A hipótese do amor - Ali Hazelwood

>>  quarta-feira, 10 de agosto de 2022

 


HAZELWOOD, Ali. A hipótese do amor. São Paulo: Editora Arqueiro, 2022. 366 p. Título original: The love hypothesis.


Você é daquele tipo de leitor que bastou um livro ficar aclamado em uma rede social para ficar curioso(a) pra ler ou é daqueles que tem certeza que pelo fato de todo mundo estar amando vai odiar? Comigo depende. Alguns me despertam interesse imediato, outros com o tempo e alguns nunca chegam a me interessar, ainda que seja o Top dos famosos queridinhos da literatura. Com A hipótese do amor aconteceu comigo a segunda opção,  fiquei interessada tempos depois de começar todo o bafafá sobre o livro. Sendo mais sincera, o interesse veio quando recebi em mãos o exemplar. Fiquei com receio do que estava por vir. Então eu li. E conto para vocês como foi essa leitura.




Olive Smith é uma candidata a uma bolsa de doutorado na Universidade de Standford e não acha que vá ser aprovada e finalmente fazer sua tese sobre câncer de pâncreas, com que vem trabalhando há anos. Após a entrevista, ela conhece um homem, no banheiro do laboratório dele, em uma situação bem constrangedora, mas que de certa forma foi determinante para que ela decidisse se iria mesmo levar aquilo adiante ou não.



Anos depois, ela está trabalhando no laboratório da universidade quando decide, do nada, beijar o primeiro cara que aparece em sua frente, com o intuito de provar para sua melhor amiga, Anh, que ela não sente nada pelo carinha com quem saiu e de quem Anh evidentemente gosta.



Ela só não esperava que o cara que beijaria seria o professor mais babaca,  inacessível, cruel e bonito da universidade, Adam Carlsen. Eles decidem, então, engatar em um namoro de mentira, tanto para convencer Anh de que ela pode namorar Jeremy em paz, quanto para convencer a universidade de que Adam não vai abandoná-la e que os subsídios para suas pesquisas, que foram congelados,  sejam liberados.  Eles até estabelecem uma data para o fim do relacionamento, 29 de setembro.



Mas até lá eles viverão muita coisa juntos e Olive acabará por descobrir que o professor babaca e inacessível, pode ser muito mais agradável e até mesmo um porto seguro em seus momentos mais sensíveis.




"-Olha, eu sei que é assustador, mas não necessariamente uma coisa ruim.
Uma única lágrima escorreu pela bochecha de Olive. Ela se apressou para secá-la com a manga da camiseta.
-É a pior de todas.
- Você finalmente encontrou alguém de quem gosta. E, tudo bem, é o Carlsen, mas ainda poderia virar algo legal.
-Não poderia. Não pode.
-Olha, eu sei como está se sentindo.  Eu entendo - Malcolm apertou a mão dela com mais força. - Sei que é apavorante se sentir vulnerável,  mas você pode se permitir gostar de alguém. Pode querer ter algo com as pessoas além da amizade ou encontros casuais.
-Mas eu não posso.
-Não entendo  por quê.
-Porque todas as pessoas de quem eu gostei na vida são foram. - disse ela, de repente." (P.167)




Demorei 4 dias para ler o livro e em todos eles, quando precisava interromper a leitura, não conseguia parar de pensar nela.



O livro, não se enganem,  não traz nenhuma fórmula diferente dos outros livros do gênero.  É um clichê romântico de Sessão da Tarde (a própria Olive compara a própria história com comédias românticas que assistiu na vida), com um cara babaca e uma moça boazinha com baixa auto-estima que não enxerga o que é óbvio e essa coisa toda. Os acontecimentos são previsíveis e quando a autora lança a isca, já sabemos exatamente qual será o desfecho daquilo em algum momento.



Mas, porém, contudo, entretanto, todavia,  o jeito com que a autora articula os acontecimentos, nos conta a história e ela se desenrola faz com que devoremos a história como se aquele tipo de tema jamais tivesse sido escrito. Ainda que saibamos o que vai acontecer, ficamos felizes, e putos da vida, e  tristes quando acontece.



Olive me irritou em determinados momentos com a sua infantilidade. Para uma moça de 23/26 anos ela mais parecia ter 17 em algumas atitudes, mas em algumas cenas os próprios personagens mencionam algumas dessas atitudes, de modo que dá a entender o propósito dela ser assim. Em alguns outros momentos me identifiquei totalmente com ela, sobretudo em relação à baixa autoestima profissional (se é que isso existe, rs).



Adam Carlsen, por outro lado, é o personagem por quem sou capaz de fazer o Top Piriguetagem de 2022 ainda que seja apenas para colocar o nome dele. Toda a humanidade que ele guarda por traz da capa de carrasco me conquistou completamente e confesso que me peguei passando pano para algumas atitudes dele. Ah, fala sério, tem muito cara pior no mundo do que um professor que manda os aluno os refizeram suas teses porque estão mal elaboradas. No próprio livro há outros caras beeeemmmm piores.



Anh e Malcolm são bons amigos, embora eu tenha ficado com vontade de fazer Anh beber todo o filtro solar que ela insistia que as pessoas tinham que passar, aff.



Holden também é um ótimo amigo. Mas fazer piadinha com a vida alheia pode ter limites, rs.



O livro tem incontáveis cenas engraçadas, ri muito, me diverti horrores. Mas senti ódio e pena também, o que equilibrou bem os sentimentos.



O que me incomodou um pouco foi a falta de profundidade em alguns assuntos e conflitos. Não vou me estender para não dar spoiler, mas alguns conflitos podiam muito bem ter sido melhor desenvolvidos e não simplesmente desaparecerem da história.



Ao final do livro, a autora diz que ela só escreve sobre mulheres cientistas porque é o único universo que ela conhece, por também ser uma cientista. Isso explica muito dos termos e nomes que aparecem no livro e que me deixaram boiando totalmente, ainda que não tenham sido mencionados de forma pedante e cansativa ao longo da história.



Para quem curte comédias românticas é uma ótima pedida. Rápido, engraçado e clichê. Não precisa de mais!



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Avaliação (1 a 5): 








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