria o meu vencedor, mas na sequência temos o sétimo conto do livro, aquele que me arrancou risadas e trouxe de tudo um pouco: romance, suspense, mistério e até uma corrida contra o tempo. Eu simplesmente devorei “O Carbúnculo Azul”, o melhor conto do livro e a minha medalha de ouro. Nessa história, uma pedra preciosa valiosa é roubada de uma suíte de hotel, o que resulta na prisão de um homem com antecedentes criminais. Porém, para a surpresa de todos, a pedra é descoberta na garganta de um ganso. A partir daí, Holmes começa uma divertida investigação que envolve gansos da mesma espécie, rastreamento de compras e a busca por seus donos. Um conto que realmente me fez ver por que os valores das histórias de Doyle subiram tanto após a publicação deste livro: ela mostra seus dotes literários e sua criatividade marcante e única à época.

Não tenho dúvida que histórias curtas e dinâmicas representam o formato ideal para as aventuras e desventuras de Sherlock Holmes. Assim, fico feliz por termos tantos outros livros desse gênero na série. Quanto a nota, durante muito tempo esse livro foi um 5 estrelas. O problema é que nem todos os contos possuem o mesmo nível. Eu achei alguns muito melhores do que os outros, e não consigo dar 5 estrelas para histórias que não me divertiram tanto quanto as três que trouxe aqui. Mesmo assim a nota foi 4,5 estrelas, o que é alto para meus padrões, fazendo com que esse livro chegasse à quarta posição das leituras favoritas de 2021 (e você pode conferir a lista completa AQUI).

Que venha o próximo livro, “As Memórias de Sherlock Holmes” e espero me divertir novamente com essas histórias atemporais e divertidas!

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